Itamaraty avalia negar entrada de "pegador" no Brasil após petição na web

A Secretaria de Políticas para as mulheres lembrou a expulsão que Julien sofreu na Austrália e informou que vai acionar o ministério da Justiça

por Fred Bottrel 13/11/2014 09:44

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Reprodução Twitter
(foto: Reprodução Twitter)
O Ministério das Relações Exteriores informou que avalia como vai reagir à petição eletrônica que pede a probição de entrada do norte americano Julien Blanc no Brasil - o autoproclamado "pegador" dá polêmicas consultorias de "conquista". A Secretaria de Políticas para as mulheres lembrou a expulsão que Julien sofreu na Austrália, posicionou-se "radicalmente contra" os métodos do rapaz e informou que vai acionar o ministério da Justiça sobre o caso. A petição online defende que as estratégias propagadas por Blanc "exaltam a cultura do estupro, crimes de agressão emocional e física, o racismo e o profundo desrespeito pelas mulheres".

O jovem consultor tem causado polêmica em vários países com estratégias controversas para "pegar mulher". De acordo com a agenda oficial de Blanc, ele estará em Florianópolis entre 22 e 24 de janeiro de 2015 e no Rio de Janeiro entre 29 e 31 do mesmo mês. Julien foi acusado de sexismo e racismo, por ensinar homens a “pegar mulheres” com estratégias que incluiriam abuso físico e emocional - ele aperta os pescoços das mulheres ou força os rostos delas em direção à virilha dele.

O Itamaraty “está a par da petição eletrônica que pede a denegação de acesso ao norte-americano. Estamos em consulta com os demais órgãos do Governo Federal para avaliar a ação que deverá ser tomada em caso de eventual pedido de visto de ingresso”, conforme nota da assessoria de imprensa.



Na internet, a petição contra os métodos do rapaz já passa das 230 mil assinaturas. O jovem teve o visto negado na Austrália por muito menos - a campanha a favor da expulsão de Blanc teve 41 mil assinaturas por lá. Segundo o ministro da imigração daquele país, Scott Morrisson, o "consultor amoroso" divulgava ideias que depreciavam as mulheres e reafirmavam o abuso, valores considerados abomináveis no país.

Com vídeos publicados no Youtube, mensagens de repúdio a Julien Blanc se espalharam pela internet. Em um deles, Blanc explica maneiras de como envolver uma mulher em Tóquio. "Quando você vai a Tóquio, se você é um homem branco, você pode fazer o que quiser. Basta agarrá-la, puxá-la para dentro. Ela vai rir. Basta dizer "Pikachu 'ou' Pokemon' ou algo para aliviar a pressão", explica ele na gravação.

Leia a íntegra da nota da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República:

Conteúdos das atividades são considerados sexistas e racistas
A Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) reafirma a sua posição em favor da liberdade de expressão, mas, em relação a esse senhor e a seus cursos, junta-se às mulheres e diz claramente: é radicalmente contra qualquer tipo de violência contra as mulheres e pela defesa dos direitos delas.

A SPM repudia qualquer estratégia e instrumento que incentivem a violência contra as mulheres, incluindo os estupros. Ainda mais neste momento, em que o Anuário Brasileiro de Segurança Pública acaba de estimar que mais de 143 mil mulheres teriam sido estupradas em 2013 no Brasil - com base nas 50.320 notificações. Essa projeção indica que se teria um estupro a cada 10 minutos no país.

A SPM é contra, portanto, quaisquer cursos, investimentos e outras atividades que promovam essas atitudes. As quais, inclusive, levaram esse senhor a ser expulso da Austrália.

A SPM informa ainda que solicitou providências cabíveis ao Exmo Sr. José Eduardo Cardoso, Ministro de Estado da Justiça.

Brasília, 12 de novembro de 2014
Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR)