Zizi Possi apresenta canções conhecidas e algumas inéditas no Palácio das Artes

Conhecida pelo canto limpo, ela coloca a voz à prova num de seus projetos mais duradouros, o show 'Voz e piano', neste sábado

por Mariana Peixoto 03/06/2016 09:30
Rama de Oliveira/Divulgação
(foto: Rama de Oliveira/Divulgação)
De seus 60 anos, completados em março, Zizi Possi viveu quase a totalidade deles na música. Não tinha mais do que 4 quando a mãe a colocou numa escola de música. Mais tarde, fez faculdade de composição e regência. Curiosamente, nunca teve aula de voz. Aliás, tentou apenas uma vez. “Na época de Per amore (1997), resolvi que queria ter mais tempo para estudar voz. Fiz uma aula com uma cantora lírica, que, no final, virou para mim e disse: ‘Mas como você canta, se respira tudo errado?’ Quer saber? Parei ali, porque se fosse fazer de outro jeito, não sei o que poderia acontecer”, conta ela.

Pois a despeito da ausência de trabalho com a voz, Zizi é conhecida por um dos cantos mais limpos da música popular e por sua versatilidade. Coloca a voz à prova num de seus projetos mais duradouros e também mutantes: o show Voz e piano, que leva hoje ao Palácio das Artes. A seu lado, terá o pianista Jether Garotti Jr..

“Um show de piano e voz é extremamente simples, mas, na verdade, muito complicado. Se não estiver completamente entregue, ele terá lacunas. Tenho que suprir todo o hiato de atenção que poderia surgir. Se o Jether errar, erro também. Então, exige muito da gente”, conta ela, que começou o projeto em 1999.

“Quando o show começou a fazer muito sucesso, gravei o disco Puro prazer, que vendeu muito, foi indicado a três categorias do Grammy, mas ficou na surdina. Tem gente que nem sabe que ele existe. Desde então, vim fazendo este show, só que mudando o repertório”, acrescenta.

Na nova edição, o repertório traz sucessos de uma carreira que vem se aproximando dos 40 anos. Estão lá canções como Caminhos de sol, Asa morena, A paz e Per amore. Há ainda músicas de seu álbum mais recente, Tudo se transformou (2014), como Cacos de amor (Luiz Possi e Dudu Falcão), Disparada (Geraldo Vandré) e Meu mundo e nada mais (Guilherme Arantes). A apresentação conta com canções que ela nunca gravou. O standard Fly me to the moon (Bart Howard, do repertório de Frank Sinatra) aparece em versão eletroacústica. “Quando você muda a formação musical, você também muda a sonoridade e a possibilidade rítmica, o ponto de vista interpretativo”, explica Zizi.

ASSUNTO PROIBIDO
O show Voz e piano é um dos dois projetos que ela traz no repertório. O outro, Na sala com Zizi, que ela apresenta com um quarteto, é uma espécie de biografia musical. “Canto a minha vida, desde que nasci até quando virei profissional”, comenta ela.

Em meio a duas dezenas de álbuns e à série de shows que já protagonizou, ela sonha longe. Seu projeto mais almejado leva o nome de Assunto proibido. Com direção e coautoria do irmão José Possi Neto, o espetáculo, cujo texto está pronto, é uma montagem de teatro musical. “Mas não é um musical”, esclarece.

O texto nasceu dos próprios escritos de Zizi, “amarrados” com obras de Nietzsche, do poeta Edu Ruiz e da escritora Donna Tartt (autora do romance O pintassilgo). O mote foi a depressão que acometeu a cantora, iniciada numa época de muitas perdas pessoais. “Conto que o dia oficial foi o 11 de setembro de 2001, fiz uma analogia das torres comigo mesma”, observa. O projeto está em fase de captação de recursos.

“Esse projeto é extremamente desafiador, pois vou ter que decorar texto, e sou muito indisciplinada, e fazer uma interpretação falada e não cantada”, conclui.

ZIZI POSSI – VOZ E PIANO
Hoje, às 21h. Palácio das Artes. Avenida Afonso Pena, 1.537, Centro, (31) 3236-7400. Plateia 1: R$ 140 (inteira) e R$ 70 (meia). Plateia 2: R$ 120 e R$ 60. Plateia superior: R$ 100 e R$ 50.

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