Esmaltes especiais podem evitar doenças como a dermatite de contato alérgica

Mais comum do que se imagina, a reação pode surgir mesmo em mulheres que frequentam há anos o salão de beleza. De uma hora para a outra, o organismo entende que certas substâncias são estranhas e responde com vermelhidão, inchaço, coceira e descamação

por Celina Aquino 08/03/2014 14:30

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Euler Junior/EM/D.A Press
Ellen Silveira, de 24 anos, chegou a parar de pintar as unhas (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Para quem gosta de manter as unhas bem feitas e com cores variadas, a descoberta de uma alergia à esmalte é desoladora. Mais comum do que se imagina, a reação pode surgir mesmo em mulheres que frequentam há anos o salão de beleza. De uma hora para a outra, o organismo entende que certas substâncias são estranhas e responde com vermelhidão, inchaço, coceira e descamação. Nesses casos, os esmaltes hipoalergênicos podem ser a solução para manter a beleza das mãos.

A reação a esmaltes, chamada de dermatite de contato alérgica, caracteriza-se por uma inflamação da pele provocada por substâncias alergênicas. Segundo a diretora da Sociedade Brasileira de Dermatologia – Regional Minas Gerais (SBD-MG), Ana Cláudia de Brito Soares, a alergia pode se manifestar tanto ao redor da unha, deixando a cutícula sensível, quanto em outras regiões do corpo (não necessariamente aquelas que tiveram contato direto com as unhas). Normalmente, surgem lesões vermelhas que descamam no pescoço, queixo, pálpebra e mãos. Os olhos também ficam vermelhos e coçam. Ana Cláudia informa que os sintomas costumam surgir até 48 horas depois que o organismo reage às substâncias.

Não há vacina nem medicamentos que combatem a alergia. O melhor é suspender o uso de esmaltes, pois insistir em pintar as unhas pode provocar reações cada vez mais intensas. “Na dúvida, procure um dermatologista ou alergista para ter certeza da substância que provoca a alergia. Conhecendo o inimigo fica mais fácil de evitá-lo”, orienta a dermatologista. Ana Cláudia sugere o teste de contato: uma fita adesiva com várias substâncias alergênicas é aplicada nas costas para identificar o que provoca reação.

Um dos componentes do esmalte que mais causa alergia é o tolueno, solvente que mantém o produto líquido, ajuda na fixação da cor e proporciona secagem rápida. “A substância evapora na hora e permite que o corante fique na unha de forma homogênea. Se o solvente não secasse rapidamente, o esmalte poderia escorrer ou ficar mais concentrado em uma região. O tolueno também é usado porque a mulher não tem paciência de esperar secar”, informa o farmacêutico Gabriel da Silva Bastos, professor do curso de estética e cosmética do Centro Universitário UNA. Mas é por ser altamente volátil que o tolueno provoca tantas reações. Logo que evapora, ele entra em contato com várias partes do corpo. De acordo com Gabriel, a maioria dos fabricantes brasileiros de esmaltes retirou da fórmula a substância alergênica.

A alergia a esmalte ainda pode ser provocada pelo plastificante dibutyl phthalate (DBP), banido dos cosméticos europeus, e pelo conservante formaldeído, ambos voláteis. O derivado de formol, usado para alisar cabelo, está no cento da polêmica das escovas progressivas. A mica, pigmento que dá o aspecto perolado dos esmaltes cintilantes, é outro componente alergênico.

Para evitar reações alérgicas, é recomendado ler o rótulo. Os esmaltes 3Free não contém os três principais componentes alergênicos (tolueno, DBP e formaldeído), enquanto os denominados hipoalergênicos costumam ser ausentes de um número maior de substâncias que causam alergia. Já os produtos importados tendem a ser bem aceitos pelos alérgicos porque usam baixa quantidade de solventes. “A indústria tem pesquisado para fazer esmaltes sem solventes, que sejam à base de água e sequem rápido. O solvente é um agente agressor porque resseca a unha e a pele, mas o cliente não tem tempo para esperar três horas para secar o esmalte”, pondera o farmacêutico.

Euler Junior/EM/D.A Press
A manicure Michelle Oliveira observa o aumento de clientes alérgicos (foto: Euler Junior/EM/D.A Press)
Alívio

Nem antialérgico resolveu a irritação nos olhos e no rosto, mas bastou tirar o esmalte para sentir alívio. Foi assim que a perita contábil Ellen Silveira, de 24 anos, descobriu que estava com alergia ao produto. A jovem teve que parar de pintar as unhas, pois a reação surgia em poucas horas, até que resolveu testar os esmaltes hipoalergênicos. Ela reclama, porém, que alguns são muito grossos e dão bolinha, outros duram pouco e as opções de cores são restritas. “Ficar sem usar não vale a pena. Quero encontrar mais cores, ficaria feliz até com um clarinho, mas ainda não achei. Uso o mesmo esmalte até acabar”, conta.

Manicure do Centro de Beleza Afrânio Cabeleireiros, Michelle Oliveira, de 31, observa um aumento da quantidade de alérgicos a esmalte. “Quando vejo que a cutícula está muito fina, quebradiça e sensível, pergunto se a pessoa tem alergia e recomendo a ida ao dermatologista.” A manicure prefere que o cliente leve seu próprio esmalte, já que cada um deve testar o produto que não causa reação. Michelle precisa trabalhar com luvas, porque também não pode ter contato direto com o produto. Dependendo do número de clientes, ela sente coceira no nariz, dor de cabeça, além de ardência no rosto e nos olhos.