Swing: Histórias reais, nomes fictícios

Leia os depoimentos de quem está experimentando e de quem já tem o swing como estilo de vida

por Letícia Orlandi 15/07/2014 08:31

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Assim como em outras matérias nas quais o Saúde Plena investigou nuances do comportamento sexual humano, as restrições morais da sociedade determinam que os entrevistados prefiram, em quase todos os casos, o anonimato. A vontade de defender uma causa ou de falar de peito aberto sobre um tema considerado controverso acaba suplantada pelo medo.

Os depoimentos que se seguem foram coletados em duas casas de swing brasileiras, em Belo Horizonte e no Rio de Janeiro; e em um grupo virtual. Essa agremiação na web também é secreta: não se acha em buscas e só entram pessoas conhecidas pelos administradores pessoalmente.

“Nossa, você me vê hoje, feliz, nem sabe como já sofri, aqui mesmo nesta casa. Só aceitei vir, na primeira vez, porque meu marido ameaçou tomar ‘medidas drásticas’. O que são medidas drásticas? Divórcio, arrumar uma amante...Ele disse que não queria tomar essas ‘medidas’ porque me amava. Depois de muito relutar, viemos. Sentia ciúmes, chorava escondido, nem gosto de falar nisso.

Um dia, conhecemos um casal muito bacana e paciente. Para mim, foi uma redescoberta. Do amor e do sexo. Eu não casei tão jovem, mas já estou casada há 18 anos e nem parava para pensar que estava presa à rotina. Simplesmente não parava. E acho que muita gente não experimenta o swing porque nem tem tempo de parar e pensar sobre isso. Hoje, eu que dou as cartas. Decido quando vamos, em qual casa vamos, com qual casal vamos ficar, quanto tempo, quais as regras. Ele só obedece. E gosta de ser mandado quando estamos aqui. Lá fora, a história é outra, é verdade. Ele ainda precisa se sentir o provedor. Mas é o equilíbrio dos dois pratos da balança que nos mantém apaixonados”. Isaura, empresária, 51 anos, swinger há 4, Rio de Janeiro


Banco de Imagens / sxc.hu
Anonimato: a vontade de defender uma causa ou de falar de peito aberto sobre um tema considerado controverso acaba suplantada pelo medo (foto: Banco de Imagens / sxc.hu)
“Por que eu estou aqui? Preciso mesmo responder a essa pergunta? Olha à sua volta, é o paraíso. Mulheres de vários estilos, idades e jeitos. Minha noiva pode escolher quem ela quiser também. Não acredito em monogamia. Mas quero casar, ter filhos, dar netos aos meus pais, cumprir meu papel na vida, bem direitinho, como as coisas têm que ser. Aqui eu consigo o melhor dos dois mundos”. Policarpo, empresário, 31 anos, swinger há 2, Belo Horizonte


“Desde que eu e meu marido entramos num casa de swing pela primeira vez, nossa relação mudou muito. Para melhor, claro! O que eu estaria fazendo aqui, se não fosse para melhor? Eu acho que deu certo porque, antes de a gente experimentar, havíamos conversado muito. Eu pensei bastante se era isso que desejava. Nada foi imposto, para nenhum dos dois. Eu era até mais curiosa que ele.

Mas vou te contar uma coisa que pouca gente sabe: é bem provável que esta seja nossa última noite aqui. Engatamos uma relação firme com outro casal e uma moça solteira, que conhecemos aqui mesmo. E não é mais só sexo, aí é que está o ‘xis’ da questão. Gosto de ir ao cinema com elas, comprar roupas, gosto de passar noites na cama só com as garotas. Simplesmente porque a gente pode. O que eles fazem nesse momento não importa. E gosto também de estar com eles dois, juntos ou separados. Hoje, amo meu marido ainda mais do que amava quando nos casamos.

Alguns poderiam dizer até que vivemos o poliamor, não é assim que virou moda hoje? Mas nosso lance não tem nada de moda. Não sei que nome tem. Você está vendo aqueles três ali, olhando para cá, impacientes? Dá licença que eu e meu marido precisamos ir. Já falei demais e é nossa despedida. Eu acho”. Lucíola, professora universitária, 43 anos, swinger há 8, Rio de Janeiro


“Sabe o que que eu quero falar com você sobre o swing? Que nada do que acontece aqui é errado. Anota aí. Nada.Tudo acontece com respeito ao próximo e todos cumprem com todas as suas obrigações, pagam seus impostos, são cidadãos de bem. Então, por tudo isso, me incomoda que tudo tenha que ser secreto, escondido, como se fosse algo condenável. Eu garanto que não é. São só pessoas sendo felizes do jeito delas, sem afetar nossa vida lá fora”. Cecília, funcionária pública, 37 anos, swinger há 2, Belo Horizonte


“Essa é a nossa segunda vez em uma casa de swing. Fomos a outra, há dois meses, mas o público era muito mais velho e não nos agradou. Por enquanto, só a possibilidade de nos exibirmos e sermos observados já foi suficiente para quebrar nossa rotina. Nossa vida a dois melhorou muito, nem sei se precisaremos avançar para a troca de casais propriamente dita. Aliás, eu sinto muito ciúme toda vez que recebemos um convite de algum casal. Ela parece estar mais tranquila do que eu em relação a isso, e fico incomodado. Mas o saldo até agora foi bom”. Bento, administrador, 28 anos, Belo Horizonte