Magras e saudáveis: 'barrigas negativas' e 'bumbuns positivos' ganham as passarelas brasileiras

A silhueta pôde ser vista no começo do mês na São Paulo Fashion Week, e ganhou força na última semana, com os desfiles de moda praia do Fashion Rio

por AFP - Agence France-Presse 15/04/2014 12:31

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
VANDERLEI ALMEIDA / AFP
Semanas de moda no Brasil mostram que beleza esquálida e a aparência de quem passa fome deram lugar a corpos torneados e abdomens definidos (foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP)
Reprodução Facebook
Guisela Rhein, dona de uma das barrigas mais invejadas da temporada carioca, optou pela prática de esportes para manter a forma (foto: Reprodução Facebook)
A magreza ainda é o padrão de beleza. Mas o interesse das mulheres comuns em manter a forma e levar uma vida mais saudável se refletiu nas semanas de moda brasileiras, onde a beleza esquálida e a aparência de quem passa fome deram lugar a corpos torneados e abdomens definidos, em que os músculos disfarçam o pouco peso.

A nova silhueta pôde ser vista no começo do mês na São Paulo Fashion Week, e ganhou força na última semana, com os desfiles de moda praia do Fashion Rio.

"Esse perfil sinônimo de saúde virou moda. Foi uma mudança estética que aconteceu com o mundo, não apenas com as modelos. Como elas são magras e têm um percentual de gordura baixo, isso acaba aparecendo mais", explica Felipe Veloso, stylist da marca Triya.

 A genética ajuda a manter o corpo sequinho, mas o resultado não aparece sem esforço. "Hoje em dia, há uma série de modelos que se cuidam ao extremo", destaca Alisson Chornak, responsável pelo departamento de scouting da agência Way Model, que seleciona beldades para participar das semanas de moda brasileiras.

Guisela Rhein, dona de uma das barrigas mais invejadas da temporada carioca, optou pela prática de esportes para manter a forma. Aos 27 anos, com 1,78m e 53kg, ela diz gostar de vôlei e que em Nova York, onde mora, seu meio de transporte é a bicicleta. "Meu músculo é do esporte. Se não for uma coisa exagerada, é bom vender essa imagem. De modo geral, todo mundo está se cuidando mais, está havendo uma conscientização coletiva", observa a gaúcha.

A paranaense Flávia Lucini, 25, que exibiu formas generosas nas passarelas cariocas e se divide entre Rio de Janeiro e Paris, gosta de correr e pedalar, e se dedica à musculação duas vezes por semana para manter os 57kg distribuídos em 1,79m.

A gaúcha Sofia Resing é ainda mais aplicada. Além de surfar, praticar stand up paddle e pedalar sempre que pode, a modelo, 22, que mora em Nova York, pratica treino funcional na academia três vezes por semana. Quando está viajando, assiste no computador a vídeos com programas de exercícios.

Reprodução Internet
Além de surfar, praticar stand up paddle e pedalar sempre que pode, Sofia Resing, 22, que mora em Nova York, pratica treino funcional na academia três vezes por semana (foto: Reprodução Internet)
"Acho que o bonito é um corpo saudável. As modelos brasileiras têm o corpo mais belo no geral, está no sangue", brinca a modelo, de 1,80m e 57kg, que exibiu sua boa forma pela primeira vez no Brasil nesta temporada.

Um novo estilo que surpreende
A gaúcha Natalia Zambiasi, 23, dona de músculos definidos, sempre gostou de praticar esportes, e procura ir à academia quatro vezes por semana. "Estou amando fazer aulas de spinning e corrida. Também pratico musculação, mas apenas para fortalecer o corpo e não ter lesões. Neste período mais corrido, de fashion week, dou preferência a um treino aeróbico mais rápido, de 15 minutos, com intensidade alta", conta a modelo, de 1,77m e 55kg.

AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL
Flávia Lucini, 25, gosta de correr e pedalar, e se dedica à musculação duas vezes por semana (foto: AFP PHOTO / Miguel SCHINCARIOL)
Tanta dedicação chega a surpreender. "É uma coisa que até me espanta as meninas irem à ginástica, elas não estão apenas fazendo regime. É uma magreza que não é mais tão pálida", observa Jacqueline de Biase, estilista da marca Salinas.

A diretora geral da agência JOY Model, Liliana Gomes, diz que o padrão, de até 90cm de quadril, não mudou. "As medidas continuam as mesmas, os músculos é que estão mais definidos. O que está mudando é a exigência de perfeição de rosto e corpo, que, antes, era menos importante".

Além dos belos rostos e "barrigas negativas", também chamaram a atenção nesta temporada brasileira alguns "bumbuns positivos", que destoaram do padrão enxuto das passarelas, como o da modelo Raica Oliveira, que namorou o ex-jogador Ronaldo e desfilou com exclusividade para a marca Lenny.

"A magreza excessiva foi um momento", aponta a empresária e consultora de moda Costanza Pascolato. "As modelos aprenderam a cuidar do corpo de uma maneira mais contemporânea, mais saudável. Antes, tinham cara de doentes."

Daniel Ueda, stylist da Lenny, conhecida por sua moda praia de luxo, concorda que as modelos de formas mais generosas estão sendo mais requisitadas quando o assunto é biquíni, mas assinala que o que ainda pesa mais na hora de escolher o casting de um desfile é a atitude: "A elegância conta muito. Não são necessariamente as mais bonitas que sabem carregar uma roupa."

VANDERLEI ALMEIDA / AFP
Daniel Ueda, stylist da Lenny, conhecida por sua moda praia de luxo, diz que as modelos de formas mais generosas estão sendo mais requisitadas quando o assunto é biquíni (foto: VANDERLEI ALMEIDA / AFP)