Show de Carlos Malta e Pife Muderno na China rende álbum duplo ao vivo

Músico também está em documentário sobre o pífano no Brasil

por Ailton Magioli 04/04/2015 11:00

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Mariza Formaggini/Divulgação
(foto: Mariza Formaggini/Divulgação)
A ausência da mesa de retorno no Teatro da Cidade Proibida, de Pequim, a princípio, deixou os músicos brasileiros apreensivos. Pouco tempo depois de darem pela falta do aparato, no entanto, o técnico do grupo avisou que havia uma mesa acoplada a um Pro Tools, um dos programas de gravação de áudio mais modernos na atualidade.


Resultado: na viagem de volta, eles já vieram ouvindo no avião aquele que seria o primeiro disco do gênero da turma, depois de 'Carlos Malta e Pife Muderno', da Rob Digital/2001, indicado ao Grammy Latino, e de Paura, da Delira Música, de 2005. 'Carlos Malta & Pife Muderno – Ao vivo na China' (Delira Música) é uma daquelas boas surpresas do mercado fonográfico, que chega para reforçar o potencial da produção musical brasileira independente.

Produto da iniciativa do embaixador Clodoaldo Huegeney – o mesmo que promovia o Festival Brasil em Caracas, quando ocupava o posto na Venezuela – a apresentação do grupo carioca na China que, a princípio, restringiria-se ao concerto, teve desfecho surpreendente com a gravação do álbum duplo, ao vivo.

“Foi uma semana de viagem muito rica”, diz o músico, lembrando que, além de visitas às famosas feiras de alimentos da China, nas quais se vendem inclusive insetos a palito, eles tiveram oportunidade de visitar praças e muralhas daquele país. No passeio, o baterista Oscar Bolão se transformou em verdadeira atração. “Como ele lembrava um buda, as pessoas faziam fila para botar a mão na barriga dele”, recorda, diverte-se Malta.

No encarte, Huegeney, então embaixador do Brasil na China, registra que chegou a temer pela reação da plateia ao som da banda. “No final, quando o grupo desceu do palco para se misturar à plateia, os chineses se juntaram aos brasileiros em uma verdadeira festa de consagração da música brasileira em Pequim”, diz.

SOM DA HORA “Ao longo do disco, ouve-se o envolvimento do público que, no fim, já se integrou totalmente a ritmos como a ciranda”, relata Carlos Malta, admitindo que a captação de som foi muito fiel à reação do público diante da performance do grupo. “O Pife é o som da hora. A leitura que faz da música é sempre única. Nunca se repete”, afirma o músico, salientando que, além de composições autorais, o Pife Muderno gravou no álbum duplo pérolas de Edu Lobo ('Ponteio'), Luís Gonzaga ('Assum preto/Asa branca') e Jackson do Pandeiro ('O canto da ema' e 'Chiclete com banana'), entre outras.

Paralelamente, Carlos Malta & Pife Muderno ministraram um workshop no Conservatório de Pequim, onde também visitaram um museu que expõe flautas milenares. “Como a Di-Zi, que eu toco. Lá ela tem um buraco a mais, que eles tampam com papel de arroz e produz um zumbido”, diz Malta, que teve a oportunidade de entrar em contato com diferentes raizes de cultura através das flautas.

“É lindo ver que o instrumento se presta na mão do músico. Ele toca o que a gente quer”, conclui o músico. Carlos Malta começou tocando flauta doce aos 12 anos. Ao ouvir Gilberto Gil, no disco 'Expresso 2222', com diteiro à abertura da Banda de Pífano de Caruaru, ele se encantou pelo som do pífano. Depois de tocar na banda de Hermeto Pascoal por anos, partiu para a criação da própria banda, além de, paralelamente, seguir em outras formações.

DOCUMENTÁRIO Junto com a chegada do disco vem o anúncio do lançamento, ainda neste ano, do documentário 'Xingu, 'Cariri, Caruaru, carioca', de Beth Formaggini, no qual Carlos Malta envereda pelo rico universo do pífano. Mineira de Montes Claros, a diretora Beth Formaggini (Memória para uso diário, sobre o grupo Tortura Nunca Mais, e Nobreza popular, sobre a Festa do Rosário no Norte de Minas), desta vez viajou de Cariri e Caruaru, em Pernambuco, ao Xingu, no Mato Grosso, passando pela Paraíba, Ceará e Rio de Janeiro.

O objetivo dela era registrar uma pesquisa sobre a rica e vasta sonoridade das flautas no Brasil, tendo o músico Carlos Malta como narrador. “Malta é o fio condutor da narrativa”, diz ela, acrescentando que o documentário é um filme sobre o amor do músico à sonoridade com a qual ele vem construindo uma carreira de sucesso.

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