Níveis crescentes de CO2 afetam valor nutricional dos cereais

Pesquisa alerta agricultores a adaptar os cereais essenciais para torná-los menos sensíveis ao aumento do CO2

por AFP - Agence France-Presse 08/05/2014 10:21

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Níveis crescentes de dióxido de carbono (CO2) vão afetar o valor nutricional de cereais importantes para a alimentação, com o arroz e o trigo, alertaram cientistas nesta quarta-feira. Os agricultores deveriam se concentrar na preocupante vulnerabilidade destes gêneros às emissões crescentes de carbono, acrescentaram.

Em artigo publicado na revista Nature, cientistas afirmaram ter testado 41 cepas de seis cultivos plantados em campos abertos de sete locais em Austrália, Japão e Estados Unidos, onde as plantas foram expostas a níveis altos de CO2 liberados por gasodutos horizontais.

Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press
Produção de Trigo no Distrito Federal (foto: Antonio Cunha/Esp. CB/D.A Press)
O ar normal tem concentrações de CO2 de cerca de 400 partes por milhão (ppm), que atualmente está subindo em torno de dois a três ppm ao ano.

Em seu ambiente "enriquecido com carbono", as plantas experimentais cresceram em condições de 546-586 ppm de CO2, uma cifra que em cenários pessimistas pode ser alcançada em meados do século.

Isto se traduz em um aquecimento de mais de 3 graus Celsius com base em níveis pré-industriais, enquanto os países-membros das Nações Unidas se comprometeram a limitar a elevação das temperaturas a 2 graus Celsius.

Os níveis de zinco, ferro e concentrações de proteínas nos cultivos de trigo nos campos diminuíram 9,3%, 5,1% e 6,3% em comparação com o trigo cultivado em condições normais, afirmaram os cientistas.

No arroz, os níveis de zinco, ferro e proteína despencou 3,3%, 5,2% e 7,8%, embora essas cifras variem muito de acordo com as diferentes cepas testadas.

Outras quedas foram observadas no zinco e no ferro em campos de cultivo de ervilha e soja, mas houve poucas mudanças em seus níveis proteicos.

Em contraste, o impacto do CO2 "enriquecido" no milho e no sorgo foi relativamente menor.

"Este estudo é o primeiro a solucionar a questão de se as concentrações crescentes de CO2, que têm aumentado firmemente desde a Revolução Industrial, ameaçam a nutrição humana", disse Samuel Myers, cientista de saúde ambiental da Escola de Saúde Pública de Harvard.

"A humanidade está fazendo uma experiência global ao alterar as condições ambientais no único planeta habitável que conhecemos. À medida que esta experiência se desenvolver, sem dúvida haverá muitas surpresas", continuou.

O estudo alertou os agricultores a adaptar os cereais essenciais para torná-los menos sensíveis ao aumento do CO2.

Sem ajuda, os países mais pobres poderão ficar expostos a uma nutrição decadente, acrescentou. Cerca de dois bilhões de pessoas sofrem de deficiências de zinco e ferro, que podem afetar o sistema imunológico e provocar anemia, respectivamente.