Compositor e cantor Mosquito lança primeiro CD com aval de veteranos

Músico de 27 anos se lança no mercado com o apoio de veteranos como Arlindo Cruz, Jorge Aragão e Caetano Veloso

por Walter Sebastião 08/08/2015 08:00

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FERNANDO YOUNG/DIVULGAÇÃO
Reconhecimento merecido:''Malandro também ama'', diz Mosquito, que lança seu primeiro CD (foto: FERNANDO YOUNG/DIVULGAÇÃO)
Tem gente nova marcando presença expressiva no samba: Pedro Assad, 27 anos, nascido na Ilha do Governador (RJ). Como é magrinho, desde criança ganhou o apelido de Mosquito. Depois de tocar cavaquinho em rodas de samba, acabou elegendo o banjo como melhor amigo, com direito a tatuagem do instrumento nas costas. Ralou, batalhou, ganhou admiradores ilustres – como Caetano Veloso e Teresa Cristina. E agora está lançando o primeiro CD, que se chama 'Mosquito'. Das 13 canções do disco, oito são dele. Todas apresentadas com carinho de quem também cultiva o canto bem.


“Fiz o disco dos meus sonhos”, afirma Mosquito. “Coloquei nele verdade e autoria”, acrescenta, satisfeito em contar com a participação de Zeca Pagodinho e Xandy. Agora, ele convive com o desejo de que todos ouçam seu trabalho. Está muito curioso para saber a opinião dos ouvintes. “É samba à moda antiga, com linguagem nova”, explica com declarado encanto pelo partido-alto. Mas não só. Tem composição com levadas românticas. “Malandro também ama”, brinca. Outras são irônicas, de crítica social, tem samba rural e regravação de Não enche, de Caetano, aprovada pelo baiano (que se encantou com 'Só por hoje', de Mosquito).

As composições foram escritas nos últimos cinco anos e a mais antiga no disco é 'O destino escolheu'. 'O filho da mãe', observa, sempre foi bem recebida nas rodas de samba, rodou pela internet e não tinha como ficar fora do disco. “Gosto de composições com linguagem e melodia simples, que passem mensagens legais. E de fazer as pessoas rirem, mas também sei fazer sambas reflexivos, contando histórias que passaram bem perto de mim.” Exemplo dessa última vertente é 'O Dono da favela', sobre um garoto que gostava de jogar bolas e largou tudo para entrar no crime. Mosquito valoriza ainda letras que permitem muitas interpretações.

“Gosto de compor e, mais ainda, de estar no palco”, diz ele, sobre o cuidadoso equilíbrio entre repertório autoral e atenção ao canto. “Compor me relaxa, me traz paz, tira o estresse, me permite passar para o papel o que vivo ou estou sentindo. Cantar, estar no palco, é êxtase. Desligo-me totalmente, nem sei se é concentração ou prazer. Já passo o dia cantando pela casa, se tem gente ouvindo é o auge”, conta. Exemplos de compositores que admira (“são muitos”) são Zeca Pagodinho, Noel Rosa, Dicró, João Nogueira. “Eles têm identidade”, justifica.

Mosquito diz que se sente mais intérprete do que cantor. “Queria ter a voz do Emílio Santiago, mas gosto do meu jeito”, observa, com bom humor. O repertório, escolhido em parceria com Max Pierre, foi eleito sob medida para mostrar a cara de um artista que, adolescente, tomou gosto pela música na casa de um amigo (Leandro Vieira) do irmão que tinha uma enorme discoteca ligada à música brasileira. “Eu ia brincar, ficava ouvindo aquele fundo musical e acabei me apaixonando pela música”, recorda.

O primeiro passo em direção à carreira foi aprender cavaquinho, usado em pagodes com colegas, em locais próximos à casa dele. O sucesso, para Mosquito, veio da presença dos amigos. “Sempre soube o que queria, mas não se conseguiria”, observa, fazendo diferença entre tempos em que tudo era brincadeira e o começo das atividades profissionais. Na fase “séria”, um momento importante foi o lançamento do disco com participação de Caetano Veloso, Xandy, Arlindo Cruz, Jorge Aragão, Teresa Cristina e Pretinho da Serrinha. “Foi uma noite de sonho”, saboreia. O rapaz merece mesmo todo o apoio que vem recebendo.

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