Renato caetano apresenta mistura da viola com o rock n' roll

Violeiro é o único professor do instrumento na UFMG. Sua obra conta com versões de clássicos caipiras ao ritmo de Led Zeppelin e Metallica na viola

por Walter Sebastião 20/03/2015 10:40

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ELCIO PARAISO/DIVULGAÇÃO
O violeiro Renato Caetano, que apresenta amanhã o show 'As dez cordas de Liverpool' (foto: ELCIO PARAISO/DIVULGAÇÃO)
O violeiro Renato Caetano, de 43 anos, foi o primeiro e único (até hoje) professor de viola caipira na UFMG. Caetano deu aulas do instrumento, paralelamente ao curso de mestrado que fez na instituição e que concluiu com a dissertação “Tradição e contemporaneidade na viola de 10 cordas” (2013).


Concluído o mestrado do violeiro, a disciplina deixou de existir. "Há interesse da universidade pelo ensino do instrumento, mas faltam pessoas com formação acadêmica", diz. Para fazer arte, observa, curso acadêmico não é obrigatório. "Temos artistas maravilhosos que nunca foram à escola." Ele pondera, contudo, que a formação "poderia ajudar os artistas oferecendo mais embasamento teórico, além de estimular repertório escrito para a viola e a criação de métodos de ensino".

O trabalho do mineiro tem sido no sentido de levar a viola para o universo do rock'n'roll. "O instrumentista que canta", como Renato se define, disponibilizou na internet uma gravação de 'Rio de lágrima', clássico da dupla Tião Carreiro e Pardinho, com pegada de Led Zeppelin e estética do rock progressivo. Essas são referências também para o único disco do músico, chamado 'Que viola é essa?'.

 

"Tião Carreiro e Pardinho são puro rock'n'roll, inclusive na vida. Trouxeram para a viola toda a sujeira e crueza do rock, estavam o tempo todo na estrada, cultivaram a vida como uma festa", afirma. Para o violeiro, “o rock, com a viola, ganha outros timbres e possibilidades. O som parece novo, mas a viola foi usada pelos Mutantes, Secos e Molhados, O Terço. Só que escondido", pontua.

Com o objetivo de retirar a viola do gueto, Caetano está às voltas com o projeto 'As dez cordas de Liverpool', dedicado a composições dos Beatles. "Não são covers, são rearranjos", explica, contando que soma 'Black bird', clássico dos Beatles, com Assum preto, de Luiz Gonzaga. "Beatles toca o coração. É música eterna que não se esgotou emocionalmente e continua fresca, forte para as novas gerações", analisa. O mineiro tem no repertório uma versão na viola, 'Nothing else matters',do Metallica.

SIMPATIA As declaradas simpatias de Renato Caetano pelo rock progressivo e o metal se explicam, de um lado, pela estética que "faz o rock beber em águas eruditas, o que traz liberdade melódica e harmônica e refresca o rock". Por outro lado, o metal contemporâneo, com sua "força rítmica, representa e mantém o rock na raiz". Na opinião do músico, rock limpo vira pop.

"A viola aceita a questão melódica e harmônica, mas pode também ser incisiva e forte quando quer", avisa. Na adolescência, Caetano ouviu AC/DC, Yes, Genesis e rock nacional. E participou de bandas que tocavam esses artistas.

"A viola está visitando outros países musicais", diz ele sobre o uso do instrumento, para além da música caipira, às praias do jazz, da bossa nova, do choro, do blues, do rock. "O que tem feito novos públicos conhecerem melhor a viola", observa. Esse processo, que começou com Almir Sater no final dos anos 1970, prossegue com os artistas como Fernando Sodré, Ivan Vilella, Paulo Freire e Ricardo Vignini, entre outros. "A proposta é de respeito à sonoridade da viola, que carrega uma história, mas expandindo fronteiras", explica.

SERVIÇO
'As dez cordas de Liverpool', show de Renato Caetano. Sábado, às 20h, no teatro Júlio Makenzie do Sesc Palladium (Av. Augusto de Lima, 420, Centro). Informações: (31)3270-8100. R$ 20 e R$10 (meia). Os ingressos para a apresentação de sexta estão esgotados.

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