Jota Quest busca renovar seu som com 'Pancadélico', seu 8º disco de estúdio

Nome é uma fusão de 'pancadão' e 'psicodélico'. Banda fará turnê para comemorar duas décadas de carreira

por Ana Clara Brant 20/11/2015 09:02
RAMON LISBOA/EM/D.A.PRESS
Integrantes do Jota Quest, que lançam CD hoje e organizam show em solidariedade às vítimas da tragédia de Mariana para o mês que vem, em BH (foto: RAMON LISBOA/EM/D.A.PRESS)
Pelo visto, o clima dançante e descontraído do último CD, Funky funky boom boom, “contaminou” no bom sentido os integrantes do Jota Quest. É essa também a atmosfera do oitavo disco de estúdio da banda mineira, Pancadélico, que chega hoje às lojas e ao mercado digital. O produtor do trabalho anterior, o norte-americano Jerry Barnes, participa novamente da empreitada. “É como se fosse um trabalho só. O clima gerado pelo Funky... segue. Jerry está nos incentivando e vice-versa. É uma continuação astral”, afirma o vocalista Rogério Flausino.

No entanto, não se trata de um volume 2, como fazem questão de enfatizar os músicos, e sim de uma evolução. “O Pancadélico tem caminhos que poderiam estar muito bem no Funky funky boom boom, mas traz outras coisas. Ele extrapola um pouco e apresenta novidades bem interessantes. É uma preocupação nossa de não ficar repetindo uma fórmula. Mas lógico que a banda tem uma identidade que vai se repetir eternamente”, diz o guitarrista Marco Túlio Lara.

O nome do álbum veio de uma junção das palavras pancadão e psicodélico, apesar de o som do Jota não carregar necessariamente tintas psicodélicas, como lembra Flausino. Além da referência na banda de black music Funkadelic, a inspiração para batizar o disco veio dos traços que os renomados grafiteiros paulistas OsGemeos criaram especialmente para o grupo mineiro e que estão na capa do CD.

O baterista Paulinho Fonseca conta que os músicos sempre foram muito fãs d’OsGemeos e têm um amigo em comum, o DJ Roger Dee, que assina a capa do disco de estreia do Jota Quest, J.Quest – Independente, também com um grafite. “Desde a época do Funky funky..., a gente já tinha se aproximado deles. Fomos ao ateliê e falamos da vontade de ter uma capa assinada por eles. E, um dia, eles pintaram com essa arte fantástica”, conta.

Flausino revela que quando o grafite com traço old school psicodélico surgiu, em maio deste ano, o grupo ainda estava em processo de criação. “E como não se influenciar por isso? O grafite acabou nos ajudando a entender que estávamos indo por um caminho legal. Sem contar que tem essa coisa de se reencontrar com o início da carreira. Comemorar os 20 anos com um álbum novo, um espírito novo e renovado.”

BLECAUTE O fãs do Jota puderam sentir um gostinho de Pancadélico com a primeira música de trabalho do disco, que chegou às rádios e à internet na semana passada. O slow-funk-pancadão Blecaute, parceria com Anitta e com o produtor e guitarrista norte-americano Nile Rodgers, tem um quê daquelas composições dos anos 1970.

O clipe da música, que contou também com a participação d’OsGemeos, está programado para ser lançado no domingo, no Fantástico (TV Globo). O disco, que tem 13 faixas, conta com outras participações de destaque, como a do ex-baixista do Jamiroquai Stuart Zender, que compôs e produziu Mares do sul, em homenagem a Tim Maia. Arnaldo Antunes assina a faixa de abertura, A vida não tá fácil pra ninguém.

Groove, funk, disco, soul, reggae, pop e canções mais lentas norteiam Pancadélico, que foi finalizado em Los Angeles por engenheiros de som que também trabalharam em álbuns recentes de U2, One Republic e Katy Perry. “Cuidar do som nesse nível internacional é uma coisa que a gente sempre sonhou fazer. A coisa precisa bater legal no alto-falante”, salienta Flausino.

A turnê do novo disco deve começar no fim de março, dando início às comemorações dos 20 anos de carreira.

ARRANJO DE ORQUESTRA


Na próxima quarta-feira, o Jota Quest encerra, no Palácio das Artes, a turnê que está fazendo ao lado da Orquestra de Câmara Sesiminas, após percorrer 10 cidades que integram as regionais Fiemg em Minas Gerais. Os shows são gratuitos, voltados para convidados da indústria. Aberta em Divinópolis, a turnê passou por Ipatinga, Governador Valadares, Patos de Minas, Poços de Caldas, Montes Claros, Juiz de Fora, Uberlândia, Uberaba e Ituiutaba. “É um projeto muito bacana. Além de ter sido uma oportunidade de a gente rodar o interior de Minas. Foram apresentações muito benfeitas, bem-estruturadas, uma atmosfera ótima e sempre estiveram lotadas. A gente começa o show mais tranquilo, no clima da orquestra, e depois esquenta. É bem contagiante”, comenta o guitarrista Marco Túlio Lara.

PALCO PARA A SOLIDARIEDADE


O Jota Quest anunciou ao Estado de Minas que está se associando a outros artistas de renome nacional, como Caetano Veloso e o rapper Criolo, na organização de um show em benefício das vítimas da tragédia de Mariana. A ideia é que a apresentação, em Belo Horozinte, ocorra em 8 de dezembro, uma terça-feira, feriado na cidade.  “O foco é essa coisa terrível que está minando o nosso estado e também o Espírito Santo”, diz Flausino. Ele conta que diversos outros artistas estão sendo convidados pelo Jota Quest, que gostaria de contar com as presenças de Milton Nascimento e Samuel Rosa no palco. Criolo e o Caetano Veloso “também irão chamar uma galera”, avisa.

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