Milton Nascimento recebe cantora portuguesa Carminho para shows em Belo Horizonte

Apresentações deste fim de semana prometem ser uma celebração do afeto. Shows vão acontecer no Sesc Palladium. Carminho faz ainda apresentação solo no Inhotim

por Ana Clara Brant 18/09/2015 09:30

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Anderson Rocha/Divulgação
Carminho e Milton Nascimento selecionaram um repertório de fados e clássicos da MPB para o show no Sesc Palladium (foto: Anderson Rocha/Divulgação)
Uma das mais talentosas e inovadoras cantoras da nova geração da música portuguesa, Carminho, de 31 anos, já esteve em várias cidades do Brasil. Porém, neste fim de semana, ela vai conhecer um lugar que sempre desejou: Minas Gerais. E terá um anfitrião mais do que apropriado, Milton Nascimento. “Não vejo a hora de apreciar um pão de queijo legítimo. Milton me disse que a comida daí é maravilhosa”, brinca a simpática fadista.
 
Mais do que se deliciar com a famosa culinária mineira, a artista terá um momento especial na carreira. Carminho vai dividir o palco novamente com Bituca, de quem se tornou fã e amiga. “Nunca estive em Minas. Tem sido uma felicidade e uma honra inenarrável cantar ao lado dele e agora que vamos estar na capital mineira a alegria é maior ainda, porque o Milton sempre fala de um amor tão grande pela sua terra. Sem contar que ainda vou me apresentar em Inhotim, que todos falam que é lindo”, celebra.

Na agenda O show de Milton e Carminho no Sesc Palladium será hoje e amanhã; no domingo, ela canta em Inhotim. Os dois se conheceram em 2012 durante o encerramento das Festas de Lisboa, evento com vários artistas lusitanos que contou com a participação do cantor e compositor mineiro. “Fiz um show aberto para 20 mil pessoas, com orquestra sinfônica e a participação especial de Ana Moura, Antônio Zambujo (músicos portugueses) e, para a minha surpresa, esse fenômeno chamado Carminho. Depois disso, nunca mais nos separamos. Cantamos juntos outras duas vezes em Portugal, e também em Natal, Fortaleza e em São Paulo”, conta Milton.

Se Bituca é só elogios à fadista, ela então não consegue esconder a satisfação e o orgulho de fazer um dueto novamente com aquele a quem chama de “mentor” e de “mestre dos mestres”. A cantora se diz impressionada com a sabedoria do colega e comenta que estar ao lado dele tem sido uma alegria e um aprendizado constante. “Sem falar que sua voz é orgânica, vem da alma, é única. Milton tem um estilo próprio que contagia o mundo. Sinto-me uma intérprete de uma música que fala ao coração, e a música do Milton Nascimento é exatamente isso”, descreve.

Na primeira parte do show no Sesc Palladium, Carminho subirá ao palco, ainda sem Bituca, para apresentar oito canções do seu terceiro disco, 'Canto'. Nesse momento, ela estará acompanhada pela banda formada por Luis Guerreiro (guitarra portuguesa), Marino de Freitas (baixo) e André Silva (percussão). Logo em seguida será a vez de Milton Nascimento interpretar composições que representam o outro lado do espírito multifacetado do artista, como Sueño con serpientes. As novidades ficam por conta de 'Idolatrada' e 'Dois irmãos', numa versão surpreendente da canção de Chico Buarque.

Após as performances individuais, Milton e Carminho vão finalizar juntos o espetáculo, apresentando ao público duetos com suas duas bandas tocando fados e clássicos da MPB. Com o trio de músicos que sempre acompanha a cantora no Brasil – Alexandre Ito (contrabaixo) e os irmãos Wilson e Beto Lopes (violões) –, o show terá releituras de sucessos de Bituca na voz da portuguesa. “Além disso, vamos cantar músicas de outros artistas. Será uma celebração da amizade. E quando a gente faz com verdade e com entrega, tudo se torna mais bonito. Acho que o público vai gostar bastante”, acredita.


TRAJETÓRIA

Carminho foi introduzida na música brasileiro por meio das telenovelas. A primeira que tem lembrança é Gabriela. Desde então se tornou uma grande admiradora não só do gênero, mas da própria MPB. “Foi assim que a música do Brasil e os artistas chegaram até mim e a partir daí passei a pesquisar e a ir atrás e até hoje é assim. A cada dia me encanto mais com os cantores e compositores brasileiros”, destaca. Filha da também fadista Teresa Siqueira, Carminho diz que era praticamente inevitável seguir esse caminho, justamente pela genética. A influência materna foi sim um ponto essencial na sua escolha e hoje ela não se vê fazendo outra coisa na vida. “Cantar, não só fado, é como respirar, comer, dormir; é vital. Está no meu sangue, na minha alma e na minha essência”, resume.
 
Assista ao vídeo de 'Cais', com Milton nascimento e Carminho:
 
 
 
Três perguntas para...
Milton Nascimento

O que mais chama a atenção na Carminho?
A primeira coisa que sempre me chama a atenção numa pessoa é a amizade. Tudo começa por aí. Sem isso, nada funciona. Primeiro de tudo deve haver uma troca de afinidades, de carinho e de honestidade entre as pessoas. Só então pode acontecer uma relação profissional. E a Carminho, antes de tudo, é uma grande amiga e, como cantora, uma das mais impressionantes que já conheci.

Você já se apresentou com outras artistas portuguesas, como a Mariza e a Eugénia Melo e Castro. Pelo visto sua música cai muito bem para as intérpretes lusitanas. De maneira geral, o que elas têm de diferencial?
Nunca faço um trabalho pensando no diferencial de uma forma automática, tudo na minha vida é sempre muito natural... Foram experiências que ocorreram sem nenhum tipo de imposição. Simplesmente ocorreu, e isso me deixa muito feliz.

De que maneira sua música se aproxima da música portuguesa?
A música não tem fronteiras, nem barreiras de linguagem e muito menos separações geográficas. Quando morava com meus pais, Lília e Zino, em Três Pontas (MG), em minha casa sempre tocava fado. Minha mãe, principalmente, gostava muito. Então, sempre tive uma proximidade com a música portuguesa.


Milton Nascimento & Carminho
Hoje e amanhã, às 21h, no Sesc Palladium (Rua Rio de Janeiro, 1.046, Centro). Ingressos entre R$ 100 e R$ 240. Informações: (31) 3270-8100.

Carminho em Inhotim
Domingo, às 15h, no Palco Magic Square do centro de arte de Brumadinho (acesso pelo Km 500 da BR-381). Entrada por ordem de chegada, com lotação de 1.500 pessoas. Ingressos a R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada)

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