Você já ouviu falar em alimentos com calorias negativas? Abusar deles na tentativa de emagrecer é uma armadilha

Conheça os alimentos que apresentam essa vantagem

Revista do CB 30/09/2014 09:00
Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Com uma dieta rica em alimentos de calorias negativas, acrescida de carboidratos, Érico consegue ter energia para malhar: diabetes controlada sem medicação (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
A definição é simples: o número de calorias presentes no alimento é inferior ao que você gasta para fazer a digestão deles. “É como se eles ‘retirassem’ calorias do nosso organismo”, afirma a nutricionista Lorena Bittencourt. São normalmente os alimentos ricos em fibras, que, entre outras vantagens, auxiliam na redução do colesterol LDL (colesterol ruim). Frutas, verduras e hortaliças entram nessa classificação (veja quadro).

Apesar dos benefícios, como o auxílio no emagrecimento e a melhora das funções intestinal e digestiva, há alguns fatores a serem observados. Ser considerado como caloria negativa não quer dizer que pode ser consumido em excesso. Primeiro, porque qualquer exagero é prejudicial à saúde. Segundo, porque abusar de um só grupo alimentar é perigoso. Terceiro, tais alimentos devem equilibrar as refeições e não substituí-las. “Em excesso, podem perder a característica de caloria negativa”, explica a nutricionista Janayna Diniz. “É importante ressaltar que toda reeducação alimentar deve ser equilibrada e acompanhada de um profissional. Nosso organismo necessita de todos os nutrientes, carboidratos, proteínas e lipídios. O equilíbrio é necessário para manter o corpo sempre funcionando em ordem.”

Consumir frutas em excesso, por exemplo, pode trazer resultados diferentes do esperado. O teor de açúcar da fruta tende a aumentar o índice glicêmico, usado pelo corpo para medir a velocidade da insulina. Quanto maior o índice glicêmico do alimento, maior a quantidade de insulina produzida para que a refeição seja metabolizada. Alguns produtos contêm essa taxa glicêmica muito alta e viram açúcar rapidamente. Os índices de glicemia no sangue ficam elevados e, provavelmente, a pessoa terá ganho de peso e poderá ficar mais propensa a diabetes.

O advogado Érico Albert, 47 anos, mudou a rotina e os hábitos por meio de uma dieta rica em alimentos com calorias negativas, sem negligenciar aqueles que fornecem energia ao organismo. Só frutas e hortaliças não seriam suficientes para suportar a carga de exercício e as necessidades do organismo. Logo, ele sentiria fraqueza. “Adiciono carboidrato nas quantidades mínimas, pois essa dieta acelera bem o metabolismo do paciente, preparando-o para iniciar a dieta de perda de peso”, explica a nutricionista Janayna Diniz.

Diabético, Érico não usa insulina e controla a doença apenas com uma dieta regrada e exercícios físicos. “Eu não tomava insulina e não me importava com a doença. Um dia, não senti mais o braço quando acordei. Era o início de uma sequela. O médico me orientou a fazer uma reeducação alimentar”, conta o advogado. Além do controle da doença, o advogado afirma que perdeu muito peso. “Passei de 110kg para 80kg”, conta. “Ele é um paciente bem atípico. Segue rigorosamente a dieta, faz todos os exercícios físicos, monitora a glicose e a pressão arterial diariamente. Assim, tem sido possível controlar a glicemia sem uso de algum medicamento”, detalha Janayna. Queimando, no mínimo, 1.000 calorias por dia, Érico malha de domingo a domingo. Quando a academia fecha, ele faz corrida e caminhada.
Ed Alves/CB/D.A Press
(foto: Ed Alves/CB/D.A Press)

De olho nelas
Algumas hortaliças, verduras e frutas que podem ser classificadas como “calorias negativas”

Agrião
Alho
Aspargo
Berinjela
Beterraba
Brócolis
Cenoura
Cebola
Pepino
Pimenta
Pimentão vermelho
Repolho
Couve-flor
Repolho
Espinafre
Nabo
Abobrinha
Chicória
Salsão
Melancia
Melão
Morango
Mexerica
Mamão
Maçã
Limão
Abacaxi
Ameixa

Não basta contar calorias

O nutricionista Gabriel Bueno destaca que o importante não é a contagem de calorias, mas, sim, a composição química dos nutrientes e os efeitos no corpo. “Por exemplo: 100 calorias de carboidratos causam efeitos diferentes do que 100 calorias de gordura. Da mesma forma, gastar 100 calorias de gordura no corpo é diferente de gastar essa quantidade de carboidratos”, explica Bueno.