A força magnética da cabocla Jurema pulsa em Rita Benneditto antes mesmo de gravar o disco de estreia como Rita Ribeiro. Por problemas jurídicos, a cantora mudou o sobrenome artístico e lança o primeiro trabalho com a nova estampa, 'Encanto' (Biscoito Fino), em que, movida por uma fé que tem profissão na música e na circulação de energias, avança por águas, sonoridades e aromas novos, com a parceria dos produtores e músicos cariocas Felipe Pinaud (guitarra) e Lancaster Lopes (contrabaixo).
Ouça 'Fé', uma das gravações de Rita em 'Encanto':
A voz e o estilo da cantora maranhense radicada no Rio de Janeiro continuam fiéis às origens, em constante trepidação. Além desse trabalho, Rita reencontra Jussara Silveira, com quem integrou o projeto de show e disco ao vivo 'Três Meninas do Brasil', ao lado de Teresa Cristina, em 2009. O disco da dupla, gravado antes de 'Encanto' e sem data prevista de lançamento, segue trilha similar.
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“Acho que a gente trata a religiosidade africana com desdém, com indiferença, com preconceito. Ninguém se refere aos deuses africanos como mitos e com histórias fantásticas que eles têm, como fazem com a mitologia grega e romana. Por quê? Porque a condição deles para nós é a pior, a de um escravizado.”
Roberto Carlos
A entidade Jurema solta sua flecha na abertura do disco, segue reinventando por clareiras, águas, ervas, batuques e campos de ação libertadores de Jorge Benjor, Djavan, Caetano Veloso, João Nogueira e Paulo Cesar Pinheiro, Villa-Lobos, a santeria cubana do clássico Babalu até fazer a transição com Fé (Roberto Carlos/Erasmo Carlos) e Extra (Gilberto Gil), que situam o disco num plano transcendental. Elas estão interligadas numa sequência em que, além de comungar do que já absorveu e manter a demanda do grande público conquistado com 'Tecnomacumba', a cantora procura despertar um jeito de “pensar mais amplamente”.
Coerente como cantora, Rita diz que procura seguir, no plano espiritual/musical, uma espécie de função de enfermeira (carreira que a família queria que ela seguisse), com seus remédios e antídotos, pelo poder das ervas.
“Pessoas que escutam meu disco sentem o alto-astral e pensam em mudanças e possibilidades, que há esperança. Pensam que são livres, que o planeta é enorme, é um útero imenso além da minha casinha, que os elementos existem e estão neles o encanto que vislumbro além da música. O que eu quero é criar vibrações energéticas sonoras pra que a gente se comunique num nível mais elevado. Acho que a música tem essa função.”