Ídolos gays brilham na música pop

Cantores como Adam Lambert e Sam Smith fazem da música também uma bandeira contra a discriminação

por Correio Braziliense 12/10/2015 13:54

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AFP Photo
Adam Lambert colheu elogios por sua performance à frente do Queen no Rock in Rio deste ano (foto: AFP Photo)
Se passaram exatos trinta anos desde que o icônico Freddy Mercury abriu o primeiro Rock In Rio. Na celebração das três décadas de festival, nada mais auspicioso do que fechar o primeiro dia do evento com a banda que o abriu: Queen. Neste ano, no entanto, a falta do mestre do Glam rock, morto em 1991, foi percebida, mas não da forma que muitos acreditavam. O mundo viu com a apresentação de Adam Lambert, a existência de outros reis, que já foram coroados pelo público como os divos do mundo da música.

“Vocês amam Freddie Mercury? Eu o amo, e se não fosse por ele, não teria a menor ideia do que fazer aqui em cima”, disse Adam ao público médio de 80 mil pessoas na primeira noite do Rock in Rio 2015. O cantor substituiu de forma digna o antigo vocalista da banda que marcou gerações. Elogiado pela crítica, Adam não só cantou e dançou, ele foi quem era - gay. Com cinco trocas de roupas, indo do couro ao jeans, o ponto alto do glamour esteve no look oncinha com uma grande coroa dourada de rainha - nome da banda em português.

No mesmo festival, pouco mais de uma semana depois, outro rei. Sam Smith, com 23 anos, assumiu ser gay assim que lançou o primeiro álbum, no ano passado. Com apenas um disco, foi vencedor de quatro Grammys e dos prêmios Critics' Choice Award do Brit Awards e a Sound of 2014 da BBC, e seu hit Stay with me ficou entre os Hot 100 da Billboard e música do ano. O inglês também assinou no último mês a música tema do novo filme do 007, que está para estrear.

Durante o show, em meio a sorrisos e brincadeiras, Sam contou o que todos já sabiam. “As músicas do meu CD foram escritas para um rapaz que eu amei e que partiu meu coração”, justificando as letras tristes. Para se inspirar para um novo disco, uma promessa: “Vou beijar muitos rapazes para escrever mais”.

Representatividade

Segundo a professora da Universidade de Brasília, Valdenízia Bento Peixoto, coordenadora do grupo Sexuss (sexualidade no serviço social), a representatividade é muito importante. “Antigamente, jovens e adultos gays não tinham referencial. Não existia um modelo diferente de sexualidade, alguém que representasse a pluralidade de gênero e sexualidade” diz. A professora acredita que o mundo está abrindo os olhos para o tema, mas o conservadorismo cresce em resposta a isso. “É fundamental que a arte tenha esse papel na militância pela representatividade gay”, conclui.

A opinião de quem é fã e esteve nos shows também é a mesma. Douglas Borges, estudante de biblioteconomia na UnB, esteve no Rock in Rio. “Eu acredito que na sociedade em que vivemos as minorias não querem mais se esconder, elas demandam uma mudança de pensamento social, e ter artistas assumidamente gays, é não só um resultado disso, como também um passo importante para que isso ocorra”, defende. O brasiliense acompanhou os shows no Rio e voltou mais confiante. “O meio artístico sempre foi um formador de opiniões. É incrível que os jovens gays de hoje tenham figuras públicas para se inspirar, se identificar e para olhar para eles e pensar "se o Adam Lambert pode se abertamente gay e ser feliz, aceito e bem sucedido, eu também posso. É uma forma de empoderamento”, acrescenta.

Não são só os estrangeiros que fazem parte dessa luta pela visibilidade. Aqui no Brasil, nomes tem surgido no contexto cultural e abordam de forma clara a sexualidade, seja nas composições, clipes ou shows.

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(foto: Divulgação)
Thiago Pethit

O paulista de 31 anos tem dois discos lançados e faz o estilo subversivo. Em suas letras e clipes, a sexualidade é apresentada de forma livre. Nus, femininos e masculinos, cenas de sexo e a profunda relação do ser humano com o corpo. “A sexualidade é importante como elemento de linguagem. Ela é como sua cor, seu peso. Está intrinsecamente ligado a quem você é”, diz.

Apesar de ser assumidamente gay, Thiago trabalha a liberdade com relações gays e heterossexuais. No clipe de Moon, música do primeiro CD, o protagonista experiência relações sexuais com outros homens. “Eu gosto de trabalhar esse tema como uma forma de liberdade. O que o clipe tenta dizer é que ser gay, ali, pode ser libertador”, explica.

No quesito representatividade, Thiago concorda. “É importante que as minorias apareçam, que elas tenham rostos, nomes. Sejam figuras de destaque”.

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Filipe Catto

Caso não conheça pelo nome, com certeza reconhecerá pela voz. O gaúcho, radicado em São Paulo, de 28 anos, é responsável pela música Saga, trilha sonora da novela Cordel encantado; por Adoração, do remake de Saramandaia; e ainda  por Flor da idade, que estevem em Joia rara. Todas essas novelas da Rede Globo.

O cantor, sai um pouco do pop e faz sucesso na MPB, sendo chamado, a contra gosto, de “o novo Ney Matogrosso”. Com dois discos de estúdio e um CD e DVD ao vivo, Filipe Catto faz sucesso sobre os palcos pelo Brasil. Em seu último lançamento, no álbum Tomada, o artista tem parcerias com Moska, Marina Lima e Caetano Veloso.

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Johnny Hooker

Em plena ascensão na carreira, o novo sucesso do pop/MPB brasileiro vem com androginia e muita atitude. Johnny Hooker é além de cantor e compositor, ator e roteirista. Foi vencedor do Prêmio da Música Brasileira como Melhor Cantor na categoria Canção Popular e também está presente nas trilhas sonoras de novelas da Globo. Volta, no filme Tatuagem; Amor Marginal, trilha da novela Babilônia; e Alma Sebosa na novela Geração Brasil, na qual Johnny interpretou o personagem Thales Salgado.

Seu primeiro disco solo, Eu Vou Fazer Uma Macumba pra Te Amarrar, Maldito! foi número 1 no chart MPB do iTunes Brasil e alcançou primeiro lugar na plataforma de streaming Deezer.

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