Roberto Carlos faz show hoje em BH; desde a década de 1960 cantor mobiliza multidões no estado

Show realizado no Minas Tênis Clube, em junho de 1969, ficou na memória dos 'súditos' do Rei e da Jovem Guarda

por Ailton Magioli 28/03/2015 09:53

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.

Maria Tereza Correia/EM/D.A Press
O cantor faz shows em Governador Valadares, Ipatinga, Montes Claros, Divinópolis e Belo Horizonte, onde canta hoje à noite, no Mineirinho (foto: Maria Tereza Correia/EM/D.A Press )

Em sua nova turnê pelo estado – com shows em Governador Valadares, Ipatinga, Montes Claros, Divinópolis e Belo Horizonte, onde canta hoje à noite, no Mineirinho –, Roberto Carlos cativa uma legião de fãs mineiros. Essa história, aliás, vem de longe. O empresário Carlos Alberto de Deus jamais se esqueceu do dia 4 de junho de 1969. Naquela noite, mais de 3 mil pessoas se espremeram no ginásio do Minas Tênis Clube, em Lourdes, para ver o líder da Jovem Guarda e sua famosa banda RC-7.

“Foi a primeira nota contratual que tive com Marcos Lázaro (1925-2003), o empresário de Roberto que eu representava em Minas Gerais”, recorda Carlos Alberto, que se tornou amigo do cantor. Anteriormente, o Rei fizera outras apresentações em BH, especialmente na TV Itacolomi, onde Dirceu Pereira comandava o programa Brasa 4. O apresentador, já falecido, foi um dos responsáveis pela introdução na cidade do rock e de outros ritmos que fizeram a cabeça dos jovens na década de 1960. Fãs foram ao delírio em 1968, no Minas Tênis Clube, quando o artista se apresentou na festa de aniversário da emissora, que pertencia aos Diários Associados.

 

Relembre momentos marcantes do rei em fotos de arquivo do Estado de Minas


Em 1969, o público vibrou, no ginásio do Minas, quando o Rei subiu ao palco com sua “corte”, formada por Antonio Wanderley (teclado), Gato (guitarra), Bruno (baixo) e Dedé (bateria), além do recém-contratado naipe de sopros: Raul de Souza (que se tornaria um dos trombonistas mais aclamados do Brasil), Ernesto Neto (sax) e Maguinho (trompete). A amizade do empresário mineiro com o artista foi se estabelecendo de tal maneira que Dudu, filho de Roberto, dormia na casa de Carlos Alberto quando o pai fazia shows por aqui.

Quando Marcos Lázaro foi substituído pelo empresário Dody Sirena, Carlos Alberto passou a produzir apenas shows fechados do artista no estado, geralmente contratados por empresas. Antes disso, teve a oportunidade de inaugurar o Ginásio do Mineirinho, na década de 1980, com uma apresentação do cantor.

Há cerca de 15 anos, Lúcio Oliveira, da Art Bhz, produz as apresentações de Roberto no estado. Para se ter ideia da estrutura para levar o artista ao interior, ele montou verdadeiros teatros em quatro cidades. “A tenda de 600 metros quadrados tem capacidade para 3 mil pessoas sentadas”, explica. A pré-produção dos shows em Governador Valadares, Ipatinga, Montes Claros e Divinópolis demandou 15 dias em cada um desses locais. O empresário garante: tudo em torno do Rei é espetacular e prodigioso. “Roberto está sempre batendo recordes”, afirma, salientando que ele vai cantar para 18 mil pessoas hoje à noite, no Mineirinho.

MULTIDÃO

Carlos Alberto de Deus conta que já levou 30 mil pessoas ao Mineirinho para ver Roberto. “Naquela época, não havia fiscalização rígida do Corpo de Bombeiros como agora”, diz. O empresário revela que chegou a ganhar R$ 600 mil em uma única noite com o Rei – quantia, à época, maior do que o cachê do próprio artista.


Empolgação à parte, fato é que Carlos Alberto organizou eventos sociais memoráveis com o Rei em BH. “Além de um show beneficente no Minas Tênis. Com a verba, o Hospital Mário Penna começou a construir o Hospital Luxemburgo, fizemos uma apresentação com renda destinada ao Serviço Voluntário de Assistência Social (Servas). Esse dinheiro foi usado no atendimento às vítimas de uma das terríveis enchentes que atingiram a capital”, conta. Ele se refere a tragédias que ocorriam frequentemente na capital na década de 1980.


PALÁCIO

Carlos Alberto lembra uma passagem curiosa ocorrida em BH em plena ditadura militar. Certa vez, Roberto Carlos foi convidado para um almoço “em palácio” com o então vice-presidente da República Aureliano Chaves, o governador Francelino Pereira, e Maurício Campos, prefeito da capital. Não foi. “Como em Brasília, onde havia se apresentado antes, ele não pode atender ao convite do presidente João Baptista Figueiredo, Roberto considerou deselegante aceitar o do Palácio dos Mangabeiras”, explica o produtor.


Carlos Alberto de Deus empresariou shows do Rei em Juiz de Fora, Ubá, Ponte Nova, Ipatinga e Coronel Fabriciano, entre outras cidades mineiras. A intimidade chegou a tal ponto que, na época em que trabalharam juntos, os dois trocavam telefonemas altas horas da noite e costumavam passear de carro nas madrugadas. “Roberto era mais feliz naquele tempo”, acredita o produtor.


Lúcio Oliveira, da Art Bhz, destaca a antiga – e intensa – ligação de Roberto Carlos com os mineiros. “Quinta-feira, em Divinópolis, foi um fenômeno. Afinal, tratava-se de um show aguardado pela cidade há mais de 20 anos. Imagine o grau de emoção que tomou conta dos fãs”, destaca.


Década de 1960
Roberto Carlos, Erasmo Carlos e a mineira Wanderléa conquistam o país com a Jovem Guarda

 

Década de 1970
Na era pós-Jovem Guarda, Roberto Carlos se torna ícone da canção romântica brasileira

 

Década de 1980
Sem perder a verve romântica, o Rei abraça a ecologia. Grava a canção 'As baleias'

 

Década de 1990
Astro brasileiro e latino-americano, Roberto Carlos se dedica a letras de conteúdo religioso

 

Década de 2000
Depois da morte da mulher, Maria Rita, cantor opta por uma longa reclusão. Em 2000, lança um disco em homenagem a ela

 

2014
Apostando na carreira internacional, o Rei canta em Las Vegas. DVD gravado no MGM Grand Garden teve investimento de US$ 10 milhões

MAIS SOBRE MÚSICA