Em 'Tele visão' Jorge Sampaio Tupiniquin faz homenagem a Darcy Ribeiro e Cássia Eller

Em seu novo álbum depois de 'Estrada para o Sol', cantor reúne parceiros ilustres

por Kiko Ferreira 15/04/2015 08:00

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Jorge Lepesteur/Divulgação
O músico Jorge Sampaio Tupiniquin, do Tupi & the Nickins (foto: Jorge Lepesteur/Divulgação)
Inspirado pelo filósofo Jean Jacques Rosseau (1712-1778) e dedicado ao antropólogo mineiro Darcy Ribeiro (1922-1997) e à cantora Cássia Eller (1962-2001), o CD 'Tele visão', mais recente trabalho do cantor, compositor e multi-instrumentista Jorge Sampaio Tupiniquin, tem jeito de anos 1970, quando as utopias estavam mais disponíveis e pareciam mais críveis.


Com as guitarras exercendo papel fundamental, mas dividindo espaços generosos com sintetizadores, cítara, órgão wulitzer, xilofone, ele propõe, no final das contas, um reecontro do homem com a sua natureza, com a terra, e, principalmente, com os índios brasileiros, com um mote decisivo: “Todo ser humano é indígena”.

O que parece uma viagem no sentido lisérgico acaba sendo uma jornada musical com mais mistérios e prazeres do que a bula faz prever. Gravado entre São Paulo e Fortaleza e finalizado no home studio do músico, na Chapada dos Veadeiros, em Goiás, o álbum conta com parceiros ilustres, que ajudaram a dar formato final ao projeto.

TEXTURAS
Ele fez músicas e letras e toca violão, melotron, guitarra hog, xilofone, moog, piano suette e cria texturas e efeitos de orquestra. Além da base, formada por Dustan Gallas (guitarras, melotron, piano, baixo, wurlitzer) e Samuel Fraga (bateria), Jorge conta com a guitarra antológica de Lanny Gordin na sintomática 'Índios mortos brasileiros', com o sax do turco Ilhan Ersahin em três faixas, com os teclados vintage do 'Astronauta Pinguim', com a cítara de Regis Damasceno também em três músicas e com a guitarra de Fernando “Cidadão Instigado” Catatau na riponga 'Trailer, trailer, trailer', sobre largar tudo e viver num trailer com a namorada, numa magical mistery tour pelo Uruguai, com direito a referência à classe política e a Jesus Cristo. O baixista Rian Batista também participa da faixa.

Com músicas de duração acima do convencional, como 'Exotica karma livre', de oito minutos, e 'Os sonhadores', com seis, além dos sete da já citada 'Índios mortos brasileiros', o álbum mescla letras em inglês e português, soa como um 'Som nosso de cada dia' revigorado e tem variedade de temas e ritmos que vão de 'Baião transcendental' a uma defesa dos sonhadores e da liberdade sublime, com passagem pelo rock progressivo da faixa-título e a shakespeariana dúvida tupiniquim, 'Tupi or nor tupi', sobre liberdade e coragem.

Surgido em 2007, quando a música 'O vento e a rosa' ganhou destaque na internet, Tupiniquin chamou maior atenção com o álbum 'Made in SP', lançado por um selo inglês em 2007, e ganhou mais fãs com o pós-tropicalista 'Estrada para o Sol' l(2012). Neste 'Tele visão', ele e banda assinam a produção como Tupi & The Nickins, demonstrando que, por mais que sua viagem seja retro e sinceramente dedicada a melhorar a parte que nos cabe da humanidade, o humor é fundamental.

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