Gaz Coombes ressurge maduro em disco solo

Músico foi um dos expoentes do britpop dos anos 1990 com o grupo Supergrass

por Rodrigo Gini 24/04/2015 09:13

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Andrew Ogilvy/divulgação
Omúsico britânico Gaz Coombes, representante do Britpop, acaba de lançar o álbum 'Matador' (foto: Andrew Ogilvy/divulgação)
Quem está na faixa dos 40 e acompanhou o surgimento do Britpop com certeza se lembra de um trio de adolescentes alçado à fama em 1995 com uma música que se tornou hino com versos inocentes como “somos jovens, andamos livres, mantemos nossos dentes tratados e limpos”, ou “ganhamos dinheiro, compramos rodas, cruzamos as ruas, perdemos o controle, batemos no muro, mas estamos bem”.


No clipe de 'Alright', os três brincavam com a então pequena notoriedade usando camisas com os nomes: Gaz, Danny e Mike – o Supergrass (reza a lenda que é uma referência a uma variedade mais potente de Cannabis descoberta à época) se tornou febre e bateu ponto numa edição do finado Hollywood Rock, no Rio.

Num tempo em que grupos semelhantes nascem pré-fabricados em programas de TV e acabam se notabilizando mais pela capacidade de movimentar as redes sociais, Gaz, o líder da brincadeira, voltou à cena com o sobrenome (Coombes) e um álbum capaz de garantir novo fôlego ao som vindo das ilhas – não por acaso, aparece entre os mais elogiados da terra da rainha. Seria tentador demais dizer que 'Matador' – título do trabalho – faz jus ao nome.

EXOTISMO Ouvir cada uma das 11 faixas pela primeira vez é um salto no desconhecido – o caldeirão de Mr.Coombes traz de tudo e passa por combinações exóticas, como a base eletrônica acompanhada pelo violão elétrico da melancólica 20/20 (“O fim está à vista, e a preocupação leva a alma para longe”) – talvez ele seja o “acrobata na corda bamba”, como proclama em 'Buffalo'.

O que é certo é que procurou beber na fonte do psicodelismo, ajudado por sintetizadores e traquitanas do gênero. A garota que caiu na Terra em 'The girl who fell to Earth' conseguiu filhos com a ajuda da ciência e chorou, para então amar.

Principal single do álbum, 'Detroit' bem poderia ser fruto não só do Supergrass, como de Blurs e Oasis, já que segue a cartilha à risca – baixo poderoso, bateria disciplinada, vocais de apoio potentes, um quê dançante e uma letra que diz a que veio já na primeira frase (“saídos do escuro somos heróis”). Não faltam baladas, como Seven walls e a que dá título ao álbum, em que Coombes valoriza o lado instrumentista. 'Is it on' é uma brincadeira instrumental de poucos segundos com acordes saídos de algum pedaço do Oriente Médio.

'Matador' não será a última garrafa do famoso refrigerante no deserto, mas traz uma saudável lufada de ar a um estilo com dificuldades para se reinventar – não à toa, a volta do Blur e uma possível reconciliação dos irmãos Gallagher são festejadas com pints e mais pints de cerveja. E mostra que o garoto que admitiu ter sido atropelado pela fama repentina na adolescência soube encontrar seu rumo e nele fincar bandeira.

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