Visagismo é cada vez mais procurado por quem busca uma nova identidade visual

Técnica alia os traços do rosto à personalidade da pessoa

por Isabella Figueiredo 20/11/2014 11:00

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Ana Slika /Divulgação
Júlia Astigarraga adora aplicar o visagismo em suas clientes (foto: Ana Slika /Divulgação)
Para viver a ninfeta Maria Ísis na novela Império, Marina Ruy Barbosa teve que se desfazer de mais de 30cm da sua cabeleira ruiva. O corte escolhido para dar vida à irrequieta personagem, que mantém um relacionamento amoroso com um homem 30 anos mais velho, foi um despojado long bob – estilo chanel alongado com mechas frontais mais evidentes e pontudas. Marina, que já levava uma legião de mulheres aos salões em busca de uma tintura que se aproximasse do tom acobreado de seus fios, acabava de adquirir mais fãs, que não pensaram duas vezes antes de entregar as madeixas aos cabeleireiros e ordenar às tesouras que mandassem ver no corte idêntico ao da diva. Sem ponderar se tal look seria ou não adequado para elas, muitas das que apostaram na mudança radical se arrependeram.

Para o artista plástico e hair stylist Phillip Hallawel, o motivo pelo qual o corte ou tintura da atriz não funcionou tão bem em algumas pessoas foi pela desarmonia causada no rosto da cliente devido à falta do visagismo, um estudo minucioso que usa como premissas básicas composição, dinâmica das linhas do rosto, proporção áurea, estética, luz e cor. “O visagismo ajuda a criar a identidade visual de uma pessoa e revela suas qualidades interiores de acordo com o que você quer mostrar. Para isso é utilizado o corte, a coloração, o penteado e outros recursos estéticos”, explica. Por isso nem todas ficariam bem com os cabelos acobreados e de long bob como Marina, simplesmente porque “não se embute uma imagem em uma pessoa, já que é impossível padronizar alguém”, reforça.

Precursor da técnica, autor de dois livros a respeito do assunto e professor em workshops que carregam pessoas de todo o Brasil a São Paulo, Phillip também ensina aos seus alunos que é necessário saber do cliente a imagem que ele quer passar para o mundo. “Todos querem uma imagem personalizada que enfatize qualidades, mas às vezes chegam a mim transmitindo uma mensagem extremamente oposta da que almejam. Por isso a conversa com o cliente antes de iniciar o trabalho chega a durar mais de uma hora, até que se chegue a uma conclusão sobre o objetivo e se é possível realizá-lo.”

Mestres e aprendiz Estreante na carreira de cabeleireira e maquiadora, Júlia Astigarraga confessa que só decidiu se dedicar totalmente à estética depois de concluir o curso de visagismo com Phillip, há dois anos, “por meio da leitura que ele fez do meu rosto, conseguindo me desvendar de uma maneira da qual nunca tinha me visto antes. Foi impressionante e fiquei com vontade de fazer o mesmo pelas minhas clientes”, conta. Tempos depois, era Júlia quem estava aplicando o que havia aprendido com Phillip.

Um de seus casos de maior sucesso foi com a relações-públicas Júlia Ferreira, que chegou até o ateliê de Astigarraga pouco propensa a mudanças, mas com a proposta de mostrar ao mundo uma nova fase de sua vida. “Tinha acabado de finalizar um relacionamento amoroso, estava iniciando um projeto de emagrecimento sério e meu antigo visual não acompanhava mais essa nova etapa”. Com uma cliente portadora de madeixas estilo Rapunzel, Astigarraga concluiu por meio de estudos que nada melhor que um corte na altura do busto, com pontas irregulares e algumas mechas mais claras para que Júlia alcançasse seu objetivo. A princípio, Ferreira foi resistente por não querer se desfazer do cabelão, mas depois concordou que a mudança havia sido feita para melhor. “Usava aquele cabelo enorme como uma cortina, para me esconder de quem eu realmente sou. Cortar o cabelo foi libertador e atingiu todas as minhas metas de criar uma nova identidade visual.”

Mudança bem-vinda Ao contrário de Júlia Ferreira, que apresentava relutância para cortar os cabelos, Luíza Ottoni há tempos queria mudar o corte reto e as pontas amareladas dos fios. Para uma mudança personalizada, a dermatologista recorreu à hair stylist e visagista Patrícia Carvalho. “Muitos me achavam mais nova quando me conheciam e isso não é bom para uma profissão como a minha que exige credibilidade. Queria um visual que me conferisse mais seriedade, porém sem parecer velha.”

Patrícia analisou Luíza e concluiu que os cabelos muitos compridos, retos e em volta da face traziam um ar mais dependente, frágil. “Luiza tem personalidade forte, decidida e objetiva, porém é reservada e conservadora. O corte antigo não mostrava isso.” Para conseguir transmitir o propósito da cliente, a profissional optou por um comprimento médio longo, porém com franja em topete, em contraste com a base mais sólida. “O resultado foi um toque de força e a feminilidade mantida, ressaltando a postura forte dela”, explicou Patrícia.

Imagem pessoal é importante
Apesar de a estética ser a área em que o visagismo mais se destaca, recentemente ele tem sido usado para auxiliar em outras áreas, como por exemplo a psicologia. “A imagem pessoal afeta o estado emocional da pessoa, podendo levá-la à depressão ou elevar a autoestima. Se a imagem pessoal for alterada para melhor, a pessoa pode ter ótimos progressos em suas sessões de terapia, por exemplo”, explica Phillip Hallawell. Nas empresas, ter um visagista como parceiro ao departamento de RH pode ser uma grande vantagem. “Ele pode ser usado para analisar qualidades e fraquezas dos candidatos somente pelo tipo do rosto”, complementa.