Músculos da região pélvica também precisam malhar

Musculatura, que ajuda na hora do parto e é essencial para garantir integridade das funções urinárias e sexuais de homens e mulheres, costuma ser esquecida pela maioria das pessoas na hora de se exercitar

por Paula Takahashi 02/07/2014 08:04

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Jair Amaral/EM/D.A Press
As fisioterapeutas Sabrina Baracho e Renata Cangussu, com a paciente Karen Oliveira Aun, mostram exercícios e posições que podem fortalecer os músculos do períneo e evitar problemas como incontinência urinária (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
Ignorada e não raramente desconhecida de boa parte das mulheres, a musculatura do assoalho pélvico deve receber tanta atenção quanto os músculos de outras áreas do corpo, como braços e pernas. E não vale lembrar dela apenas na fase da gravidez, quando costuma receber atenção especial por conta do papel importante que exerce durante o parto. Fazer exercícios específicos para fortalecer e garantir tônus, controle, coordenação, força e resistência para esse grupo de músculos é fundamental para prevenir problemas que podem atingir a região, como disfunção sexual, liberação involuntária de gases e até fezes, incontinência urinária, queda de bexiga e do útero e constipação intestinal.

“Esse grupo de músculos composto tanto pelos superficiais, conhecidos popularmente como períneo, como pelos profundos, é responsável pela sustentação dos órgãos pélvicos como bexiga e útero, e também por controlar os orifícios de uretra, vagina e ânus. Atua também na passagem do bebê durante o parto”, detalha a fisioterapeuta Renata Cangussu, que, com a coordenadora da equipe de fisioterapia do Instituto Nascer em Belo Horizonte, Sabrina Baracho, conscientiza as pacientes sobre a importância de cuidados específicos para essa região do corpo.

Fatores de risco como a própria gravidez, o número de gestações, obesidade, menopausa e até questões genéticas podem explicar a perda de resistência e força desses músculos. “O aumento da pressão abdominal causada pelo bebê, e sobrepeso e as alterações hormonais da menopausa são algumas das situações que explicam esse enfraquecimento”, reconhece Sabrina. A disfunção pode ser notada a partir da liberação involuntária de urina, gases e fezes. “Há também a ocorrência dos chamados prolapsos genitais, quando ocorre a queda de estruturas como bexiga e útero”, afirma a ginecologista e cirurgiã Alessandra Cerávolo de Oliveira.

A prevenção deve começar o quanto antes, de preferência no início da vida sexual e antes do primeiro filho. “As pessoas deveriam cuidar dessa musculatura a vida toda como de qualquer músculo do corpo. Isso é importante para manter a contenção e o funcionamento adequado dos órgãos pélvicos”, alerta Alessandra. A dona de casa Karen Oliveira Aun, de 32 anos, reconhece que só se deu conta da relevância dessa musculatura meses antes de receber o segundo filho. “Busquei um acompanhamento para o parto humanizado no Instituto Nascer e fui alertada pela Renata e pela Sabrina sobre a necessidade de fazer exercícios específicos para evitar complicações futuras”, afirma.

Jair Amaral/EM/D.A Press
Com disciplina, Karen incorporou o treinamento e já faz as atividades de forma inconsciente (foto: Jair Amaral/EM/D.A Press)
CASO A CASO

Com disciplina e dedicação, Karen incorporou o treinamento ao dia e dia e já faz as atividades de forma inconsciente. “Já virou um hábito”, garante. Segundo Renata Cangussu, a mulher não terá que dedicar mais do que 10 minutos do seu dia aos exercícios, que variam de acordo com a necessidade de cada uma, mas que na maioria das vezes envolvem contração e relaxamento desse grupo de músculos. “Via palpação, fazemos uma avaliação de força, resistência, coordenação, controle e tônus dessa musculatura. Nem sempre o objeto inicial será o ganho de força. Algumas pessoas apresentam músculos tensos e necessitam primeiramente reduzir a tensão muscular. A partir daí, são feitas as recomendações de acordo com cada caso”, explica a fisioterapeuta.

Recorrer à cirurgia só é uma alternativa indicada nos casos de quedas relevantes de órgãos como a bexiga e útero. “Depois que já foram esgotados os demais tratamentos e ainda mantém-se um quadro sintomático, é indicada a cirurgia”, explica Alessandra. O ginecologista pode ser o primeiro profissional procurado, mas poderá fazer apenas uma avaliação anatômica da região. “Diante de uma suspeita de problemas musculares, direcionamos para o fisioterapeuta”, acrescenta Alessandra.

O tratamento pode incluir, até mesmo, sessões de Reeducação Postural Global (RPG). “Essa disfunção do assoalho pélvico pode vir como causa ou consequência de algum desequilíbrio em outra parte do corpo”, observa a fisioterapeuta do ITC Vertebral, Rochelle Martins. A especialista explica que uma disfunção na região da bacia ou coluna, por exemplo, pode obrigar a musculatura do assoalho pélvico a trabalhar mais e gerar uma sobrecarga e fadiga. “O que pode fazer com que ele perca a funcionalidade. Por isso, o fisioterapeuta uroginecológico faz o trabalho na musculatura específica, mas, se não for rearmonizado, pode acabar voltando, porque a causa vem de outra área”, pondera Rochelle.

Soraia Piva / EM / DA Press
(foto: Soraia Piva / EM / DA Press)
Juliana Lerche Rocha Pires, fisioterapeuta especialista na área de fisioterapia pélvica: Benefícios na vida sexual

“Os músculos do assoalho pélvico têm papel importante na vida sexual tanto de homens como de mulheres. No caso delas, uma musculatura forte garante uma vagina mais inchada e permite sentir melhor a penetração e, consequentemente, o prazer durante o ato sexual. No caso dos homens, a contração desse grupo de músculos aumenta a irrigação sanguínea na região peniana, o que é um fator importante para a ereção. Também permite um controle maior sobre a ejaculação.”