Você tem o hábito de cuidar dos pés? Se a resposta for não, é melhor começar a ficar atento. Na correria do dia a dia, analisá-los antes ou depois de calçá-los pode fazer toda a diferença para o seu corpo. Cuidar da aparência, fazer as unhas, lixá-las e hidratar os membros é fundamental no combate a uma série de males ortopédicos e musculares. Para entrar com os dois pés firmes em 2015, o Estado de Minas ouviu especialistas e elaborou uma série de dicas para cuidar daquele que, para a medicina chinesa, é o “espelho do corpo”.
Os pés necessitam “respirar” e ter articulação correta, por isso, é essencial conhecê-los. Há três tipos de classificação (leia infográfico) – e o melhor calçado para cada atividade. A partir dessa noção básica, já se começam a evitar os males. Alongamentos e exercícios físicos para quem vive andando, correndo, praticando esporte e calçados mais apertados, como sapatos, também são fundamentais para permitir os movimentos naturais e fisiológicos. O fortalecimento é mais indicado, principalmente para quem tem os pés planos (ou chatos), que ficam em completo contato com o piso – principalmente a planta dos pés, que tende a enfraquecer e ficar rebaixada. “O alongamento é o que prepara os nossos pés para o dia a dia. Ele permite que a musculatura atue sem sobrecarga, mantendo a elasticidade e a distribuição uniforme de peso nos pés”, explica o médico ortopedista e especialista em pés do Hospital Felício Rocho, Daniel Baumfeld.
Sapatos
O especialista indica comprar calçados de preferência no fim do dia, momento em que os pés estão mais inchados. Não os testar nos tapetes almofadados, comuns nas lojas de calçados, também impede uma falsa impressão de conforto. Saltos altos, adorados pelas mulheres, exercem maior pressão na parte inferior dos dedos. “O salto ideal tem no máximo cinco centímetros, solado mais firme, palmilha confortável. Os dedos devem se movimentar livremente dentro do calçado. Sapatos como scarpin e com saltos muito finos devem ser guardados para ocasiões especiais”, indica Baumfeld.
A ideia básica, segundo o médico, é não proibir o uso de nenhum calçado, mas verificar qual é o momento ideal para cada um. “O que eu recomendo para as pacientes que querem ficar mais elegantes para um programa à noite, é levar o calçado que mais gostam na bolsa e usar um outro, confortável, durante o maior tempo do dia. Os saltos altos pioram as deformidades como os joanetes, aumentam o risco de desenvolvimento de dedos em garra e a calosidade nas plantas dos pés.”
A postura correta no trabalho pode facilitar todo esse processo. Para quem fica muito tempo em pé, deve-se sempre usar calçado protegido e confortável. Para aqueles que trabalham quase sempre sentados, longas horas sem alongar a musculatura dos membros inferiores pode levar ao encurtamento dos músculos da panturrilha, à fasceíte plantar e a doenças do tendão de aquiles. Dar uma volta pelo ambiente de trabalho, portanto, é o indicado.
A importância da higienização
Outro aspecto indispensável para a saúde dos pés e que quase sempre fica de lado é a higiene. Entre os principais males estão calosidade, micose e unha encravada. A podóloga Alessandra Moreira da Silva, da Clínica ProPé, aponta para a necessidade de cuidados frequentes. A maioria das pessoas ouvidas pela reportagem disse desconhecer a necessidade de cuidados específicos. “Cuidar dos pés é como fazer uma manutenção frequente. É como ir ao dentista. Se mantiver a frequência, você vai manter um pé bonito, apresentável e confortável”, afirma Alessandra.
A calosidade, explica ela, geralmente é causada pela forma da pisada. Cada pessoa tem uma forma de distribuir o peso dos pés. Quando ela é regular, não há calosidade. Outros fatores são a obesidade, quando o pé tem uma carga maior de peso, e o uso de calçados inadequados. “A gente sempre alerta para a necessidade de variar os calçados. Quando se usa apenas um calçado, o pé se acostuma e se molda nele. Outro agravante é o uso de calçado aberto, que expõe mais o pé a sujeira e poeira, causando as fissuras. Sem hidratação, há um ressecamento maior, o que leva a mais rachaduras.”
Normalmente, a micose é causada pelo contato dos pés descalços com um fungo, em um clube ou um parque, por exemplo. O fungo se instala na unha e, com o tempo, prolifera com a ajuda do ambiente úmido, quente e fechado de um calçado. “Começam a aparecer manchas brancas, em outros casos pintas amarelas, e aí vai aumentando”, aponta a podóloga. O uso prolongado do esmalte é outra causa da micose. “Algumas mulheres só tiram (o esmalte) uma, duas semanas depois. Existe uma escova própria para a unha dos pés que elimina qualquer resíduo ali.”
No caso da unha encravada, o corte incorreto e nas extremidades das unhas leva à vermelhidão e, depois, à inflamação, abrindo espaço para uma infecção. “O ideal é nunca cortar as unhas a ponto de machucar ou ficar dolorido. Cortar a própria unha é um tanto arriscado, uma vez que a posição nunca é ideal”, conclui Alessandra.
Como anda a saúde dos seus pés?
“Razoável. Às vezes dá um incômodo no Tendão de Aquiles por conta do esforço de caminhada, de correr. Tirando isso, normal. Vario o uso de calçados justamente para evitar o desgate em determinadas áreas do pé.”
Orly Antônio Gonçalves da Silva, servidor, de 32
ESTRUTURA DOS PÉS
Normal
Cavo
Plano
FIQUE DE OLHO
Inconvenientes que pegam no seu pé
Origem genética
* Dedos em garra
* Condição em que os dedos estão dobrados e as juntas para cima
*Joanete (hallux valgus)
*Deformidade do osso metatarsiano, causando calos nas laterais dos pés
*Pé chato ou plano
*Formado sem a curvatura do pé, presente na maioria dos bebês (antes do desenvolvimento do arco plantar)
*Pé cavo
*Aumento da curvatura do arco
Origem adquirida
*Bicho de pé
*Calosidades Engrossamento da pele (aumento de células mortas) por atrito, sobrecarga de atividades físicas ou deformidade pré-existente
*Cravos
*Fasceite
*Inflamação da fáscia plantar (tecido na sola do pé) que conecta o calcâneo (osso que forma o calcanhar) aos dedos
*Fissuras ou rachaduras
*Micose
*Tendão de aquiles
*Unha encravada
*Verrugas
5 DICAS QUE FAZEM A DIFERENÇA
1. Ande descalço
Além de ser bom para a saúde e revigorante, mantém os músculos ativos e as articulações móveis. Para quem não gosta de um contato direto com o chão, pode-se usar meia. Idosos exigem maiores cuidados e sapatos antiderrapantes. O local tem de ser higiênico e livre de fungos.
2. Hidratação
Com o pé aberto e seco, aumentam as chances de fissuras que servem de entrada para bactérias. Os cremes evitam o ressecamento que leva às rachaduras. O hidratante deve conter lanolina e vaselina. Excesso de lixa é desaconselhável por aumentar a calosidade.
3. Amortecedores
Calçados para correr ou caminhar devem ter algum tipo de amortecedor (não muito grande). Eles são indispensáveis para amortecer a pressão e o impacto do corpo.
4. Flexibilidade dos calçados
Quando se usa apenas um calçado, o pé se acostuma e se molda nele. Borracha dura e solados muito rígidos são agravantes. O movimento tem de ser anatômico.
5. Acompanhamento diário
O uso contínuo de calçados pode levar a bolhas, calos e manchas que apontam o uso inadequado de um calçado ou não. Se o sapato deixar o pé marcado, pode ser sinal de que é preciso mudar o que você usa.