Discos religiosos têm bom desempenho no mercado

Alessandro Campos, conhecido como o Padre Sertanejo, vendeu 900 mil unidades de "O que é que eu sou sem Jesus?". O número equivale a seis discos de platina

por Rebeca Oliveira 07/12/2015 10:31
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(foto: Divulgação)
Com a consolidação de novas formas de consumir música, como os serviços de streaming, a música digital conseguiu um feito que, na década passada, seria considerado improvável: igualar a venda a de discos físicos. Segundo a Federação Internacional da Indústria Fonográfica (IFPI), o fato aconteceu pela primeira vez este ano e colocou em xeque a indústria fonográfica.

No entanto, um segmento musical em específico tem se sobressaído por navegar em ondas opostas. É comum que, a cada lançamento, discos de padres, pastores e cantores religiosos registrem bons resultados de venda. São louvores que salvam os fiéis e também a indústria.

Alessandro Campos, conhecido como o Padre Sertanejo, vendeu 900 mil unidades de O que é que eu sou sem Jesus?. O número equivale a seis discos de platina. O cantor a serviço do Senhor ficou à frente de artistas consagrados da música popular, como o rei Roberto Carlos. Por esse motivo, foi o único brasileiro presente na lista dos 50 discos mais vendidos de 2014, de acordo com a mesma IFPI, que previu uma queda ainda maior na venda de discos físicos em comparação com novas mídias.

Sonho
“Eu fiquei surpreso e, ao mesmo tempo, muito feliz com isso, porque é um sonho que trago desde minha adolescência, quando fui pela primeira vez a um show do Zezé di Camargo & Luciano. Naquele momento, eu já estudava para ser padre e senti no meu coração o grande desejo de um dia estar naquele palco”, afirma.

No entanto, ele reitera que a maior preocupação não são as cifras ou recordes de vendas. “Eu sou padre. Não me sinto um cantor, mas me acho afinado. Só uso a música sertaneja, uma música simples, para levar a palavra de Deus”, conta.

São muitas as razões para que nomes como o de Alessandro se juntem aos populares Marcelo Rossi e Fábio de Mello (que se apresenta em Brasília no próximo dia 18) nas listas de mais vendidos. Uma das principais é o preço dos discos, geralmente a metade do praticado por outros artistas.

Outra é a flexibilização do discurso cristão, indo ao encontro do que prega, por exemplo, o Papa Francisco, que virou ícone pop.

O movimento não se restringe ao catolicismo e se estende à Igreja Evangélica, que equivale a quase 25% da população brasileira, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia a Estatística (IBGE). Recentemente, o cantor gospel Fernandinho lançou o CD Galileu, o 10° da carreira. O religioso é conhecido pelas melodias pop e rock e faz sucesso entre fiéis mais jovens.

Mas o cantor afirma que não trabalha de acordo com o mercado. “Se amanhã Deus me der algumas canções que sejam um samba reggae ou um forró, eu vou fazer. Eu não tenho ideologia de fazer apologia, na verdade, a um estilo ou a um segmento”, acredita o músico nascido em Aracaju (SE). “Nós não somos anjos. A gente não vive andando de asa. Isso para mim é muito tranquilo, não se separa a questão da funcionalidade das coisas e a parte espiritual. O conteúdo da minha mensagem tem que ser fiel à palavra de Deus”, encerra.

Quando Deus quer, ninguém segura
Novo CD do Padre Alessandro Campos. Som Livre, 17 faixas. Preço: R$ 9,70.


Rosa de Saron acústico e ao vivo 2/3
Disco do grupo Rosa de Saron. Som Livre, 17 faixas. Preço: R$ 21,90. 17 faixas. Preço: R$ 21,90.

Galileu
10º disco do cantor gospel Fernandinho. Onimusic, 15 faixas. Preço: R$ 19,90.

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