Zé Renato chamou a atenção ao integrar o Boca Livre, grupo de maior sucesso da então nascente cena independente. Na sequência, firmou com Claudio Nucci uma dupla de igual sucesso, com destaque para a trilha sonora da novela global Roque Santeiro. Porém, Zé Renato sempre foi além disso. Gravou discos dedicados ao seresteiro Sylvio Caldas e ao sambista Zé Kéti; dividiu palco e estúdio com Elton Medeiros e Mariana de Moraes; esteve quase a ponto de integrar a banda do jazzista Pat Metheny e acabou numa parceria com Al Di Meola. E mantém relação de amizade e parceria com o Clube da Esquina.
Os discos de raridades exibem essa versatilidade. O volume 1 traz cinco gravações raras com seu primeiro grupo, o Cantares, incluindo o futuro hit do Boca Livre, Na direção do dia (toada); mostra a boa triangulação no raro álbum da dupla Mário Rozenblit e Mario Adnet (Quem mal me quer bem); o acerto das parcerias com os amigos Juca Filho (Pedra roxa e Olhos da selva) e Nucci (Casa de morar); e a bissexta parceria com Fátima Guedes (O encontro).
O segundo volume amplia o escopo das divisões de espaço. Acompanhado do MPB-4, ele abre o CD com a belíssima Papo de passarim. Ao lado do maestro Tom Jobim, registrou duas faixas da trilha da minissérie O tempo e o vento: Rodrigo, meu capitão e Senhora dona Bibiana. Na categoria trilhas sonoras, vêm Pelo sim, pelo não, de Roque Santeiro, e Salmo, feita por Chico Buarque e Edu Lobo para o musical O corsário do rei.
Entre os parceiros de Zé Renato que marcam presença no projeto estão Xico Chaves, Cacaso, Vital Lima, Juca Filho, Ronaldo Bastos, Abel Silva e Capinam. Todos do primeiro time.
Os lançamentos provam que é possível manter uma carreira coerente e ser, ao mesmo tempo, leve, fluente e radiofônico sem perder o rumo e a personalidade. Mais um acerto do selo Discobertas, cujo trabalho de resgate da memória da música brasileira merece os maiores elogios.