Concluído o mestrado do violeiro, a disciplina deixou de existir. "Há interesse da universidade pelo ensino do instrumento, mas faltam pessoas com formação acadêmica", diz. Para fazer arte, observa, curso acadêmico não é obrigatório. "Temos artistas maravilhosos que nunca foram à escola." Ele pondera, contudo, que a formação "poderia ajudar os artistas oferecendo mais embasamento teórico, além de estimular repertório escrito para a viola e a criação de métodos de ensino".
"Tião Carreiro e Pardinho são puro rock'n'roll, inclusive na vida. Trouxeram para a viola toda a sujeira e crueza do rock, estavam o tempo todo na estrada, cultivaram a vida como uma festa", afirma. Para o violeiro, “o rock, com a viola, ganha outros timbres e possibilidades. O som parece novo, mas a viola foi usada pelos Mutantes, Secos e Molhados, O Terço. Só que escondido", pontua.
Com o objetivo de retirar a viola do gueto, Caetano está às voltas com o projeto 'As dez cordas de Liverpool', dedicado a composições dos Beatles. "Não são covers, são rearranjos", explica, contando que soma 'Black bird', clássico dos Beatles, com Assum preto, de Luiz Gonzaga. "Beatles toca o coração. É música eterna que não se esgotou emocionalmente e continua fresca, forte para as novas gerações", analisa. O mineiro tem no repertório uma versão na viola, 'Nothing else matters',do Metallica.
SIMPATIA As declaradas simpatias de Renato Caetano pelo rock progressivo e o metal se explicam, de um lado, pela estética que "faz o rock beber em águas eruditas, o que traz liberdade melódica e harmônica e refresca o rock". Por outro lado, o metal contemporâneo, com sua "força rítmica, representa e mantém o rock na raiz". Na opinião do músico, rock limpo vira pop.
"A viola está visitando outros países musicais", diz ele sobre o uso do instrumento, para além da música caipira, às praias do jazz, da bossa nova, do choro, do blues, do rock. "O que tem feito novos públicos conhecerem melhor a viola", observa. Esse processo, que começou com Almir Sater no final dos anos 1970, prossegue com os artistas como Fernando Sodré, Ivan Vilella, Paulo Freire e Ricardo Vignini, entre outros. "A proposta é de respeito à sonoridade da viola, que carrega uma história, mas expandindo fronteiras", explica.
SERVIÇO
'As dez cordas de Liverpool', show de Renato Caetano. Sábado, às 20h, no teatro Júlio Makenzie do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro). Informações: (31)3270-8100. R$ 20 e R$10 (meia). Os ingressos para a apresentação de sexta estão esgotados.