Wilson Sominal ganha caixa com nove discos e CD/DVD do Baile do Simonal

Material resume o auge da carreira na gravadora EMI-Odeon, com 12 LPs e 41 raridades

Kiko Ferreira 16/10/2015 08:50
Sérgio Rocha/O Cruzeiro/EM - 13/10/69
(foto: Sérgio Rocha/O Cruzeiro/EM - 13/10/69)
Com as edições dos livros Simonal – Quem não tem swing morre com a boca cheia de formiga, de Gustavo Alonso, e Nem vem que não tem – A vida e o veneno de Wilson Simonal, de Ricardo Alexandre, tudo o que poderia ser dito e especulado sobre uma das biografias mais controversas da música brasileira está escrito.

O filme Simonal – Ninguém sabe o duro que dei, dirigido por Claudio Manoel, Micael Langer e Calvito Leal, e a peça Simbora – A história de Wilson Simonal, em cartaz em BH, completam o quadro biográfico. A obra musical tem seu maior momento na caixa de nove CDs que leva o nome do artista, resumindo o auge da carreira na gravadora EMI-Odeon, com 12 LPs e 41 raridades. Ela também inclui a série CD/DVD O baile do Simonal, com artistas contemporâneos reverenciando o cantor e atualizando seus maiores sucessos.

Com o mesmo nome do musical, o CD com 18 faixas com seus maiores hits e duas faixas inéditas cantadas pelos filhos Max de Castro (Afrosamba) e Simoninha (Nanã) são excelente amostra da atemporalidade e do ecletismo de seu estilo.

Mesmo que seja mais conhecido pela liderança do “movimento” pilantragem, que o sempre esperto Carlos Imperial criou para vender discos e shows, o carisma e a popularidade ajudam a entender por que Simonal foi além de tribos e estilos.

Canção típica de festival (Sá Marina), bossa nova (Lobo bobo, Balanço Zona Sul), Jovem Guarda (Carango), Clube da Esquina (Aqui é o país do futebol), samba de Vinicius e Toquinho (A tonga da mironga do kabuletê), Jorge Ben Jor (País tropical, Sou flamengo, Zazueira, Brasil eu fico) e Chico Buarque (Cordão), além de jazz brasileiro (Nanã) e, claro, a trilha sonora da pilantragem (Mamãe passou açúcar em mim, Vesti azul, Meu limão, meu limoeiro, Nem vem que não tem) convivem com naturalidade na voz afinada e tropicalíssima de Simonal. Ainda tem espaço para a parceria política com Ronaldo Bôscoli no Tributo a Martin Luther King.

Se a esquerda brasileira um dia vai anistiar o personagem Simonal (1938-2000), não se sabe. Mas que a música que ele fez foi de alto nível, é difícil discordar.

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