De presença inesperada, Chico Buarque já pode ser considerado frequentador do Bar Semente, na Lapa carioca. Em fevereiro, fez uma aparição-sensação num show instrumental, subindo ao palco para cantar três músicas; nessa terça-feira, 19, a canja foi dividida com a (então) atração da noite, o cantor Moyseis Marques, um dos expoentes da geração de artistas que fizeram nome nas casas do bairro.
Confira participação de Chico em show no Bar Semente:
O público ainda foi surpreendido pela chegada da cantora norte-americana Madeleine Peyroux, que saiu de seu show no Teatro Municipal, perto dali, para conhecer a tradição da região boêmia do Rio. Acompanhada de seu baixista e seu guitarrista, Madeleine cantou jazz e 'Água de beber' (Tom Jobim/Vinicius de Moraes), que incorporou ao repertório apresentado em sua passagem pelo Brasil. Tanto ela quanto Chico se deixaram filmar e posaram para fotos, sorridentes e à vontade.
Veja palhinha de Madeleine Peyroux na mesma noite:
Encerrando seu set, Moyseis agradeceu a presença e brincou: "A gente tem que fingir naturalidade porque o autor está aqui…" Foi a senha para Chico entrar em cena e provocar: "Vocês estão achando que minha canja é de graça? Eu quero ver você e o Alfredo cantando 'Doze anos'!", convocou, referindo-se a uma das canções da 'Ópera'.
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Del-Penho já tinha conhecido a generosidade de Chico. Ele participou do financiamento coletivo de seu primeiro trabalho solo, que será lançado em breve em dois CDs. E, antes ainda, foi acolhido pelo ídolo nos bastidores da Ópera: Chico foi conferir a nova versão no ano passado e, após os aplausos, cumprimentou ator por ator nos bastidores, fazendo comentários sobre cada personagem.
No Semente - que experimentou um aumento de público desde que correu a notícia da canja de fevereiro -, Chico demonstrou também desprendimento. Moyseis lhe entregou o violão e eles dividiram Aquela mulher, mesma escolha da canja de fevereiro, o jovem, embevecido, o mestre, puro despojamento.
O violão vazado, sem corpo, ao qual não está acostumado, o atrapalhou (“esses violões abstratos…”, brincou), e Chico pediu desculpas algumas vezes por errar a própria música. Emendou com o samba 'Injuriado'. Em seguida, recrutou Alfredo e se esquivou de seguir no palco: “Agora eu quero só ouvir”.