Selo lança box com cinco CDs de Renato Teixeira

Coletânea reúne discos remasterizados do cantor paulista

por Kiko Ferreira 19/06/2015 11:02

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CARINA ZARATIN/DIVULGAÇÃO
O cantor e compositor Renato Teixeira, que lança caixa com cinco CDs (foto: CARINA ZARATIN/DIVULGAÇÃO)
Quem gosta da música do paulista Renato Teixeira vai querer ter a caixa de cinco CDs 'Renato Teixeira – obra completa na RCA' de 1978 a 1982 pela atrativa lista estrategicamente inserida num selo no invólucro de plástico que embala a coleção. São seus cinco melhores discos remasterizados. Três deles – 'Garapa', 'Uma doce canção' e 'Um brasileiro errante' –, em sua primeira edição digital. Entre as faixas extras estão o tema do seriado 'Carga pesada', 'Frete', de 1979, a música inédita 'Murro n´água' e duas raridades, 'Minha triste casa grande' e 'Terumi'. Reprodução do material gráfico original, incluindo um livreto com as letras e um bom texto biográfico feito pelo jornalista Mauro Ferreira, e pronto: aí está o essencial da carreira do criador de 'Romaria'.

Nas 57 faixas estão todas as facetas do artista, que merecia a classificação de sertanejo universitário. Sua música de inspiração caipira tem a sofisticação dos grandes melodistas, a sabedoria dos poetas populares que não abrem mão de inteligência e lirismo. E a urbanidade e a consequência necessárias num material composto durante a ditadura, onde as metáforas e os chamamentos épicos eram necessários para enfrentar o medo e a melancolia, a incerteza e a insegurança de quem só queria viver uma vida de simples beleza. Autor de jingles marcantes, como os que fez para o jeans U.S. Top, as balas Kids Hortelã e os sapatos Ortopé, eternamente na memória de quem viveu a época, Teixeira faz a mescla entre cidade e interior sem perder a classe e a pertinência.

A fatia dos clássicos está bem servida, com 'Romaria', 'Cavalo bravo', 'Amizade sincera', 'Amora', 'Sina de violeiro', 'Sentimental eu fico' e 'Frete'. O político das frases diretas e atemporais comparece com 'Antes da Guerra da Coreia', 'Os direitos do povo', 'Uma velha canção do povo', 'Um brasileiro errante', 'Madrugadas de 68' e 'Cantor'. O cronista de cenas urbanas desenhadas como um Bandeira a palo seco brilha em 'Eu e Ney sentados na ponte', 'Irmãos da lua', 'A primeira vez que fui ao Rio', 'Marinheiro bonito', 'Maio', 'Morro da Imaculada'. E, claro, o caipira pirapora se eterniza com 'Viola malvada', 'Alforje', 'Nau sertaneja', 'Vida malvada', 'Rural, Garapa', 'Frutos da terra', 'Águas claras', 'Invernada', 'Leve guarânia' e outra mais.

Mesmo que o ouvinte mais rigoroso enxergue algo de datado nos arranjos de César Camargo Mariano do disco mais recente, 'Um brasileiro errante' (1982), é o álbum com maior riqueza de timbres. E fecha bem a caixa, indispensável para quem acredita que é possível ser sertanejo sem gritos de guerra nem cabines duplas temperados por Nashville e seus maneirismos.

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