Tiago Abravanel se diz consciente de que deve batalhar por conta própria

Neto de Silvio Santos, não esconde a admiração pelo avô e assegura que o sobrenome não garante conquistas

por Helvécio Carlos 27/02/2016 08:00
CAIO GALLUCCI/DIVULGAÇÃO
(foto: CAIO GALLUCCI/DIVULGAÇÃO)
O sobrenome sempre esteve lá, mas ser um Abravanel, neto de Silvio Santos, não foi um forte na formação profissional de Tiago, de 28 anos, um dos atores mais conhecidos de sua geração. Claro que, por uma vez, durante audição para projeto da mãe, “bateu”, como ele reconhece, certo deslumbramento com o nome de peso.


“No meu inconsciente, por achar que ser filho de quem era bastaria, tinha certeza de que a vaga era minha. Mas não passei no teste, e a ficha caiu. Fazer parte de uma família, ser filho de quem é não vai favorecer em nada sua vida profissional. É preciso correr atrás dos objetivos. E isso fez toda a diferença em minha vida”, diz ele, que esteve em Belo Horizonte na semana passada, para mais um de seus disputados shows em casamento.

Se o sobrenome famoso não tem peso para abrir todas as portas, Tiago não esconde o orgulho de ser neto de quem é. “No quesito comunicador e animador, ele (Silvio Santos) é fantástico, um dos melhores do Brasil, se não o melhor. É minha inspiração”, elogia. “Óbvio que o sobrenome chama a atenção. Muitas pessoas que o admiram encontram em mim a forma mais próxima de chegar ao Silvio. Com o público mais velho é uma loucura. Elas me amam, e essa relação é muito boa”, diverte-se.

Silvio também é fã do neto famoso e, volta e meia, faz elogios indiretos ao talento do rapaz. “Sempre recebo um comentário positivo do meu avô. O curioso é que a minha carreira nos aproximou mais do que nos distanciou.” Como furacão que é, não dá para esperar o dono do Baú em todas as estreias do neto, sentadinho na primeira fila. “Ele demora, mas aparece”, conta Tiago, revelando que a produção reserva local especial para o avô, para garantir que o assédio dos fãs não comprometa o andamento do espetáculo.

Assim como é impossível dissociar Tiago do apresentador, não dá para pensar no ator sem se lembrar de Tim Maia, um dos maiores sucessos do teatro musical brasileiro nos últimos anos, estrelado por ele. Tiago lembra com entusiasmo de cada detalhe do projeto. “Não imaginávamos que aquele trabalho iria se transformar em sucesso.” Ele diz que foi o primeiro dos 20 candidatos na audição e enfrentou resistência do diretor João Fonseca, que achava desnecessário que ele fizesse o teste. “Ele (Tiago) é paulista e branco”, argumentou Fonseca, apontando para uma imagem de Tim – carioca e negro. O teste foi tão bem-sucedido que o papel que seria dividido para dois atores ficou só para Tiago por um ano e meio.

Tim Maia, vale tudo – O musical é um marco na carreira do ator, mas não é o único musical em sua trajetória. “Já fui o engenheiro mais novo em todas as montagens de Miss Saigon. Aos 18 anos, interpretei uma personagem de 40”, diz ele, que entrou para a produção como ensemble, mas acabou ficando por três meses como substituto do ator Marcos Tumura. A admiração pelo teatro musical surgiu ainda na adolescência. “Quando descobri que podia cantar no coral do colégio, falei: ‘Vou me jogar’. É isso que amo e acho que dou conta de fazer.”

Do teatro musical passou por novelas como Salve, Jorge (2012), longas como Crô – O filme (2013) e Amor em Sampa, que estreou nesta semana nos cinemas. Ele também está na série Chapa quente (Globo), cuja segunda temporada está sendo gravada, e no infantil Meu amigo Charlie Brown, que estreia em 5 de março, em São Paulo. Pensa que parou por aí? Que nada! Tiago ainda roda o país com a banda formada com os músicos que o acompanharam no musical de Tim Maia.

Em 18 de março, ele será atração de festa no Minas Tênis Clube. Um de seus objetivos é aprender novos estilos de música e técnicas de dança. “Já fui muito mais dedicado aos estudos. Hoje em dia, com a agenda meio porradeira, fica difícil, mas sou dedicado. Quero poder fazer o melhor do meu trabalho.” Rotina é palavra que não está no seu vocabulário. “Cada semana, uma coisa diferente. É muito difícil estabelecer uma rotina. Em uma semana, por exemplo, às vezes faço oito viagens de avião. Às vezes acordo sem saber onde estou. Não posso reclamar, tenho saúde, mas é puxado.”

Tiago se considera rato de coxia. Desde garoto, acompanhou a mãe, Cíntia Abravanel, no dia a dia do Teatro Imprensa, fundado no final dos anos 1990. “Sempre vivi no meio do teatro. Cresci com minha mãe trabalhando como gerente no Imprensa”, conta ele. Ainda nos tempos de escola, emendou Avoar, de Vladimir Capela; Aroma do tempo, musical de Arthur de Azevedo; e Você não soube me amar, só com músicas dos anos 1980. “Era uma loucura, mas foi maravilhoso.”

Tiago se diz também um cara organizado, planejado. “Mas, especialmente na minha carreira, nada foi planejado. Foi muito de circunstâncias da vida. Tenho sonhos, vontade e me dedico muito para que eles possam ser realizados.” Sua banda surgiu depois que o proprietário de uma churrascaria no Rio de Janeiro fez um convite para que ele – no auge com o espetáculo de Tim Maia – e os músicos tocassem em um réveillon da casa. Deu certo, como tudo até agora tem dado na carreira do neto de Silvio Santos.

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