Sem medo de bater ou apanhar, mulheres aderem ao roller derby e ao rugby

É comum que as jogadoras escolham um nome de guerra para assustar as adversárias

por Juliana Contaifer 24/04/2014 14:00

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Janine Moraes/CB/D.A Press
Roller derby: com as rodinhas nos pés, é difícil manter o equilíbrio. As meninas aprendem a patinar e a cair nos treinos, mas os machucados são frequentes (foto: Janine Moraes/CB/D.A Press)
 No roller derby, homens ficam de fora. Só podem participar como juízes. O esporte, praticado em uma pista oval, é simples: de patins, quatro meninas formam um grupo chamado de bloqueadoras, que tentam impedir uma jogadora do outro time, a jammer, de passar. Para impedi-la, vale empurrão e cotovelada. Algumas pessoas chamam a modalidade de MMA de patins. “Existem algumas áreas de bloqueio permitidas, como antebraços, coxas e quadril. Não vale rasteira ou cotovelos no rosto. São muitas regras”, explica a jogadora Isabel Quitéria, fundadora do time Wing City Angels. A cada jogadora que passa, um ponto é ganho. São dois períodos de 30 minutos, cada um subdividido em pequenos tempos de dois minutos.

O jogo é de contato, sem dó de derrubar ou cair no chão — com as rodinhas nos pés, é difícil manter o equilíbrio. As meninas aprendem a patinar e a cair nos treinos, mas os machucados são frequentes. “Eu já caí e fiquei com um roxo ralado enorme na perna, não dava nem para usar calça. Tive de ir trabalhar de saia e todo mundo se assustava com o machucado. No começo é meio esquisito, mas não ligo, faz parte do roller derby”, afirma a jogadora Graciele Pacheco. “No nosso time, ninguém quebrou nada ainda! Mas hematoma, galo e arranhão são normais. A gente aprende que vai levar trombada, vai cair e se levantar”, conta Isabel. Para diminuir as contusões, as jogadoras são divididas entre veteranas e fresh meat (carne fresca), como são chamadas as novatas.

Ao entrar em quadra, elas assumem uma nova identidade. É comum que as jogadoras escolham um nome de guerra para assustar as adversárias. Isabel, por exemplo, é Kentymuyo, um nome em japonês inspirado em guerreira. Graciele é Blazing Zumbi, zumbi flamejante em português. Adaciana Marques, 16 anos, assume o papel de Lita Storm, inspirado em uma de suas guitarristas preferidas. Jaqueline Peixoto é Vikki Vega.

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Rugby: a bola e o contato são parecidos com o do futebol americano, mas sem o uso de proteção (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Rugby
A bola e o contato são parecidos com o do futebol americano, mas sem o uso de proteção — esse é o rugby, um esporte violento à primeira vista. O objetivo é levar a bola ao outro lado do campo, mas sem jogá-la para a frente. Os passes só podem ser feitos para jogadoras que estão dos lados ou atrás. Para se defender, o time oposto tenta derrubar quem está com a bola. Se ela cai, forma-se o ruck, em que as jogadoras dos dois times se empurram para tentar recuperar a bola. Depois das penalidades, forma-se o scrum, que também é formado com as jogadoras que se empurram.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
“É um esporte de contato intenso. Para os olhos de leigos, pode parecer um contato violento. Mas o tackle, que é a jogada que derruba o outro jogador, por exemplo, só pode ser feito abaixo da cintura, para evitar contusões. Não pode cotovelada, soco, pontapé nem puxão de cabelo”, explica a jogadora Aline Dumont. Há, sim, muitas quedas e trombadas, mas as contusões pesadas são raras.

O rugby é conhecido como um esporte de cavalheiros. “Só o capitão pode falar com o árbitro, por exemplo, e ele está sempre certo. Tem muito respeito. A gente não tem vaidade dentro do campo, mas quando acaba, todo mundo conversa, tem uma amizade grande”, afirma a capitã do time, Jéssica Perroni.

No Brasil, o destaque do rugby está com as meninas. O time feminino já ganhou o campeonato sul-americano 10 vezes e está com vaga garantida nas Olimpíadas de 2016. “É difícil achar gente que queira treinar e jogar, as meninas ficam com medo do contato. Mas, quando elas chegam aqui, veem que o mais complicado mesmo é a parte física. O treino é pesado”, conta Jéssica.

Também é fitness
Além de ser divertido, o roller derby funciona como exercício para o corpo. Trabalha bastante as pernas, tonifica os músculos e queima as gorduras.