Maria Bethânia faz show hoje em BH e admite: 'Meu ofício é cantar'

Cantora diz que a crise não derrotou a arte. 'Há esperança no fim do túnel', garante a baiana

por Ana Clara Brant 03/06/2017 11:59
Teresa Lamboglia/divulgação
(foto: Teresa Lamboglia/divulgação)

Não há data redonda, efeméride ou lançamento de CD ou DVD. Mas nem por isso Maria Bethânia deixa de fazer o que sabe. “Meu ofício é cantar. Vivo disso. Não sou rica, não roubei. Não posso reclamar de ter trabalho, agradeço a Deus por isso, ainda mais num país como o nosso, que tem milhões de desempregados. Minha vida é o palco”, afirma a cantora baiana, que se apresenta hoje no Km de Vantagens Hall (antigo BH Hall).

Se o cenário político e econômico não é dos melhores, Maria Bethânia não é pessimista. “O teatro, a música e as artes estão lindos, mesmo sem dinheiro. Ser algo pobre não é ser feio. Feio é roubar. O país enfrenta tempos difíceis em vários aspectos, mas vejo esperança no fim do túnel. O Brasil é muito maior e mais forte do que tudo isso”, afirma.

Depois de rodar o país em 2016 com o show Abraçar e agradecer – em que celebrou seus 50 anos de carreira –, Bethânia recebeu um convite dos conterrâneos de Santo Amaro, no Recôncavo Baiano, para se apresentar na tradicional Festa da Purificação. “A cidade queria me homenagear e fiz com muito prazer e alegria. É sempre muito forte e intenso me apresentar por lá. Logo depois, recebi um convite para ir a Salvador, depois veio Recife.  Quando vi, já estava fazendo miniturnê. Vários lugares passaram a me chamar também”, revela.

O repertório percorre os grandes momentos da trajetória da artista, com vários clássicos da canção popular: Negue (Adelino Moreira/Enzo de Almeida Passos), É o amor (Zezé de Camargo/Chico Amado/Dedé Badaró), Olhos nos olhos (Chico Buarque), Começaria tudo outra vez e Explode coração (ambas de Gonzaguinha) e Fera ferida (Roberto Carlos/Erasmo Carlos). Há também o medley de sambas de roda costurados por Reconvexo (Caetano Veloso), além de Non, je ne regrette rien (Charles Dumont e Michael Vaucaire).

FOSSA


Não ficarão de fora músicas de Dorival Caymmi, Roque Ferreira, Chico César e Paulo César Pinheiro que marcaram a carreira dela. “São canções de que todo mundo gosta e canta pra gente sair um pouco dessa fossa anormal e trágica brasileira. A Bibi Ferreira me ensinou uma coisa de que nunca me esqueci: todo artista com alguma competência deve ter um repertório. E eu tenho, independentemente do que seja o meu show. Seja para comemorar meio século de carreira, seja sobre um determinado tema, tenho várias opções”, ressalta.

Bethânia explica que o show desta noite não tem “muita obrigação de pensar”, só de curtir e aproveitar. Mas não deixa de ser um bálsamo para os tempos de hoje. “O Brasil não tem muito a celebrar. Então, é um momento para brincar, relaxar”, diz.

A banda reúne um time de instrumentistas de primeira: Jorge Helder (contrabaixo), que assina informalmente a direção musical, o mineiro Túlio Mourão (piano), Paulo Dafilim (violas e violão), Pedro Franco (violão, bandolim e guitarra), Marcio Mallard (cello), Carlos César (bateria) e Marcelo Costa (percussão).

“O Jorge Helder também foi o diretor musical da turnê dos 50 anos. Temos alguns momentos daquele espetáculo agora”, revela a cantora. Bethânia conta que está preparando um disco de inéditas, cujas gravações vão começar no segundo semestre, mas faz segredo do repertório.

MARIA BETHÂNIA
Hoje, às 21h. Km de Vantagens Hall, Avenida Nossa Senhora do Carmo, 230, São Pedro, (31) 3209-8989. Arquibancada (lote 4): R$ 280 (inteira) e R$ 140 (meia-entrada). Mesa de quatro lugares: R$ 1,2 mil (setor 1) e R$ 1 mil (setor 2). Informações: www.ticketsforfun.com.br.

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