Veja dicas para driblar os sintomas da TPM; conhecer os próprios limites é uma delas

Durante o ciclo menstrual o corpo da mulher passa por mudanças hormonais o tempo todo

por Zulmira Furbino 09/09/2015 10:00

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Jair Amaral/EM/D.A Press
A escritora e compositora Fernanda Mello sofre tanto com os efeitos da instabilidade causada pela TPM que resolveu lançar um livro para ajudar mulheres e homens que convivem com elas a entendê-las melhor (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
As mulheres sabem bem o que é. E os homens, em geral, sofrem as consequências. Estamos falando da tensão pré- menstrual, a famigerada TPM. Não importa o gênero. Ninguém escapa dos efeitos das mudanças hormonais que ocorrem dias antes da menstruação. Dor de cabeça, inchaço, irritabilidade (vontade de esganar o primeiro da fila), tristeza (chora-se pela morte de uma formiga), compulsão por comida (principalmente chocolate), insônia. Ninguém merece, mas quase toda mulher passa por isso. Apesar de a menstruação ser coisa do sexo feminino, o problema não está restrito ao Clube da Luluzinha, já que os meninos dificilmente escaparão de sentir na pele os efeitos da instabilidade causada pela TPM, um dos males que mais atormentam a mulher moderna.

Um livro de bolso lançado pela escritora e compositora mineira Fernanda Mello, que saiu pela editora Empíreo, propõe ensinar os homens a sair com vida desse labirinto feminino. Fernanda diz que ela e suas amigas sofrem bastante com a TPM, mas revela que a ideia de escrever um livro sobre o assunto surgiu quando, em plena fase de Tensão Pré-Menstrual, ela publicou no Instagram uma frase mais ou menos assim: “Agora descobri porque amar e esganar rimam”. A frase fez sucesso na rede social e rendeu um convite para escrever o livro sobre o assunto. Detalhe: a mulher do editor teria uma TPM de doer. “Quando estou de TPM vivo fazendo tempestade em copo d´água, principalmente com o meu namorado. Fico carente, acho que a pessoa não está me dando a devida atenção. Um WhatsApp sem resposta já me deixa chateada”, assume.

Mas, afinal, por que as mulheres parecem pirar no período pré-menstrual? A endocrinologista Karen Faggioni de Marca Seidel, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), explica que, durante o ciclo menstrual, o corpo da mulher passa por mudanças hormonais o tempo todo. “No primeiro dia (da menstruação), o nível do hormônio FSH aumenta. Ele age para estimular os folículos a se desenvolver e provocar a ovulação. A partir do momento em que o nível do FSH cresce, o corpo começa a secretar estrogênio, que é o hormônio responsável pelas formas da mulher e também o responsável pela sensação de bem-estar”, lembra. Nessa fase, as meninas ficam calminhas, o epitélio vaginal é hipertrofiado e fica mais lubrificado.

A vida de uma mulher seria linda se as coisas parassem aí. Mas como nada é perfeito, esse hormônio chega ao ápice e 48 horas depois desse pico, começa a produção de outro hormônio, o LH, que faz o folículo explodir e liberar o óvulo. “Depois da ovulação, a gente entra na fase da progesterona e o estrogênio começa a cair junto com os outros hormônios. Nessa fase, só a progesterona fica lá em cima”, afirma a endocrinologista. Segundo ela, depois da liberação do óvulo, o corpo do folículo produz progesterona. Nessa fase, se houver uma gestação, ele alimenta o óvulo. Caso contrário, o organismo feminino vive mais 14 dias liberando a progesterona produzida. Quando a mulher está para ficar menstruada, o nível do estrogênio está no pé e a progesterona começa a cair. É exatamente aí que o corpo da mulher começa a sentir falta dos hormônios que dão a ela a sensação de bem-estar. Pronto, chegou a TPM.

COMPULSÃO
É exatamente por isso que durante a TPM muitas mulheres sentem aquela vontade monstruosa de comer doces, desejo ao qual boa parte delas se entrega de forma compulsiva. “No período pré-menstrual, os níveis de estrogênio e progesterona ficam muito baixos, assim também como os níveis de serotonina, um neurotransmissor conhecido por proporcionar a sensação de bem-estar. Na tentativa de elevar os níveis de serotonina, buscamos alimentos ricos em seu precursor, o 5hidroxitriptofano. O maior exemplo disso é o chocolate”, explica Karen de Marca. De acordo com a ginecologista e professora de ginecologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Cláudia Ramos de Carvalho Ferreira, existem vários graus de intensidade na TPM. Entre 5% e 10% da população feminina sofrem do tipo mais grave, mas nada menos do que 80% das mulheres em idade fértil apresentam sintomas.

“A TPM sempre volta, porque o ciclo se repete todos os meses. Quando há uma sequência e a intensidade se repete e é muito alta, o problema merece tratamento”, explica a professora da UFMG. De acordo com ela, nesse período, o ideal é evitar coisas muito salgadas, doces, café, chá-mate, chocolate e optar por uma dieta mais leve. Os companheiros, filhos e pais também devem ajudar, dando apoio psicológico e emocional às mulheres porque não são cíclicos e podem funcionar como um esteio para ela nesse período. Já as meninas devem procurar conhecer os próprios limites para tentar se dominar. “Quando uma mulher se conhece, sabe que está muito chata, irritada e intolerante porque a menstruação está chegando. Por isso, precisa se precaver, tentando se controlar e dando um 'desconto'”.

Porém, nem tudo são horrores. Para Fernanda Mello, o humor característico da TPM tem pelo menos um ponto positivo. “Às vezes, a gente quer se posicionar de uma maneira, mas não consegue e vai guardando tudo e engolindo sapo. Na TPM, consigo ser mais assertiva nas minhas questões. A TPM me dá coragem de dizer coisas que não falaria em outro período. Acredito que isso é positivo, ainda mais num mundo em que a gente precisa ser mais firme. Durante a TPM, falo o que penso, mesmo que depois disso chore muito”, declara.