Mineiro constrói instrumentos instalados no Parque das Ruínas, no Rio de Janeiro

Luthier e compositor mineiro Leandro César faz o público se divertir ao fazer som em 'pétalas' e 'palmeira' de aço inox

por Ana Clara Brant 27/06/2016 08:00
Eny Miranda/divulgação
Leandro César e sua banda durante o show de inauguração do Parque Musical, no Rio de Janeiro (foto: Eny Miranda/divulgação)

Rio de Janeiro– Já imaginou “tirar” música de uma palmeira ou até mesmo de uma flor? Pois esse jardim de sons acaba de ser inaugurado no Rio de Janeiro, mais precisamente no Parque das Ruínas, no charmoso bairro de Santa Teresa. Idealizado por dois gaúchos – o diretor de teatro Adriano Basegio e a cantora, compositora e instrumentista Gisa Pithan – e a produtora carioca Sílvia Rezende, o novo espaço tem DNA mineiro.

Com 32 metros quadrados, o Parque Musical abriga nove instrumentos inventados e produzidos por Leandro César, compositor e luthier de 31 anos que mora em Belo Horizonte. Esse playground sonoro se integra de forma lúdica à paisagem da capital fluminense, com direito a vista para o Pão de Açúcar. Interativo, é acessível a gente de todas as idades.

“Quando fui convidado para esse projeto, fiquei muito feliz e, ao mesmo tempo, com frio na barriga. É um desafio, porque instrumentos são delicados. Ficava imaginando como fazê-los, pois estariam expostos ao calor, umidade, maresia e chuva. Ainda por cima, seriam tocados por todo o tipo de gente. O que mais levei em consideração foi a resistência do material e a qualidade do som”, explica Leandro.

A matéria-prima teria de ser capaz de resistir a intempéries e, principalmente, emitir sons. Depois de pesquisar, o luthier mineiro optou pelo aço inox. “Além do mais, o aço reflete as cores e, assim, fica ainda mais integrado à paisagem maravilhosa do Rio”, acrescenta.

O aço deu forma a uma “flor” com “pétalas” sonoras, a uma “palmeira” e a dois angás “musicais”. Também fazem parte dessa orquestra três atabaques e uma marimba.

“Pelo fato de o Brasil ser extremamente musical e, sobretudo, percussivo, a gente pensou em instrumentos de percussão. Começamos o nosso projeto por Santa Teresa, no Rio, um lugar muito ligado às artes. Mas o desejo é que a iniciativa se espalhe por todo o país”, ressalta Gisa Pithan.

Eny Miranda/divulgação
Projeto estimula a interação lúdica do público com a música (foto: Eny Miranda/divulgação)
CÉU ABERTO Assim como as academias de ginástica ao ar livre espalhadas por várias cidades, o Parque Musical oferece atividade gratuita a céu aberto, observa Adriano Basegio. “Aqui, os músculos serão exercitados para estimular a sensibilidade, a criatividade e a percepção sonora. O som tem a capacidade de se propagar, é isso que queremos que aconteça com o Parque Musical”, afirma.

Todos os instrumentos foram confeccionados em Belo Horizonte por Leandro César e seu assistente Gilberto Macruz. A equipe contou com um soldador, um torneiro mecânico e um serralheiro. No fim de semana, Leandro fez show para inaugurar o parque ao lado de sua banda, formada por Felipe José, Yuri Vellasco, José Henrique Viana e Edson Fernando.

A apresentação foi dedicada a Marco Antônio Guimarães, um dos fundadores do Uakti e construtor dos instrumentos inusitados que fizeram a fama do grupo, que encerrou as atividades no ano passado. No final, o público se esbaldou, “tirando” música das peças de aço. A criançada se divertiu a valer.

“O parque mescla entretenimento, experiências sonoras e descobertas musicais. É um lugar democrático, livre e acessível. A altura dos instrumentos permite a crianças e cadeirantes tocá-los. Quem sabe esse espaço não estimule o interesse das pessoas pela música? Ou mesmo desperte novos artistas?”, conclui a produtora Sílvia Rezende.

A repórter viajou a convite da produção do evento

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