Robert Plant se apresenta nesta quinta em BH com a Sensational Space Shifters

Noite no Chevrolet Hall ainda terá apresentação da musa indie St. Vincent

por Mariana Peixoto 26/03/2015 08:00

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Divulgação/Lollapalooza
Robert Plant no palco da versão argentina do Lollapalooza, no último sábado (foto: Divulgação/Lollapalooza)
Aos 66 anos, 50 deles dedicados à música, Robert Plant é ainda uma força criativa. Em vez de deitar em berço esplêndido como muitos de seus pares de geração, o cantor e compositor é capaz de dizer “não” aos milhões que um retorno do Led Zeppelin geraria e montar uma nova banda, voltar para a Inglaterra natal e gravar um álbum de inéditas.  Sobre a banda Sensational Space Shifters, que o acompanha desde 2012 e que compôs e gravou com ele 'Lullaby and...The ceaseless roar' (2014), afirmou: “Nós trazemos todos os aspectos de uma formação europeia, mas apoiando-nos na África e no Delta”.


A pesquisa pela sonoridade africana e oriental vem desde a época do Led Zeppelin. O blues, quando ele se refere ao Delta, é um dos alicerces da banda desde sua formação, nos anos 1960. E Plant tornou-se um dos vocalistas mais copiados e influentes da história do rock, tomando como referência o canto doído dos mestres do gênero.  

Que os órfãos do Zep reclamem das mudanças nos arranjos de 'Friends' e 'Rock and roll'. Ou que não parem de lamentar nunca ouvir 'Stairway to heaven' ao vivo, Plant dá de ombros. Encabeçando os festivais de música mais influentes do mundo – o britânico Glastonbury ano passado, a versão latino-americana do Lollapalooza agora e o norte-americano Bonnaroo em junho – ele não precisa falar nada. Só tocar.  

Prova disso foi o encontro com Jack White, o roqueiro mais celebrado da nova geração, no último sábado, na Argentina, tocando 'The lemon song'. Jimmy Page deve ter sentido o baque. A última vez em que a canção havia sido interpretada por Plant foi em junho de 1995, em show que os dois fizeram na Noruega.

Musa indie abre o show

T4F/DIVULGAÇÃO
Cantora Annie Clark, ou St. Vincent (foto: T4F/DIVULGAÇÃO)
Os olhos e ouvidos de parte do público desta noite estarão voltados não para Robert Plant, mas para St. Vincent. Convidada para abrir o show, Annie Clark chega ao Brasil como um dos nomes mais quentes da escalação do Lollapalooza. A musa indie levou em fevereiro o Grammy de melhor álbum alternativo, batendo os “gigantes” Arcade Fire e Jack White.

O álbum 'St. Vincent' (2014) é o quarto trabalho solo da americana. Mas para boa parte do público, que a conheceu na parceria com David Byrne ('Love this giant',  2012), este CD é sua porta de entrada para o mundo pop. Com mais texturas eletrônicas que os anteriores, traz 11 canções autorais.

Há momentos de flerte com a new wave ('Regret'), outros com forte presença dos metais ('Digital witness'). A voz, uma das mais expressivas do cenário atual, passeia por canções autobiográficas. 'I prefer your love' fala de perda.

Annie Clark participou das bandas The Polyphonic Spree e de Sufjan Stevens. Quanto ao nome, St. Vincent homenageia a avó da cantora e o poeta Dylan Thomas, que morreu em 1953 no hospital homônimo, em Nova York.

 

Lollapalooza fica em casa na América Latina

Criado nos Estados Unidos em 1991 por Perry Farrell, do Jane’s Addiction, o Lollapalooza atravessa mais de duas décadas se adaptando aos novos tempos. Hoje uma franquia, o evento encontrou no América do Sul seu cenário ideal.Com um formato mais enxuto, o Chile, em 2011, foi o primeiro dos latinos a entrar no Lollapalooza. Um ano mais tarde o Brasil entrou na roda, aí de maneira grandiosa. Desde 2014, a hermana Argentina também tem sua versão. E é graças a isso que para além dos shows no Autódromo de Interlagos (SP), neste fim de semana, vários dos artistas escalados para esta edição tocam também em BH, Rio, Porto Alegre e Brasília.

“Como os artistas fizeram a Argentina no último fim de semana, eles estão ficando uma semana inteira aqui. Então criamos esses pacotes (os shows são chamados de Chevrolet Onix On the Road)”, afirma Alexandre Wesley, gerente artístico da T4F, que realiza o festival. De acordo com ele, a intenção é que os chamados side-shows do Lollapalooza cheguem a um número maior de cidades em 2016. “Expandir o festival é interessante para a marca, já que poderemos estender a experiência do Lollapalooza, um festival que hoje não é só de rock, mas de música alternativa.”

Segundo Wesley, a mudança de local do evento eletrônico do Expominas (até 15 mil pessoas) para o Chevrolet Hall (5,5 mil pessoas) não ocorreu por causa de pouca procura por ingressos. “Desde o início queríamos realizar esta noite no Chevrolet, pois a casa é nossa. Mas o ginásio estava com a data reservada, então tivemos que tomar essa decisão. Como a data foi liberada, mudamos para lá. Esses shows não estão dando dinheiro para a gente, mas atendendo à demanda dos artistas (Skrillex, Major Lazer e Dillon Francis). Estávamos estimando oito mil pessoas no Expominas, nem poderíamos vender mais ingresso, já que o cachê pago não foi para show grande.”

LINHA DO TEMPO DE ROBERT PLANT

1967
Robert Plant, depois de anos cantando blues em pubs de Birmingham, Inglaterra, passa a integrar o grupo Band of Joy, que tinha John Bonham como baterista.


1968
Já Jimmy Page, após o fim do The Yardbirds, tentou criar o New Yardbirds. Sofrendo com a falta de um vocalista, a banda só vai em frente quando Page reúne o baixista John Paul Jones e conhece Plant. Convida-o em agosto para integrar a banda. O vocalista sugere Bonham na bateria. O primeiro show com o nome Led Zeppelin ocorre em outubro, na Universidade de Surrey. Em novembro, a banda assina com a Atlantic Records. No fim de dezembro, o Zep estreia nos EUA, em Denver, Colorado.


1969
Led Zeppelin lança seu primeiro álbum, gravado em 30 horas, que chega rapidamente ao décimo lugar das paradas. No mesmo ano é lançando Led Zeppelin II, que logo no início de 1970 atinge o topo da parada inglesa.


1971
Led Zeppelin IV entra na parada da Billboard, onde permanece ao longo de cinco anos. Em Belfast, Irlanda do Norte, Stairway to heaven é executada pela primeira vez ao vivo.


1973
Houses of the Holy, quinto álbum da banda, é o terceiro a atingir o primeiro lugar das paradas. Encerrando extensa turnê, “a maior banda do mundo” faz show antológico no Madison Square Garden, em Nova York. A apresentação é registrada para o documentário The songs remains the same, lançado nos cinemas três anos mais tarde.


1977
Orgias, abusos de drogas, quebradeiras em shows, esse é o cotidiano da banda. Uma tragédia muda tudo, fazendo de 1977, segundo Plant, “o ano em que tudo parou para mim”. Da Louisiana, ele recebe telefonema da mulher Maureen. Karac, de 5 anos, segundo dos três filhos que teve com ela, estava morto por causa de uma infecção.


1979
Depois de três anos sem um álbum de inéditas, In through the out door é lançado. Foi o derradeiro trabalho da banda. Plant compõe All my love para Karac.


1980
Em 25 de setembro, John Bonham é encontrado morto na casa de Jimmy Page. Morreu sufocado pelo próprio vômito após consumo exagerado de vodca – teriam sido 40 doses. Em 4 de dezembro, o Led Zeppelin anuncia seu fim.


1982
Dois anos após a morte de Bonham, Plant lança seu primeiro álbum solo, Pictures at eleven. Para a bateria, convida dois mestres: Phil Collings e Cozy Powell.


1983
Plant lança seu próprio selo, Es Paranza, com um novo álbum, The principle of moments. Considerado o mais pesado entre seus discos solo, conta novamente com Collins na bateria.


1984
A banda The Honeydrippers, que Plant forma após o fim do Zep, lança seu único álbum, Volume one. O grande sucesso foi uma versão da canção Sea of love (1959). Na superbanda, Plant teve como colaboradores Page, Jeff Beck, Nile Rodgers e Brian Setzer.


1985
Com Phil Collins substituindo Bonham, o Led Zeppelin volta para participar do Live Aid, na Filadélfia.


1988
Agora com Jason, filho de John Bonham nas baquetas, o Led Zeppelin toca durante o 40º aniversário da Atlantic Records, no Madison Square Garden, em Nova York. Em seu novo disco, Now and zen, Plant faz as pazes com o passado e leva para o trabalho, considerado por muitos seu melhor solo, alguns riffs do Zep. A faixa Tall cool one contou com Page na guitarra.


1994
O projeto UnLedded, da série MTV unplugged, reúne Plant e Page. No reencontro, os dois registram um novo álbum, No quarter. Plant estreia no Brasil no Hollywood Rock. Dois anos mais tarde, com a turnê de No quarter, volta ao país com Jimmy Page.


2001
Depois de fazer shows por dois anos com o Priory of Brian, grupo de folk-rock, Plant forma outra banda, Strange sensation, que permanece com ele até 2007. Com o grupo lança dois álbuns, o folk Dreamland (2002), que destaca versões de Bob Dylan e Tim Buckley, e Mighty rearranger (2005), mais focado no rock.


2007
Plant, agora em duo com a cantora de bluegrass Alison Krauss, lança o álbum Raising sand, que recebeu cinco Grammy. Led Zeppelin retorna aos palcos em dezembro para show na O2 Arena, em Londres, em memória de Ahmet Ertegun, fundador da Atlantic Records. Jason Bonham, mais uma vez, tocou no lugar do pai. O encontro londrino gera o filme Celebration day, exibido em cinema mundo afora em 17 de outubro de 2012. Em uma única noite, o filme rende US$ 2 milhões de bilheteria.


2010
Plant retoma sua primeira banda e a nomeia Band of Joy, nova formação que o acompanha por dois anos. O grupo lança um álbum homônimo.


2012
Com sua nova banda, The Sensational Space Shifters, Plant inicia turnê, que passa inclusive pelo Brasil.
Plant e seu novo grupo  lançam seu primeiro álbum, Lullaby and...The Ceaseless roar. É o décimo álbum solo do cantor e compositor, gravado na Inglaterra, onde ele voltou a residir depois de muitos anos morando nos EUA. Plant recusa contrato milionário para voltar com o Led Zeppelin. “Acho que ele precisa dormir, descansar bastante e pensar de novo”, disse Plant a respeito das insistentes tentativas de Page em reunir a banda.



ROBERT PLANT E ST.VINCENT
Nesta quinta-feira, a partir das 21h20, no Chevrolet Hall (Av. Nossa Senhora do Carmo, 230, Savassi. (031) 4003-5588. Ingressos: 4º lote: R$ 320 e R$ 160 (meia).

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