Elza Soares lança 'A mulher do fim do mundo' com show em BH

A cantora de 78 anos mostra que se mantém inquieta e aberta a novas sonoridades

por Eduardo Tristão Girão 08/04/2016 08:00
Stephane Munnier/Divulgação
(foto: Stephane Munnier/Divulgação)
Elza Soares quer que as pessoas se alimentem melhor – de preferência, sem agrotóxicos. “Queria aconselhar a turma a começar a comer comida bem saudável, orgânica. Minha alimentação é maravilhosa, com muita salada e peixe, por exemplo”, conta a cantora carioca, de 78 anos. Por essas e por outras (não fumar, não beber, fazer exercício e dormir o máximo possível), ela tem conseguido cumprir agenda de um ou dois shows por semana e que inclui Belo Horizonte amanhã, no Grande Teatro do Sesc Palladium.

Elza apresentará ao público da capital mineira repertório de seu álbum mais recente, o impactante A mulher do fim do mundo. Além de ser um disco só de inéditas (fato inédito nos 60 anos de sua carreira), a sonoridade sai do habitual: tem samba, mas tem também guitarras cheias de efeitos, ruídos e climas com sopros e cordas. A cantora não deixa dúvidas de seu enorme talento como intérprete ao se apropriar de canções como a ótima Maria da Vila Matilde, uma das 11 faixas.

Em estúdio, a artista contou com vários talentos da cena contemporânea de São Paulo, como Guilherme Kastrup (produtor do trabalho), Rodrigo Campos, Kiko Dinucci e Marcelo Cabral, razão principal da guinada sonora que o trabalho representa na trajetória de Elza. Em torno deles  se agruparam também compositores da capital paulistana, como Rômulo Fróes, Celso Sim, Clima e Douglas Germano, além de alguns dos próprios músicos envolvidos no projeto. Fala-se de transexualidade, violência doméstica, drogas, morte.

Lidar com as novidades não foi difícil, conta Elza: “Para cantar, não tenho problema e não tenho para escolher música inédita também”. Ao mesmo tempo em que elogia a “pegada rock and roll” e as “guitarras maravilhosas” do disco, a artista faz questão de dizer que se trata de um álbum “brasileiro”. “É uma coisa que eu não esperava e aconteceu”, conta. Ela não sabe dizer se o público de antes estranhou a nova estética, mas revela se alegrar com a presença significativa de jovens em seus últimos shows.

SEM LAMENTO Ela nasceu pobre, trabalhou em fábrica de sabão, perdeu filhos e passou por tumultuado casamento com o jogador de futebol Garrincha, para ficar em apenas alguns fatos sobre sua vida. Talvez não seja por acaso que ela não deixa de ouvir o cantor e trombonista norte-americano Chet Baker: “É uma música muito boa, um som que não sei se é de tristeza, lamento ou alegria, à la João Gilberto. Tem muito a ver com a minha história. Não fosse a música, não sei o que seria de mim. A música é a energia da vida”.

De BH, a cantora segue para Curitiba. Segundo ela, a frequência de um ou dois shows semanais deverá ser mantida até o fim do ano, pelo menos. “Deus vai levando e, enquanto me guiar, vou indo”, diz. E, embora esteja por conta dos shows de divulgação de A mulher do fim do mundo, anuncia: “Tem mais disco, muita coisa para chegar”.

A mulher do fim do mundo
Show de lançamento do disco de Elza Soares. Amanhã, às 20h, no Grande Teatro do Sesc Palladium – Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro, (31) 3270-8100. Ingressos: Plateia 1 (R$ 120, inteira, e R$ 60, meia-entrada), plateia 2 (R$ 100, inteira, e R$ 50, meia-entrada) e plateia 3 (R$ 80, inteira, e R$ 40, meia).

MAIS SOBRE MÚSICA