Banho em pet shops é cômodo, mas também envolve riscos

Atenção: existem doenças e alguns parasitas que podem ser transmitidos por outros cães e causar sofrimento ao seu bichinho

por Revista do CB 10/10/2013 11:00

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Zuleika de Souza/CB/D.A Press
Veterinários aconselham os donos a olharem a higiene do local do banho e a conduta do cuidador com o cachorro (foto: Zuleika de Souza/CB/D.A Press)
O costume de dar banho em animais domésticos em pet shops é bastante comum, principalmente entre aqueles que moram em apartamento e não contam com o espaço de um jardim para se esbaldar com o melhor amigo. Porém, higienizar o cachorro em um desses locais sem tomar as devidas precauções tem seus riscos. Existem doenças e alguns parasitas que podem ser transmitidos por outros cães e causar sofrimento ao seu bichinho.

Segundo o veterinário Carlos César Paiva, antes de deixar o animal no pet shop, é importante notar se o piso e as paredes são de cor clara e se estão limpos, além de checar o registro da loja no Conselho Regional de Medicina Veterinária. Carlos diz que o dono deve ficar de olho em alguns detalhes do estabelecimento. “Ele precisa conferir as condições higiênicas da loja, pedir inclusive para entrar na área do banho, além de observar a atitude da pessoa encarregada de dar o banho”, enumera. Ele adverte que o funcionário dará o banho nos pets deve ser carinhoso e cuidadoso no trato com o animal.

A estudante Deise Antunes, dona do maltês Pupi, passou por problemas devido à falta de cuidado do pet shop na hora do banho. Ela deixou o cachorro no pet shop no início da tarde e pediu que eles o levassem até a sua casa quando terminassem o banho. Quando chegou em casa, no fim da tarde, Deise teve uma surpresa: “Pupi estava com uma mancha vermelha abaixo da orelha e outra no tronco, próxima ao rabo. Quando fui examinar, vi que o tosador não tinha tomado cuidado e Pupi estava com alguns cortes pelo corpo”.

Deise voltou imediatamente ao pet shop e exigiu explicações. “Eles não souberam explicar como o Pupi ficou assim, só disseram que deve ter sido durante o banho”, lembra. Ainda assim, disponibilizou um veterinário para cuidar das feridas do animal e não cobrou pelos remédios e curativos usados. Segundo Carlos César, erros praticados por parte do pet shop em qualquer procedimento realizado devem ser totalmente tratados ou reembolsados pelo estabelecimento, sem ônus ao cliente.

O veterinário José Caetano de Assis destaca que a higienização feita na área de banho e nos instrumentos usados merece uma atenção especial. “A esterilização da gaiola a cada banho é essencial, assim como das escovas, pentes, tesouras e lâminas”, ressalta o veterinário. Ainda segundo ele, o uso desses instrumentos sem a devida limpeza pode acarretar na transmissão de doenças altamente contagiosas, como a palovirose e a cinomose, por exemplo. “Essas são patologias que podem ser transmitidas pelo simples contato com instrumentos contaminados.”

De acordo com José Caetano, outro importante cuidado que deve ser observado atentamente é se as gaiolas são individualizadas. “Caso contrário, além do óbvio risco de contaminação por doenças, existe o risco de brigas entre cachorros, o que pode ocasionar sérios ferimentos”, justifica. O veterinário completa dizendo que o processo de secagem também deve ser feito individualmente.

O veterinário lembra que outro grande risco do contato entre cachorros é a proliferação de pulgas e carrapatos. Segundo ele, os animais devem ser vistoriados ao entrar no pet shop e, se verificada a infestação, tratados imediatamente. “Porém, muitas vezes, principalmente quando a infestação não é grande, os funcionários não percebem os parasitas. Daí, mais uma vez, a importância de o animal ser tratado de maneira individual”, diz José.

O funcionário público Luan Diniz, dono do schnauzer Júlio César, teve a ingrata surpresa de ir buscar o animal após o banho e, ao chegar em casa, perceber que o cachorro estava com uma infestação de carrapatos. “Foi muito chato. Tomei um susto enorme. E pior: não pude deixar ele dormir na minha cama. Como ele é muito acostumado, não conseguiu dormir, ficou inquieto a noite inteira”, recorda-se Luan.

No dia seguinte, Luan foi com Júlio César ao pet shop, que tratou periodicamente o cachorro, por cerca de seis meses. Segundo o rapaz, apesar do suporte oferecido pelo estabelecimento, ele ficou decepcionado com o ocorrido. “Eles foram muito prestativos e ficaram preocupados com o Júlio César. Apesar disso, não piso mais lá. Ele é meu companheiro diário, é muito importante para mim. Tenho que tentar diminuir ao máximo as chances que ele adoeça, e não confio mais no estabelecimento”, concluiu Luan.

O veterinário Carlos César afirma que casos de acidentes, doenças ou infestações adquiridas em pet shops são evitáveis com cuidado e carinho no manejo dos animais e do negócio como um todo. “Quando o estabelecimento trata cada animal individualmente, com pessoas capacitadas e que essencialmente gostem e se interessem por cães, os problemas têm menor chance de ocorrer. Trabalhar com animais exige muita dedicação e, principalmente, carinho.”

"Pupi estava com uma mancha vermelha abaixo da orelha e outra no tronco, próxima ao rabo. Quando fui examinar, vi que o tosador não tinha tomado cuidado e Pupi estava com alguns cortes pelo corpo" - Deise Antunes, estudante, dona do maltês Pupi