Madonna estreia hoje a turnê 'Rebel heart'; o que esperar do novo show da rainha do pop?

Primeira apresentação do espetáculo em Montreal, no Canadá, coloca fim às especulações sobre setlist

por Bossuet Alvim 09/09/2015 06:00

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Live Nation/Divulgação
Décima turnê na carreira de Madonna, 'Rebel heart' não tem datas divulgadas para a América do Sul, um cenário que pode mudar de acordo com o sucesso das primeiras etapas (foto: Live Nation/Divulgação)
A cada dois ou três anos a história se repete: Madonna lança um álbum, alguns clipes e, com estes, nasce a expectativa por uma nova turnê da rainha do pop. Também se repetem os esquemas de rumores e as dúvidas que ocupam as cabeças de milhares de seguidores da popstar em todo o mundo. Quais faixas novas estarão no show? De que maneira os hits das três décadas de carreira serão encaixados à nova proposta? Na prática, as especulações só têm fim com a estreia do espetáculo, mas nada impede que fãs criem suas próprias listas de canções, ou setlists, e divulguem-nas na internet como se fossem informação vazada dos bastidores.

 

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Quando a 'Rebel heart tour' estrear nesta quarta, 9, em Montreal, no Canadá, o público estará munido de poucas certezas. Uma delas é o retorno do questionamento de figuras religiosas nas performances, como antecipado em vídeos divulgados pela equipe da artista.

 

Nas imagens, que podem representar um segmento do show ou um vídeo a ser exibido nos gigantescos telões, dançarinas vestidas como freiras capricham em coreografia sensual no pole dance. Figurinos inspirados nos cavaleiros templários e na santa católica Joana D'Arc — uma das personas assumidas pela cantora no último álbum — também aparecem nas prévias oficiais.


A formação como dançarina veio muito antes de Madonna Louise Ciccone sequer cogitar uma carreira aos microfones. Aos 20 anos, a mulher que um dia seria a cantora mais conhecida do mundo dedicava-se exclusivamente à dança na Universidade de Michigan. Foi em busca de projeção como bailarina que ela abandonou o curso e mudou-se para Nova York, em 1978, e os trabalhos nesse campo ajudaram-na a se manter na cidade antes que a fama chegasse. É natural, portanto, que ela valorize seu corpo de artistas coadjuvantes e participe pessoalmente das seleções comandadas por coreógrafos. Partes destas audições também foram veiculadas como aperitivo da 'Rebel heart tour' e trazem muitas caras novas para o time da turnê mundial.

Nos últimos meses, Madonna tem alimentado a ansiedade de seu séquito com postagens no Instagram que citam trechos de canções. A lista de teasers inclui 'La isla bonita', 'Holiday', 'Into the groove', 'Deeper and deeper', 'Dress you up' e 'Who's that girl'. Até mesmo um cover de 'Whole lotta love', do Led Zeppelin, encheu os olhos e ouvidos dos que admiram a esforçada guitarrista. Criou-se a teoria de que as faixas mencionadas na rede social estariam confirmadas na nova superprodução, um provável engano quando se considera o apego que a popstar nutre pelo elemento surpresa sobre o palco.

Com ela, nada é garantido: os principais sucessos do trabalho mais recente podem ser dados como presença certa, mas a forma como as músicas chegarão ao show sempre pode surpreender. Na 'Sticky & sweet tour' ela embalou o clássico 'Vogue' (1990) na instrumentação de '4 minutes' (2008), colaboração com Timbaland e Justin Timberlake.

 

Vogue ('Sticky & sweet tour', 2008)

 

A turnê mais recente, 'MDNA' (2012), trouxe ao Brasil a versão piano e voz de 'Like a virgin' (1984) e uma releitura distorcida, quase rock, do hit dançante 'Hung up' (2005). Na 'Confessions tour' (2006), canções de outras eras como 'Erotica' (1992) e 'Lucky star' (1983) foram reapresentadas em produções que homenageavam a música disco dos anos 70. Seu único espetáculo passível do rótulo de “grandes sucessos”, a 'Re-invention tour' (2004) encantou os fãs por revisitar todas as etapas da carreira em arranjos completamente alterados.

Resta aguardar para saber quais das 20 faixas do disco 'Rebel heart' chegarão ao palco e, de acordo com a geração de cada fã, quais serão os clássicos que reconquistarão os vocais da diva. Depois de solucionadas essas dúvidas, o desafio é ainda maior para os ansiosos: a programação das últimas partes da turnê só deve ser divulgada após as primeiras semanas de shows, e é dali que virão boas ou más notícias quanto à possível quarta passagem de Madonna por estádios brasileiros.

Jean-Baptiste Mondino/Warner/Divulgação
Madonna com o sutiã criado por Jean Paul Gaultier: cantora alcançou status de ícone da música pop graças à repercussão da 'Blond ambition tour' (1990), um projeto com muitos traços autorais (foto: Jean-Baptiste Mondino/Warner/Divulgação)
Construção de um mito
Dos 13 álbuns lançados por Madonna, apenas o debute homônimo, de 1983, e o sóbrio 'Bedtime stories', de 1994, não foram seguidos de turnê — enquanto 'Ray of light' (1998) e 'Music' (2000) dividiram o protagonismo da 'Drowned world tour', em 2001.

Baseada no disco 'Like a virgin' (1984), a primeira série de shows da cantora percorreu Estados Unidos e Canadá em 40 datas. As apresentações modestas, com banda e dois dançarinos, em pouco tempo tornaram-se arduamente disputadas e ganharam espaços com maior capacidade de público.

 

'Like a virgin' ('The virgin tour', 1985)


Os mais de 210 mil ingressos vendidos para a 'Virgin tour' abriram caminho para a primeira excursão mundial da artista, 'Who's that girl world tour' (1987), com passagens por América do Norte, Europa e Ásia. Sobre um palco constituído por uma escadaria e cercada de referências que iam de musicais da Broadway à Hollywood dos anos de ouro, Madonna passou a lotar estádios e alcançou status de estrela global.

 

'Papa don't preach' ('Who's that girl world tour', 1987)

 

Mas foi em 1990 que a cantora pop virou mito. Pela primeira vez a performer assumiu controle de uma turnê desde o conceito inicial e, inspirada no eclético álbum 'Like a prayer' (1989), tornou-se a Madonna registrada para a posteridade sobre o palco da 'Blond ambition tour'. Foi quando a artista tomou a chance de homenagear os próprios ídolos e representar sob os holofotes seus maiores conflitos e convicções.

Martha Graham, norte-americana considerada o Picasso da dança moderna, inspirava as coreografias desenvolvidas em parceria entre Vincent Paterson e a própria cantora. Os figurinos de Jean-Paul Gaultier criaram uma espécie de definição da popstar — a primeira imagem evocada pelo nome de Madonna dentro de algumas décadas ainda será, provavelmente, a do sutiã de cones criado pelo estilista francês. A submissão dos sete dançarinos, todos homens, à figura poderosa da protagonista representavam a ascensão de um discurso feminista e empoderador que percorreria toda a carreira da intérprete de 'Express yourself'.

 

'Like a prayer' ('Blond ambition tour', 1990)

 

Foi ainda na 'Blond ambition' que Madonna consolidou sua imagem provocadora, especialmente nos temas ligados à religiosidade. O concerto que trazia a cantora vestida de freira e reapropriando elementos cristãos em cena foi criticado por igrejas nos dez países por onde passou e chegou a ser alvo de recomendação negativa do Papa João Paulo II. A jornada de 57 apresentações foi registrada no filme 'Na cama com Madonna' (1991), que bateu o recorde de maior bilheteria da época para um documentário.

 

Confira trailer do documentário 'Na cama com Madonna' (1991):

 

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