Ex-integrante da banda 'In Box', Thiago Rabello lança seu primeiro CD solo

Músico mineiro é cantor, compositor, violonista, guitarrista e baterista

Patricia Meira/Divulgação
(foto: Patricia Meira/Divulgação)
A primeira coisa que faço antes de ouvir um disco é ler a ficha técnica do mesmo. Assim posso ter uma ideia geral do que terei pela frente. Acabo de receber o CD de um músico mineiro cujo nome é Rabello. Abro e vou direto na ficha técnica para ver quem está por trás de tudo. Vou lendo e vendo nomes como José Namen, Marcelinho Guerra, Nelson Faria, Marcos Lobo, Felipe Continentino, Frederico Heliodoro, Aloizio Horta, Deangelo Silva e Felipe Vilas Boas. Filho de peixe, peixinho é, pensei. Thiago Rabello é filho de José Namen, regente, compositor, pianista e tecladista.

Gravado no Estúdio Locomotiva, o CD Venha, nome da canção que abre o disco, é coproduzido por Namen e Marcelinho Guerra, que também é responsável pela mixagem e masterização. Como havia pensado, fui ouvindo e gostando de música por música. Belas canções, arranjos atuais e irretocáveis. Felizmente, trata-se de um bom disco, produzido por um novo talento mineiro. Thiago Rabello, de 25 anos, é cantor, compositor, violonista, guitarrista, baterista. Foi um dos integrantes da banda In Box, que tocou por cinco anos em São Paulo.

Vou tendo uma grata surpresa à medida que vou escutando cada música. Rabello tem um timbre de voz suave e agradável. É um disco de MPB moderna, ou seja, com uma pegada de rock. Observo que o músico bebeu em fontes de feras como Lenine, Beto Guedes e Milton Nascimento, além do quarteto Crosby, Still, Nash & Young, fato este fácil de se notar na canção Terra nossa. “São músicas cantadas em português sem um viés específico, com arranjos modernos que sintetizam minhas influências”, define o autor.

MPB Embora tenha sido influenciado pelo pai, que navega por ritmos como o jazz e MPB, Rabello havia tomado os rumos do rock antes de se enveredar pela MPB. Foi ouvindo o Clube da esquina 2 (Milton Nascimento, 1978), Relâmpago elétrico (Beto Guedes, 1977) e o músico pernambucano Lenine que se encontrou e abandonou o rock para mergulhar de cabeça na MPB. As músicas também trazem elementos do jazz e do pop. O CD apresenta seis canções, todas autorais, e os arranjos foram feitos com a ajuda dos músicos participantes.

A capa do CD tem ilustração de Larissa Fernandes e evidencia bem a essência do projeto. A temática do disco é a busca pelo autoconhecimento, pois questiona sobre o sentido da existência, como bem mostra Rabello nos versos da canção Consciência – “De que me vale ocupar o corpo, se eu não souber o meu lugar e pelos anos andar perdido”.

Já, em Viver, faixa número dois, Rabello opta por deixar uma mensagem de perseverança, quando diz “pode o tempo carregar das nuvens mais escuras, chover, chover... Pode o inverno se arrastar sem pressa sobre os anos, gear, gear... Na hora que o sol vier, estarei lá”. Enfim, Venha é um disco de MPB moderna, com canções sensíveis, bem-arranjadas, bem executadas e que vem nos revelar mais um talento da nova música brasileira. “O CD é um convite para descermos este único rio, percorrermos o caminho do autoconhecimento nesta única vida”, afirma o músico.

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