Desintoxicação alimentar traz benefícios para todo o organismo

O processo de desintoxicação não é fácil e costuma passar por uma fase inicial crítica, que dura cerca de três dias. Livrar-se dos antigos vícios pode dar sensação de fraqueza, dor de cabeça, náuseas e erupções cutâneas, a depender da pessoa

por Revista do CB 06/01/2015 09:31

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Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Anna Margareth percebe as diferenças de uma alimentação mais saudável (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Quando o câncer atingiu a mãe da empresária Renata Queiroz, ela começou a buscar novos processos de cura. Ela já havia perdido alguns familiares para a doença, que agora afetava uma pessoa tão próxima. Tomou a situação como incentivo e resolveu transformar os hábitos alimentares da família. “Entrei na cozinha da minha mãe e disse: ‘Vamos mudar’.” O médico proibiu o glúten e o açúcar da dieta e ela convidou um chef para elaborar alternativas.

A iniciativa não demorou muito a se expandir. “Começamos a chamar amigos para experimentar e a organizar semanas detox.” A mãe de Renata conseguiu se curar e a experiência virou um empreendimento de alimentação funcional e desintoxicante — uma espécie de clube da comida saudável. Tudo sem açúcar, sem glúten, sem ingredientes industrializados. “É como fazer um resgate das nossas raízes, uma volta à alimentação natural, orgânica, que sai da horta e vai para o prato”, define a empresária. “O físico sente a diferença de uma alimentação saudável.”

A prova dos efeitos está nos clientes da empresa. Eles contam que os encontros auxiliam a reeducar a alimentação, a conhecer ingredientes novos e a melhorar a pele, o cabelo e o funcionamento do intestino. “Ajuda a dar aquela limpeza, a diminuir a retenção de líquido e o inchaço”, descreve Juliana Puig. A advogada de 32 anos também malha e faz pilates e diz que prefere reduzir a intensidade dos exercícios quando está realizando a alimentação detox.

O processo de desintoxicação não é fácil e costuma passar por uma fase inicial crítica, que dura cerca de três dias. Livrar-se dos antigos vícios pode dar sensação de fraqueza, dor de cabeça, náuseas e erupções cutâneas, a depender da pessoa. Contar com a companhia de colegas nesse caminho é uma forma de manter a motivação antes de alcançar benefícios, como a melhoria na qualidade do sono e o aumento da disposição.


A proposta de Renata tem bastante influência da alimentação viva. Essa vertente busca preservar a energia vital dos alimentos, que não devem ser deteriorados com o uso de calor, por exemplo. Para essa teoria, os alimentos seguem algumas classificações. No extremo da escala, encontramos os biogênicos e os biocídicos. Os primeiros têm o potencial máximo de energia vital e são capazes de regenerar e recuperar a saúde, como os grãos, as sementes e as hortaliças. Os últimos provocam desequilíbrios e degeneram a saúde. São os alimentos refinados e industrializados, como refrigerantes e embutidos, que “perderam totalmente a energia vital em processos físicos ou químicos de refinação, conservação e preparo”, descreve a nutricionista Ros’Ellis Moraes no livro Alimentação viva e ecológica.


Um dos malefícios provocados pelos biocídicos é o aumento da acidez no organismo. Esse conceito nada tem a ver com o gosto dos alimentos e, sim, com substâncias que eles formam ao serem digeridos. “Um ambiente ácido disponibiliza menos oxigênio nos sistemas orgânicos porque o excesso de hidrogênio produzido pelo sistema ácido reage com o oxigênio para formar água”, esclarece Ros’Ellis. Essa oxigenação desregulada estaria relacionada a processos cancerígenos .

O nutrólogo Francisco Humberto Azevedo recomenda uma dieta que proporcione maior oxigenação celular. Ele propõe o corte de alimentos como óleos refinados, gorduras hidrogenadas e trans, refinados simples, como a farinha e o açúcar, e alimentos pré-fabricados, como salgadinhos e miojos. Para completar, seis copos diários se suco de frutas com vegetais. “Você vai hidratar o corpo e colocar no organismo uma substância que vai oferecer uma nutrição sadia”, pontua.

Pesquisa pioneira

Em 1931, o alemão Otto Warburg ganhou o prêmio Nobel de Medicina devido a estudos sobre a respiração celular. Ele observou que todas as células cancerígenas empregavam fermentação para obter energia, enquanto em células saudáveis somente usam esse método quando há falta de oxigênio. Warburg acreditava que a passagem da respiração para a fermentação era a causa do câncer. Atualmente, tem-se conhecimento que as células cancerígenas realizam tanto fermentação quando respiração para obter energia adicional e sustentar seu crescimento.

Mitos e verdades da “dieta do suco”
A empresária Anna Margareth, 50 anos, foca mais no controle do diabetes. Sempre que tem algum deslize, ela aposta num dia de dieta desintoxicante, composta de shakes, sucos e sopas. Prefere comprar o cardápio pronto em uma empresa do setor. “Desincha bastante, melhora a pele, o cabelo, as unhas e diminui a irritabilidade”, descreve. Anna confessa também que não abre mão de se divertir e a dieta é a maneira de manter o equilíbrio. “Eu gosto de churrasco e sou fã de uma cerveja, mas isso deixa o corpo pesado.” Ela também malha e faz caminhadas.

A nutricionista Gabriela Calsing ressalta que as dietas baseadas apenas em sucos devem ser feitas por períodos curtos, pois não são dietas completas — geralmente, faltam alguns nutrientes. Mas são regimes úteis para dar um descanso ao trato intestinal. Ela também destaca a importância de buscar um plano alimentar individualizado, de acordo com os gastos calóricos pessoais, para evitar sintomas como fraqueza ou dor de cabeça. Gabriela conta que uma dieta 100% desintoxicante é quase impossível. “Na desintoxicação mesmo, teríamos que pedir para a pessoa até não usar perfume ou maquiagem”, descreve.

Ainda assim, a tentativa é válida, sobretudo para pessoas acima do peso e que pretendem começar uma dieta. No emagrecimento, a gordura é mobilizada no organismo e, consequentemente, as toxinas armazenadas nela também. Fazer a desintoxicação evita um aumento excessivo da carga tóxica durante o emagrecimento e auxilia na eliminação das substâncias maléficas que foram dispersadas no organismo. Em geral, uma dieta desintoxicante é feita em dois períodos: com proteína (entre 10 e 15 dias) e sem proteína (pode variar entre cinco e 15 dias), com semanas ou dias alternados. Um mês costuma ser suficiente para normalizar as funções do fígado. “Mas não adianta passar um mês desintoxicante e depois voltar toda a alimentação ao que era antes”, alerta a nutricionista.