Zaika dos Santos e Rico Dalasam são atrações do Festival Grito Rock

Rappers sobem ao palco do Baixo Centro Cultural neste sábado

por Bossuet Alvim 03/04/2015 10:00

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Maxwell Vilella/Divulgação
Cantora Zaika dos Santos (foto: Maxwell Vilella/Divulgação)
Presente na cena hip-hop há mais de cinco anos, ela é a cantora belo-horizontina que, se precisar, “dá nos zói”, como avisa já na abertura do disco solo com que estreou em estúdio no ano passado. Ele é o paulistano que alcançou o status de promessa do gênero no país e se descreve, em uma das faixas recém-lançadas, “neguinho cheio de querer, trocando Campos Elíseos por Champs-Élysées”. Com presença marcada no palco do Grito Rock neste sábado, Zaika dos Santos e Rico Dalasam consolidam a força de vozes que, dentro da natureza de luta da música negra, gritam por mulheres e gays, minorias e militâncias ainda carentes de maior representação.


Aos 24 anos, Rico se tornou conhecido como o primeiro rapper assumidamente homossexual no cenário brasileiro, rótulo de que se apropriou com personalidade suficiente para não limitar as próprias composições. As sete faixas do EP Modo diverso, lançado no mês passado, expandem as canções avulsas que o cantor já havia lançado de maneira independente e o apresenta em proposta mais complexa, com criações que não se restringem ao universo LGBT nem deixam de usá-lo como referência.

Pela flexibilidade de influências, o som de Dalasam é pop. Em seus versos, contudo, transparece o olhar crítico e a veia ácida que consagraram o rap como música das periferias, sejam elas urbanas ou sociais. 'Aceite-C', primeiro single do trabalho de estreia, fala da vida noturna com tanta despretensão quanto qualquer hit norte-americano: “Se eu descer na pista, chega aqui é pra dançar/ Eu não vim pra beijo, eu vim socializar”. Mas, na mesma faixa, o autor não abre mão de assinalar o caminho percorrido até a gravação do ritmo dançante: “Minha saga é de quem pegou dois busão e trem/ Faculdade, trampo porque a grana convém”.

As outras seis faixas do disco de estreia mantêm o equilíbrio entre discurso social e crônica do cotidiano, com menções a baladas, referências a RuPaul e deboche afinado sobre o estilo de vida dos gays de classe média. 'Deise', uma das composições mais sólidas de Rico, rende tributo às amigas que dividiram com o artista a trajetória de luta contra preconceito e injustiças sociais.

PODER E CONTRA-ATAQUE
Ainda mais certeiramente dirigidos às mulheres, os versos de Zaika tratam do poder feminino e do contra-ataque ao machismo com a propriedade que a autora carrega em meia década de passagens pelo Duelo de MCs, nos vocais do Lealsoundsystem, em colaborações com o Coletivo Dinamite e à frente do grupo Ideologia Feminina, de Contagem.

Estudiosa de culturas africanas, não por acaso ela batizou de 'Desabafo' seu álbum de produção independente, com produção comandada por Clebin Quirino. As 15 gravações autorais abrangem da resistência negra ao autodescobrimento da sensualidade, sempre com pés fincados no direito feminino. As vivências de Zaika se transformam em letras como Meu nome é favela e a faixa-título, que ressalta: “Nada de lado mais fraco”. Além de Rico Dalasam e Zaika dos Santos, o festival Grito Rock abre espaço na próxima sexta-feira para os músicos do Djambê, que lançam o disco 'Encruzilhadas' acompanhados pelo maracatu do Trovão das Minas.

FESTIVAL GRITO ROCK
>> Neste sábado, às 22h. Com Rico Dalasam, Zaika dos Santos e DJ Fael. Baixo Centro Cultural, Rua Aarão Reis, 554, Centro.
Ingressos: de R$ 10 a R$ 20.

>> Dia 10, às 22h. Com Djambê, Trovão das Minas e DJ Pedrada. Autêntica, Rua Alagoas, 1.172, Savassi.

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