Comandada por mulheres, Semana Hip Hop Alto Vera Cruz ocupa 10 espaços da capital

Desfile e pocket show de Lana Black e Sarah Guedes serão apresentados hoje no CRModa, com entrada franca; programação prossegue até 5 de dezembro

por Shirley Pacelli 25/11/2015 18:04
Arquivo pessoal
"Agora são as mulheres tomando à frente", destaca a rapper Lana Black (foto: Arquivo pessoal)

Shows, exibição de documentário, exposição de grafite, sarau literário, performances de b-girls, batalhas das MCs e até desfile de moda. Tudo produzido por guerreiras do hip-hop mineiro. Essa é a proposta da 2ª edição da Semana Hip Hop Alto Vera Cruz, que começou nesta terça-feira, 24, e se estende até 5 de dezembro em Belo Horizonte. O evento é realizado pelo Centro Cultural Alto Vera Cruz, mas ocupará 11 espaços da cidade.

Em uma construção colaborativa, a Semana contou com a produção de aproximadamente cem mulheres. Hoje à noite, o Centro de Referência de Moda recebe o pocket show de Lana Black e Sarah Guedes. As rappers farão a trilha para o desfile das marcas Lolita Az Avessas, da estilista Lorena Santos, e Red Nails, da grafiteira Carolina Jaued e Fabiana Santana.

Lana Black, de 31 anos, atua na cena do hip-hop desde meados de 1997. No segundo semestre de 2016 ela pretende lançar o disco Ritmos poéticos, que mescla os  beats do rap com reggae. Lana destaca a importância da iniciativa para o reconhecimento das artistas locais. “Não havia espaço para a gente na cena. Fazíamos participações em shows de rappers ou cantávamos em eventos que homens produziam e nos convidavam. Agora, são as mulheres tomando à frente”, afirma.

Para Lana, o evento será um marco, pois agrega uma programação diversa e promove debates sobre gênero e sexualidade. No domingo, 29, ela integra o time de cantoras do show Empoderadas! e sobe ao palco com as Meninas de Sinhá, no Parque Municipal. A apresentação faz parte da programação do Festival de Arte Negra 2015.

Áurea Carolina, ativista integrante do Fórum das Juventudes da Grande BH, vai mediar o debate “Feminismo e Hip hop: ativismo em quatro elementos”, na próxima quarta-feira, dia 2. A discussão contará com a presença de Miss Black, Polly Honorato, Black Josie e Bárbara Sweet. Para ela, existe uma tendência de difusão do feminismo em todos os setores da sociedade e, principalmente, no hip-hop, que tem linguagem política forte.

João Neto/Divulgação
Desfile: coleção nova da Lolita Az Avessas (foto: João Neto/Divulgação)
“As mulheres trazem essa perspectiva de pautar as relações nesses espaços e serem cada vez mais protagonistas. O hip-hop é um cenário dominado por homens. Elas encontraram mais espaço, porque brigaram por ele”, opina.


A ativista avalia que as mulheres têm se fortalecido por meio de encontros como esse, compartilhando questões e criando um novo cenário, com menos espaço para violência, opressão e machismo. “Não estamos em segundo plano, como aconteceu antes”, afirma.

O Centro Cultural Alto Vera Cruz receberá oficinas e exibição do documentário A arte de ser, além da abertura da exposição Lá do Alto, retratando mulheres guerreiras do bairro. Na quarta-feira, dia 2 de dezembro, será realizada a inauguração do auditório Valdete Cordeiro, líder do grupo Meninas de Sinhá, que faleceu em 2014. 

 

Gilberto César Vieira, gestor do Centro Cultural Alto Vera Cruz, conta que, tradicionalmente, o Alto Vera Cruz já é uma comunidade de mulheres fortes. "Vamos fazer uma homenagem à Valdete Cordeiro, que sempre trabalhou essa questão do empoderamento feminino”, complementa. 

 

 

 

SERVIÇO
Desfile e pocket show com Lana Black e Sara Guedes

Hoje, às 19, no CRModa (R. da Bahia, 1149 - Centro, BH). Entrada franca, sujeita à lotação do espaço (90 lugares).

 

2ª edição da Semana Hip Hop Alto Vera Cruz

Até 5 de dezembro. No Centro Cultural Alto Vera Cruz, Teatro Marília, CRMODA, Centro Cultural Lá da Favelinha, Parque Municipal, Casa do Jornalista, Praça Che Guevara, Escola de Design, Centro Cultural São Geraldo e Escola Guignard. Todas as atividades são gratuitas. Acompanhe a programação completa aqui.

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