'Nunca beijei': Casais dizem que caminho 'diferente' é tão bom quanto o tradicional

Na busca por um(a) namorado(a), nada de ir para a balada, inscrever-se em sites de relacionamento ou paquerar nas mesas de bar. Campanhas religiosas conquistam adeptos

por Sandra Kiefer 03/11/2013 08:36

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Na busca por um(a) namorado(a), nada de ir para a balada, inscrever-se em sites de relacionamento ou paquerar nas mesas de bar de Belo Horizonte. Para jovens de diversas orientações religiosas, a melhor receita é fazer uma lista com as características do candidato e pedir a Deus, em oração, um namorado que se aproxime do perfil. Depois de conhecer a pessoa indicada, firmar com ela o compromisso de iniciar um relacionamento casto, com direito a troca de aliança de compromisso, simbolizando e fortalecendo a escolha. Em seguida, esperar pelo casamento para ter relações sexuais e até beijos mais profundos.

“Quero dizer que existe outro caminho, que é tão bom quanto o namoro convencional ou até melhor, porque leva à felicidade plena”, diz o repórter e locutor esportivo Paulo Azeredo, de 31 anos, que namorou durante 11 anos e meio, nessas condições, a administradora de empresas Laura Azeredo, de 28. Hoje eles completam um ano de casados. “Faria tudo de novo. Tive tempo de conhecer meu marido de forma muito profunda e verdadeira, por isso, sei como ele é na sua essência”, afirma Laura. O casal é catequista do grupo de crisma da Paróquia Nossa Senhora Mãe da Igreja, na linha da renovação carismática, no Bairro Cidade Jardim.

Orlando Bento/Divulgacao
Paulo e Laura Azeredo: felicidade no casamento após 11 anos e meio de relacionamento casto (foto: Orlando Bento/Divulgacao )
“Quem quiser zoar pode zoar. Não sou nerd, não deixo de sair com os meus amigos, enfim, sou um homem como qualquer outro”, explica o jornalista, que conheceu Laura durante um retiro espiritual, no carnaval de 2001. Ele estava com 19 anos e ela, com 16. Foi o primeiro namoro sério dos dois. O casal não esconde já ter sofrido bullying de outros jovens, porém, convictos do que queriam, eles nunca se importaram. “Na pós-graduação, um dia vazou o assunto de que eu não dormia com minha namorada. Virei o comentário geral na faculdade. Alguns até me criticaram, mas outros, principalmente meninas, tinham curiosidade e chegavam para conversar a respeito do assunto”, conta ele, que chegou a passar 10 dias com Laura nos Estados Unidos, no período de intercâmbio, em quartos separados. “A mulher é que segura a temperatura do relacionamento. Na hora em que a respiração subia, eu colocava limite e ele entendia. Era natural”, revela a administradora.

“Antigamente, era proibido falar de sexo no namoro. Nos dias de hoje, parece que é proibido falar de amor no namoro. É esse tipo de coisa que desvaloriza a relação a dois”, compara padre Áureo Nogueira de Freitas, vigário episcopal para ação pastoral da Cúria Metropolitana de BH, que já orientou em torno de 50 casais com a proposta do namoro santo. Segundo ele, a Igreja Católica defende que o amor verdadeiro deve ser casto no sentido de que a entrega da intimidade deve ocorrer depois do casamento, com o compromisso da fidelidade e o plano de ter filhos. “Conquistamos o discurso de falar sobre sexualidade, o que é importante, mas o sexo caiu na banalização e os jovens estão ressentidos disso”, completa.

FAGULHA
'Do Olhar Ao Altar' é o nome do ministério criado em janeiro na Igreja Batista da Lagoinha, de BH, pelo jovem casal de pastores Leandro e Aline Almeida, de 28 e 27 anos. Casados há cinco anos, eles namoraram por outros seis sem ter relações sexuais nem beijos mais profundos, “do tipo Duracell”, conforme define o pastor Leandro. “Agora, a gente colhe bons frutos da nossa escolha e beija muuuito”, brinca ele, que antes de se converter era músico no Rio de Janeiro. Pais de uma garotinha de 1 ano, os dois publicam vídeos no YouTube com conselhos de relacionamentos cristãos. “A gente percebe que as pessoas beijam e transam muito no namoro e depois do casamento, quando tudo é liberado, a relação esfria. É uma inversão de valores”, defende. Sobre o beijo de língua, o pastor diz que se “trata da fagulha que desperta o desejo sexual”.

Com quase 2 milhões de adeptos, a campanha virtual 'Eu Escolhi Esperar (EEE)' surgiu a partir do levantamento de que, a cada 10 solteiros que estão nas igrejas cristãs (católicos e evangélicos), oito não são mais virgens. “Os casais que se casaram virgens testemunham que é uma decisão difícil, pois é acompanhada de muito preconceito e exige um compromisso de controlar juntos os desejos no período do namoro. Porém, todos sempre falam que valeu a pena e fariam tudo de novo”, diz o teólogo e pastor evangélico Nelson Neto Junior, idealizador do EEE, que teve início em abril de 2011.