Embora não seja tão comum em meio urbano, a leptospirose ainda assusta

Aprenda a proteger o seu pet e saiba mais sobre a doença transmitida por urina de rato

Revista do CB 17/05/2014 10:00
Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Mel teve sorte: escapou da doença, que costuma ser fatal (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
Causada por uma bactéria (a leptospira) e transmitida pela urina do rato, a leptospirose representa um risco sério à saúde dos cães. Na época de chuvas, o cuidado precisa ser ainda maior. O número de casos da doença aumenta porque a urina do rato é levada pela água, potencializando o perigo de contaminação mesmo na cidade, onde os animais têm, relativamente, pouco contato com roedores.

Prevenir a leptospirose é importante, pois a doença costuma ser fatal. “No tratamento, nós entramos com o antibiótico específico, mas é muito difícil salvar o animal. A lesão no fígado ocorre rapidamente e, na maioria das vezes, o cão não resiste”, afirma a médica-veterinária Melanie Rabello. O músico Diogo Saraiva presenciou esse triste roteiro com a morte de sua pastora-alemã Luna no ano passado. “Ela ficou fraquinha, não comia, mal conseguia se levantar. Cheguei a interná-la, mas ela morreu dias depois. Foi de repente. Antes disso, ela era muito saudável”, lembra.

Alguns cuidados podem ser tomados. O primeiro deles é a aplicação da vacina, que deve ser feita uma vez por ano em cães de apartamento — pets criados em meio rural ou em quintal precisam de doses semestrais. “A vacina é encontrada em qualquer consultório veterinário. É importante não deixar a comida do cachorro exposta quando ele não estiver comendo e manter o quintal limpo e livre de ratos”, orienta a médica-veterinária Christine Martins. Além disso, durante os passeios com o melhor amigo, evite áreas alagadas.

O servidor público Cláudio Cavalcante desconfia que Mel, uma dogue de Bordeaux, tenha contraído leptospirose porque a ração dela ficava exposta. “Moro em chácara, pode ter vindo um rato e urinado em cima da comida”, especula. Com um destino mais feliz, Mel conseguiu superar a doença. “Ela ficou quase um mês internada, mas voltou 100%. Mel chegou bebezinha aqui e é o xodó da casa — foi só alegria”, conta. Hoje, o servidor investe em ratoeiras e outros artifícios para proteger a mascote.

Como identificar se o cão já está contaminado? “São vários os sinais clínicos: palidez das mucosas e cor amarelada do couro (decorrentes das lesões no fígado), fraqueza, febre e vômito”, esclarece a veterinária Melanie Rabello. “Os casos vêm diminuindo no Distrito Federal, mas ainda é uma doença preocupante, principalmente na área rural”, completa Christine Martins.

Risco para os donos
Além de atacar os cães, a bactéria pode infectar seres humanos. A principal forma de transmissão é pelo contato com a urina do rato em poças de água ou lama. Todavia, a urina de qualquer animal infectado apresenta perigo. Por isso, os cães doentes precisam sair do convívio com o dono até se recuperarem. No Brasil, ainda não existe uma versão da vacina para humanos. Felizmente, a doença é menos agressiva em gente, desde que o diagnóstico seja precoce. De acordo com a Secretaria de Saúde, o DF registrou 26 casos da doença em 2013 — quatro deles evoluíram para óbito.

Como se livrar dos ratos
-Mantenha os alimentos armazenados em vasilhames tampados e à prova de roedores.
-Deixe o lixo em sacos plásticos e longe do chão. O ideal é apenas colocá-lo para ser coletado pouco antes de o caminhão passar.
-Lave os vasilhames de alimento do animal todos os dias antes de anoitecer.
-Mantenha terrenos baldios limpos.
-Não jogue lixo à beira de córregos.
-Mantenha a grama baixa para que não sirva de abrigo.
-Feche buracos em telhas, paredes e rodapés para evitar a entrada dos parasitas.
-Mantenha as caixas d’água, os ralos e os vasos sanitários fechados com tampas pesadas.

Leptospirose: fique de olho
O que é?

É uma doença causada por uma bactéria chamada leptospira, encontrada na urina de ratos.

Como ocorre a transmissão?

A principal forma é por meio da urina do rato, que pode estar misturada à água suja, principalmente, a de chuva.

Como é o tratamento?
Tanto no homem como nos cães, é feito com antibiótico e hidratação.

Você sabia?
Os gatos são naturalmente imunes à doença.