Em apresentação única, Lurrie Bell traz a BH o blues de Chicago

Bluesman se apresenta neste sábado, a partir das 22h, n'A Autêntica

por Mariana Peixoto 26/03/2016 07:00
Dellmark Records/divulgação
Lurrie Bell se une a músicos brasileiros no palco d'A Autêntica (foto: Dellmark Records/divulgação)

''Posso cantar um mundo de canções nestas três cordas'', dizia B. B. King (1925-2015). O bluesman Lurrie Bell faz coro: ''É fácil tocar blues porque você geralmente não vai além das três cordas. Uma vez que toma consciência disso, pode tocar com qualquer músico do mundo''.


Dois anos após estrear em Belo Horizonte num festival dedicado ao gênero nascido no Delta do Mississipi, o guitarrista norte-americano retorna à cidade para nova apresentação – neste sábado, a partir das 22h, n'A Autêntica. Apresenta-se com músicos brasileiros, os integrantes da Bruno Marques Band – Christian Weber (bateria), Fábio Carmore (baixo) e Bruno Marques (guitarra). A noite terá abertura com uma das formações mais celebradas do blues em Minas Gerais, a Audergang, capitaneada também por um guitarrista, Auder Jr.

A praia de Bell é o blues eletrificado de Chicago, onde ocorreu a primeira diáspora do estilo – a partir da década de 1940, ali chegou uma população negra fugindo da repressão sulista. Foi da cidade mais populosa de Illinois que vieram dois mestres do gênero: Muddy Waters e Willie Dixon. Como também um nome menos popular, mas tão respeitado quanto: Carey Bell.

Este último, gaitista, é o pai de Lurrie. O mais novo Bell tinha não mais do que meia dúzia de anos quando começou a tocar guitarra. ''Eu a escolhi porque era o instrumento que dava o som que queria ouvir. Nunca a deixei de lado'', afirma ele, que aprendeu gaita com o pai (tocaram juntos por vários anos) e ainda se arrisca ao piano, baixo e bateria.

Os outros dois conterrâneos mais famosos também o tiveram em sua banda. Também era bem jovem quando integrou a banda de Willie Dixon. ''Foi um bom amigo, chegamos a fazer uma turnê juntos na Alemanha'', relembra, logo acrescentando: ''Sabe o que era melhor de tocar com os grandes? Você nunca se cansava de aprender alguma coisa''.

Ele tinha apenas 17 anos quando começou a acompanhar a cantora Koko Taylor como segundo guitarrista. Apontado, no início de sua trajetória, como uma estrela em ascensão no meio blueseiro, enfrentou problemas com abuso de álcool que deram uma freada na carreira entre meados dos anos 1980 e início dos 1990. Recuperou-se mais tarde e hoje, aos 57 anos, soma 11 álbuns solo e outros 10 com o pai.

Os dois Bells estiveram juntos no CD e DVD 'Gettin'up – Live at Buddy Guy's legends, Rosa’s and Lurrie’s home'. Lançado em 2007, acabou sendo a última gravação do Bell pai, que morreu em maio daquele ano.

Sempre morando em Chicago, Lurrie se diz feliz por retornar à América do Sul em tão pouco tempo. ''Já que parecem gostar tanto de blues, deixem que o ouçam. Sempre aproveito e, quando volto para casa, sempre tenho boas histórias para contar'', finaliza.

LURRIE BELL

Show com Bruno Marques Band e Audergang. Sábado, a partir das 22h, n'A Autêntica, Rua Alagoas, 1.172, Savassi, (31) 3654-9251. Ingressos: R$ 30.

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