Cidadãos tomam as vias da capital e desfrutam do espaço público na Virada Cultural

Público transformou as ruas agitadas do dia a dia em palco de diversão e irreverência

por Flávia Ayer 14/09/2015 11:31

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Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press
Público lota a Rua Rio de Janeiro, no Centro de Belo Horizonte, para participam do Baile do Simonal, comandado por Simoninha e Max de Castro (foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)
Cadeiras de praia na Savassi, toalhas estendidas nos gramados do Parque Municipal Américo Renné Giannetti, um lounge no Viaduto Santa Tereza, samba na Praça Sete, muita irreverência na Rua Guaicurus. Em plena madrugada, Belo Horizonte pulsava como no mais frenético de um dia de semana. Seja no coração da cidade, na Praça Sete, ou na tradicional área boêmia, na Rua Guaicurus, passando pela Praça da Estação ou na Praça Geralda da Mata, na Pampulha, a cidade foi ocupada por pessoas de todas as idades, que circularam durante as 24 horas da 3ª Virada Cultural para conferir as cerca de 600 atrações.


As praças, ruas e parques receberam aproximadamente 500 mil pessoas das 19h de sábado às 19h de ontem, de acordo com balanço divulgado pela Fundação Municipal de Cultura. Ontem à tarde, as Baianas Ozadas, seguindo a tradição carnavalesca, arrastaram multidão para lavar as escadarias do Edifício Sulacap, no Centro. Uma hora antes de encerrar a maratona de muita festa e diversão, o grupo pediu um minuto de silêncio por um mundo com mais compaixão e menos violência.

A edição 2015 da Virada mostra que Belo Horizonte encontrou o caminho para a realização de eventos no espaço público. Depois do renascimento do carnaval de rua embalado pelos blocos, desde 2009, e a Noite Branca, em 2012, e as duas edições anteriores da virada, os belo-horizontinos estão à vontade para ocupar os espaços públicos da cidade e, cada vez mais, mostram irreverência em eventos inusitados que já fazem parte do movimento cultural de ocupação da cidade, como o Mundialito de Rolimã Abacate e a Gaymada, no Parque Municipal.

A Praça da Estação foi ocupada, no sábado, por cerca de 15 mil pessoas, que cantaram e dançaram ao som do melhor rock’n’roll. A noite teve início com a homenagem ao compositor Fernando Brant, morto em 12 de junho passado. O tributo foi capitaneado por Marina Machado, Renegado, Toninho Horta, Raquel Coutinho e Pedro Morais, que emocionaram o público. Na sequência, ao som pesado do Sepultura, banda com origem em Minas que ganhou o mundo, o público se entregou aos “moshs” ao melhor do estilo heavy metal.

Em um vai e vem frenético, o público prestigiou o palco da rua Guaicurus, que se tornou a embaixada da irreverência. O glitter e purpurina deram o tom da festa, que recebeu a descontração do mineiro Marcelo Veronez e o suíngue do guitarrista paraense Felipe Cordeiro. Cerca de 3 mil pessoas foram ao delírio com Keila Gaga, que fez cover de Lady Gaga. A turma descolada da Virada ainda acompanhou o Duela BH, com a disputa entre os melhores dançarinos de passinho, vindos das comunidades da capital mineira.

No outro lado da cidade, na Praça Geralda da Mata, na Pampulha, o público se divertiu com Chitãozinho e Xororó. Todo iluminado, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti recebeu um público itinerante de cerca de 50 mil pessoas, segundo dados da Guarda Municipal. Durante toda a madrugada, formaram-se fila para as pessoas entrarem. No Palco Gramado, a Orquestra Sinfônica Arte Viva recebeu Ivan Lins, que chamou o público para cantar junto sucessos do compositor e também clássicos da música mineira.

Não era praia nem dia, mas não faltou quem estendesse a canga no gramado para aproveitar a programação. O clima lembrava os festivais tão comuns em parques pelo mundo. A segurança foi feita por guardas municipais em viaturas e motos. Cerca de 35 homens foram empenhados para atuar no parque. O comandante da guarda, Rodrigo Sérgio Prates, informou que não foram registrados incidentes mais graves durante a Virada, com ocorrências de pequenos furtos. O balanço deverá ser divulgado hoje.

CHUVA  A meteorologia previu temporais, mas São Pedro abençoou a Virada. A Prefeitura de Belo Horizonte se preparou para distribuir capas e estender tendas. As 12 primeiras horas foram sem chuva, mas, no domingo de manhã, ela atrapalhou parcialmente as apresentações, como o encontro das Baterias de Minas previsto para a Praça da Estação, que foi cancelado. No fim da tarde de ontem, a chuva voltou, mas não interferiu nas apresentações.

ATRASO  Se São Pedro colaborou, pegou mal o atraso do show do grupo de samba Molejo, que encerrou o evento. Os rapazes subiram ao palco às 21h14, duas horas e quatorze minutos depois do horário marcado, na Praça da Estação. O público se irritou.

Savassi vira palco-problema

Na Virada Cultural, a Savassi de todas as tribos virou a Savassi de todas as gangues. A programação gratuita no coração da Zona Sul serviu de chamariz para grupos de infratores atuarem em massa. Apenas na noite de sábado e madrugada de domingo, a região recebeu 18 apresentações de jazz e música brasileira em cinco palcos, que eram ilhas de cultura num mar de tensão. A presença da Polícia Militar (PM) e da Guarda Municipal não conseguiu evitar diversos arrastões motivados por brigas e furtos de celular. Em um deles, foi necessário interromper o show de Wagner Souza Septeto por 10 minutos – a plateia chegou a subir no palco para se proteger.

A maior parte do público, formada por adolescentes que carregavam garrafas de bebidas alcoólicas, não estava interessada na programação. “A gente gosta é de funk. Só que ninguém tá aqui para se divertir, a gente tá aqui pra roubar”, contou um adolescente de 17 anos, que se identificou como Barão, morador de Contagem, na região metropolitana. Pelo menos sete pessoas foram presas pela PM por furto de celular. “Acontece um arrastão generalizado e não tem nenhum policial aqui perto”, reclamou Rodrigo Thiago, roading do Palco Status, no quarteirão da Rua Pernambuco esquina com Rua Tomé de Souza. 

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