Banda pernambucana que é sinônimo do manguebeat prepara disco de inéditas para 2017

Mas antes, Nação Zumbi deve lançar álbum-tributo a referências como David Bowie e Gonzagão

O desejo de montar álbum com versões de músicas inspiradoras para a trajetória artística da Nação Zumbi é antigo, mas nunca antes tão concreto.

TOM CABRAL/DIVULGAÇÃO
Reconfigurada, Nação Zumbi segue sem o percussionista Gilmar Bolla8, cuja saída ocasionou disputa judicial (foto: TOM CABRAL/DIVULGAÇÃO )
 

Com título provisório Radiola NZ, o projeto deve chegar ao mercado até meados de 2017, com pelo menos 12 faixas dedicadas a referências da banda pernambucana. Nomes internacionais como David Bowie e Amy Winehouse e ídolos brasileiros como Luiz Gonzaga e Gilberto Gil serão contemplados no álbum, hoje em fase de pré-produção.

“Pensamos em trabalhar metade das faixas em português, metade em inglês. Nossa ideia é gravar uma série de músicas das quais gostamos, que nos inspiraram direta ou indiretamente, e selecionar o repertório do disco a partir delas, quando estiverem prontas”, explica o vocalista Jorge Du Peixe.

Radiola NZ deve anteceder outro projeto do grupo para o novo ano: o próximo disco autoral, cujo lançamento está previsto para o segundo semestre de 2017. Músicas e títulos ainda não foram definidos para o sucessor de Nação Zumbi (2014).

 

Segundo Du Peixe, os discos autorais exigem ainda mais cuidado, entre a seleção de composições inéditas e o eixo que deverá sustentá-las. Os pernambucanos não montaram cronograma do processo produtivo, mas devem engatá-lo logo após dar vida a Radiola. “Queremos trazê-lo a público no ano que vem, mas vamos começar pelas versões de outros compositores, que é um desejo nosso há muito tempo. Caras como Gonzagão, que a gente curte, admira, estarão no Radiola NZ, que é o nome que demos ao projeto por ora”, diz Du Peixe.

ELETRÔNICA No mais recente álbum da banda – o oitavo produzido em estúdio e o primeiro de inéditas em sete anos – ganharam protagonismo recursos melódicos habilitados para distanciá-los da nostalgia dos anos 1990. Efeitos eletrônicos e solos de guitarra separam Defeito perfeito, Um sonho, Cicatriz e Bala perdida, alguns destaques do repertório, da sonoridade predominantemente percussiva da primeira década do grupo, quando o manguebeat dominava a cena underground do Recife. A decisão de lançar Nação Zumbi 20 anos após o disco de estreia, Da lama ao caos (1994), reforçou o quanto o disco – cuja identidade é sedimentada pelo título homônimo – anunciava nova fase da banda.

Os últimos dois anos desde o lançamento foram marcados por ajustes internos, além de homenagens ao líder e ex-vocalista Chico Science, de modo que os projetos para 2017 são capitaneados por uma Nação Zumbi reconfigurada. Em dezembro passado, foi anunciado o desligamento do percussionista Gilmar Bolla8 do grupo, um dos fundadores da CSNZ.

 

Levado à Justiça, o caso repercutiu nas redes sociais, palco de discussões entre os envolvidos, e ganhou novo capítulo em maio, quando foi determinada em caráter liminar a reintegração de Bolla8 à Nação. A decisão judicial não evitou, contudo, a ausência do percussionista nos palcos desde então.

CARNAVAL E PARALIMPÍADA

Formada hoje por Jorge Du Peixe (vocal), Lúcio Maia (guitarra), Alexandre Dengue (baixo), Pupillo (bateria), Toca Ogan (percussão), com as percussões adicionais de Gustavo da Lua e Tom Rocha, Nação Zumbi participou, também neste ano, do carnaval do Recife e da cerimônia de encerramento dos Jogos Paralímpicos do Rio, em paralelo aos projetos solo de seus integrantes.

 

O show do carnaval recifense foi marcado pela participação especial de Lula Lira, filha de Chico Science, que cantou Monólogo ao pé do ouvido – música de abertura de Da lama ao caos (1994) – no início da apresentação. Na Paralimpíada, a performance dos pernambucanos foi marcada por posicionamento político, com a frase “Fora, Temer” exibida na guitarra de Lúcio Maia.

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