Você já olhou nos olhos do seu pet hoje?

A saúde oftalmológica dos animais deve ser observada de perto. Entenda por que alguns males afetam mais determinadas raças

por Revista do CB 23/08/2013 15:00

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Janine Moraes/CB/D.A Press
Aos 5 anos, Meg já deu um susto na dona, Carolina Malugane: a shih-tzu sofreu um entupimento das glândulas lacrimais (foto: Janine Moraes/CB/D.A Press)
Na busca por proporcionar mais qualidade de vida aos bichos, a medicina veterinária vem expandindo seu leque de especialidades. A oftalmologia animal é um exemplo de área em expansão. Há pouco tempo, as técnicas disponíveis não eram tão precisas, o que prejudicava o diagnóstico e fazia com que muitos cães e gatos perdessem a visão em decorrência de problemas relativamente simples.

A percepção dos donos também evoluiu. Antigamente, as enfermidades oftalmológicas dos pets eram subestimadas — a perda de visão era encarada como algo “normal”, decorrente da idade avança da mascote. “Realmente, esse aspecto era negligenciado — as pessoas achavam que muitas doenças eram incuráveis, nem sequer procuravam saber as causas”, explica o veterinário Leandro Arévolo Pietro, dono de uma clínica especializada no trato da visão.

“Hoje, o animal de estimação faz parte da família, portanto, recebe o tratamento que receberia um parente. A especialização da veterinária é uma necessidade e tem feito bem aos donos, aos animais de estimação e à medicina veterinária”, afirma o veterinário Mário Falcão, chefe do serviço de oftalmologia da Clínica Peteye e do Centro Veterinário da Visão.

Entre as doenças que mais frequentemente cegam cães de forma irreversível, estão o glaucoma e a úlcera de córnea. A primeira ocorre devido ao aumento da pressão intraocular (PIO), que pode provocar alterações degenerativas na retina e no nervo óptico. Mário informa que, em cada 200 cães, um desenvolve a doença devido a particularidades anatômicas e fisiológicas, por isso, a importância da medição da PIO. “O glaucoma é um desafio, pois não há cura, apenas o controle da pressão intraocular e o tratamento para o resto da vida”, completa o especialista.

A úlcera corneana é definida como uma lesão na camada exterior da córnea e é mais recorrente em cães de focinho curto, cujos olhos são mais expostos, como buldogues, pugs e lhasas apsos. “No caso deles, é importante tomar cuidado durante as brincadeiras com outros animais e sempre atentar se há objetos perfurantes por perto”, recomenda Leandro.

Na úlcera de córnea, há uma perda das células que formam essa camada do olho do animal, o que pode ser revertido. No entanto, se não houver o tratamento adequado, podem ocorrer infecções e a lesão se espalhar para camadas mais profundas do globo ocular, levando à cegueira. Leandro explica que o tratamento é feito com colírios antibióticos, cicatrizantes e, nos casos mais graves, intervenção cirúrgica.

Meg, 5 anos, é uma pequena shih-tzu, raça que se encaixa na categoria dos cães braquicefálicos (de focinhos curtos e olhos expostos), e sofre de algumas dificuldades oftalmológicas. A cadelinha faz acompanhamento com um especialista há três anos. Sua dona, a servidora pública Carolina Malugane, 31, conta que Meg apresentou um entupimento dos canais lacrimais e precisou de um procedimento cirúrgico para resolver o problema. A patologia é recorrente e, nesse caso, foi causada pela grande quantidade de pelos em volta dos olhos do animal, aliada a um excesso de pele no focinho.

Além disso, alguns cuidados especiais precisam ser tomados. Meg começou a apresentar algumas manchas nos olhos, causadas por um acúmulo de proteínas, gordura e nutrientes. Carolina conta que, para diminuir as manchas, causadoras de certo incômodo, fez o uso de alguns medicamentos e modificou a dieta da shih-tzu. Hoje, o cuidado é constante, sobretudo no período de seca, agressivo para a visão. O alívio vem em forma de colírios lubrificantes e uma pomada que incentiva a produção de lágrimas. “No auge da estiagem, tem que ter muita disciplina, fazer o tratamento certinho. Passo o colírio de três a cinco vezes por dia e faço a limpeza para evitar o acúmulo de secreção”, ensina Carolina.

Apesar de mais comuns em cães, as doenças oculares atingem também os gatos. Mário explica que a maioria dos problemas do gênero apresentados por felinos decorre de outras doenças. Males do trato respiratório, por exemplo, podem levar a conjutivites virais.

Os veterinários explicam que, tanto em cães quanto em gatos, é importante estar atento a qualquer alteração ocular e, quando detectada alguma dificuldade, o pet deve ser levado imediatamente ao especialista, o que pode evitar a perda da visão.

Doenças mais comuns:

Entre cães


Catarata
Úlcera de córnea
Síndrome do olho seco (chamada de ceratoconjuntivite seca)
Alterações palpebrais
Prolapso da glândula lacrimal
Glaucoma (aumento da pressão ocular)


Entre gatos

Conjutivites virais
Ceratites virais
Úlceras de córnea traumáticas
Sequestro corneano (mais comum em gato persa e himalaio)


Sinais aos quais devemos estar atentos

Olhos vermelhos
Excesso de secreção
Irritação ocular
Mudança na coloração dos olhos
Sinais de dor ou desconforto, como piscadas em excesso
Fotofobia
Opacidade nos olhos


O pior quadro

A uveíte é, provavelmente, a doença oftalmológica mais ameaçadora entre cães e gatos. Ela se caracteriza pela inflamação da úvea, parte pigmentada do olho do animal, formada pela íris, pelo corpo ciliar e pela coroide. Se não for tratada, essa infecção pode levar a cegueira e a remoção dos olhos.