Bahia recebe terceira edição do Festival Internacional da Sanfona

Evento vai contar com a participação de sanfoneiros do Brasil e convidados estrangeiros com shows, workshops e palestras

por Ana Clara Brant 14/07/2015 08:51

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Festival Internacional da Sanfona/Divulgação
Sanfoneira Ksenija Sidorova, da Letônia, se apresenta nesta terça no Festival Internacional da Sanfona, que ocorre em Juazeiro e Petrolina (foto: Festival Internacional da Sanfona/Divulgação)
Na terra de João Gilberto e Ivete Sangalo, a estrela nesta semana é um instrumento musical. Juazeiro (Bahia) recebe desta terça até sábado a terceira edição do Festival Internacional da Sanfona. Parte das atividades ocorre em Petrolina (Pernambuco) As duas primeiras edições ocorreram em 2009 e 2010. Com dificuldade para obter patrocínio, o evento foi interrompido nos anos seguintes. “Quando o criamos, a proposta era um festival totalmente dedicado à sanfona, com programação gratuita de shows, aulas, exposições, palestras e workshops”, diz o curador do projeto, o sanfoneiro e compositor Targino Gondim. “Vamos agora tentar manter o evento. Quando há uma valorização do instrumento, consequentemente valoriza-se o músico”, afirma.


Nesse retorno, algumas novidades vão marcar o festival. Uma delas é a presença de instrumentistas oriundos das cinco regiões do país: Toninho Ferragutti (SP), Bebe Kramer (SP) e Oswaldinho do Acordeon (RJ), representantes da Região Sudeste; Chico Chagas (AC), representante da Região Norte; Dino Rocha (MS), representante da Região Centro-Oeste; Quinteto Persch (RS), representante da Região Sul e Beto Hortis (PE), Quinteto Sanfônico da Bahia (BA), Rennan Mendes (BA), Daniel Itabaiana, Silas Souza (BA), Wanderley do Nordeste (BA), Flávio Baião (BA), Raimundinho do Acordeom (BA) e Elba Ramalho (PB) e o próprio Targino Gondim (PE), representantes do Nordeste. Há ainda convidados internacionais, como Ksenija Sidorova (Letônia), Alexander Hrvstevich (Ucrânia) e João Frade (Portugal) – acompanhado do guitarrista e violonista brasileiro Munir Hossn.

Outra inovação é o Concurso de Sanfoneiros, a ser realizado em três noites de disputa, O vencedor receberá R$ 18 mil e uma sanfona Lettice produzida em Campina Grande (PB). Os curiosos em conhecer uma sanfona por dentro e por fora vão poder conferir a Exposição de Montagem e Modelos de Sanfonas Leticce. O festival promove ainda workshops: A multiplicidade singular do acordeon, que será ministrado pelo português João Frade em parceria com Munir Hossn, e Música de Câmara, ministrado pelos músicos do Quinteto Persch.

Targino frisa que o objetivo principal do festival é mostrar a diversidade e a pluralidade desse instrumento, que remete à China antiga e foi aperfeiçoado séculos depois na Europa. “A maioria das pessoas sempre associa a sanfona ao forró, sobretudo no Brasil, mas ela vai muito além disso. Ela está presente em ritmos de vários países, como Rússia, Itália, França, Argentina, Alemanha. É um instrumento universal”, salienta. O sanfoneiro e curador do evento lembra que, no caso do Brasil, a história da nossa música mudou para sempre por volta da década de 1940, quando Dorival Caymmi e Luiz Gonzaga começaram suas trajetórias artísticas no Rio de Janeiro. “Dorival cantando o mar e Gonzaga cantando o sertão. Ali foi um momento-chave para a MPB. A sanfona passou a ser utilizada, e o brasileiro se apaixonou completamente por sua sonoridade”, analisa.

 

BAIÃO DE DOIS

Juazeiro e Petrolina foram escolhidas para sediar o Festival Internacional da Sanfona por unir dois estados (Bahia e Pernambuco) situados no coração do Nordeste e separados apenas pelo Rio São Francisco. Juazeiro fica a aproximadamente 500 quilômetros de Salvador, enquanto Petrolina está a cerca de 700 quilômetros do Recife. “Sem falar que os dois municípios são um celeiro enorme de sanfoneiros de qualidade, que saem não só daqui, mas da zona rural também”, diz Targino Gondim.

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