Suspeita de plágio de canções por Seu Jorge tem 1ª audiência no Rio

Músico é acusado de ter se apropriado indevidamente de seis músicas. Quatro das faixas tiveram papel decisivo na carreira de Seu Jorge

por Estado de Minas 20/06/2015 07:00

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Cynthia Salles/divulgação
Produtor de Brasília questiona na Justiça a autoria de seis músicas registradas por Seu Jorge na Biblioteca Nacional. Acusação foi feita há oito anos e primeira audiência aconteceu há um mês, no Rio de Janeiro (foto: Cynthia Salles/divulgação)
Rodrigo Freitas, mais conhecido como Kiko, acusa Seu Jorge de haver se apropriado indevidamente de seis músicas compostas por ele e por Ricardo Garcia. O caso começa em 2002, mas somente há um mês foi parar na mesa de uma audiência na 5ª Vara Cível do Fórum da capital, no Rio de Janeiro  – com Kiko e sua advogada, Deborah Sztajnberg, de um lado, Seu Jorge e seu advogado, Paulo Cesar Pinheiro Filho, de outro e a juíza Monica Quinderê no centro. Quatro das músicas em questão tiveram um peso decisivo na vida de Seu Jorge: 'Carolina', 'Tive razão', 'Chega no swing' e 'Gafieira S.A'. Segundo Kiko, duas outras feitas em parceria por ele e Ricardo, 'She will' e 'Não tem', também estão no nome do cantor. “Ele não as usou ainda, mas pode gravá-las a qualquer momento”, diz.

Ricardo Garcia, hoje um designer gráfico que vive em Miami, conta a mesma história que seu parceiro. Ele havia concebido um projeto em 1999 chamado 'Gafieira S.A.', um álbum que seria gravado em Brasília para depois render shows pelo país no formato bailes ao estilo samba-rock e gafieira. Depois de procurar Kiko para que ele produzisse o disco no Estúdio Blue Records, do próprio parceiro, Ricardo decidiu chamar Seu Jorge para participar do álbum como um dos cantores convidados.

No estúdio, sempre segundo a acusação, Seu Jorge tomou conhecimento das músicas. “Ele ficou por ali uma semana, mas o projeto não terminou e deu uma estacionada”, conta Kiko. Depois de três ou quatro meses, Ricardo trouxe Jorge novamente. Ainda sem o álbum finalizado, a segunda sessão de produção terminou, mas, antes de voltar ao Rio, Jorge pediu para levar uma cópia com as músicas gravadas. O projeto sofreu nova paralisação e, cerca de um ano e meio depois, Kiko chegou em casa, ligou a TV e viu Paula Lima cantando Tive razão.

REGISTRO
Kiko foi atrás e descobriu que não só 'Tive razão' como as outras que alega serem suas e de Ricardo também haviam sido registradas por Jorge na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro pouco tempo depois das pré-produções de Brasília. Decidiu então fazer o registro das mesmas em seu nome para provocar duplicidade e obrigar a Biblioteca Nacional a apurar a origem das autorias. Contratou advogados e diz ter provas contundentes para afirmar que é o dono do patrimônio.

Seu Jorge não aceitou falar por telefone com a reportagem, mas enviou um comunicado por intermédio de seus empresários: “O caso está sendo julgado pelo Poder Judiciário, como o de tantos outros artistas de todas as vertentes, e estamos confiantes de que a justiça será feita”. O advogado que o defende nos tribunais também foi procurado, mas não respondeu à ligação.

Danusa Carvalho era empresária de Seu Jorge à época do projeto em Brasília e não trabalha com ele há 10 anos. Ela afirma que o cantor foi convidado para ir ao Distrito Federal não para cantar, mas, sim, produzir o álbum. “Fechamos que ele faria a produção e eu o lançamento”, conta. E ainda, que Jorge não teria recebido o cachê que lhe foi prometido, de R$ 5 mil. Kiko e Ricardo reafirmam que a participação de Jorge não era como produtor, mas como cantor. E que o valor do cachê não foi pago por causa da descoberta de que Jorge havia agido de má-fé. Com relação à autoria das músicas, Danusa diz não saber. “Eu não estava lá. Sempre achei que elas tinham a linguagem do Farofa Carioca. Não posso dizer se são ou não do Seu Jorge.”

Kiko Freitas alega, além de perdas materiais com os direitos autorais das músicas, danos morais. Diz que sofreu retaliações de músicos na época em que o processo começou. “As pessoas começaram a achar que eu queria me aproveitar do sucesso dele. Acabei fechando o estúdio.” Por sua contabilidade, as músicas das quais alega autoria já saíram em 48 compilações lançadas em vários países, além das que estão nos discos de Seu Jorge.

MAIS SOBRE MÚSICA