Angela Ro Ro volta a BH para cantar o amor e celebrar a alegria de viver

Apresentação será neste sábado, no Teatro Bradesco

por Ailton Magioli 20/03/2015 08:00

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Bob Wolfenson/Divulgação
"Sou 'paiaça', além de palhaça. Comediante, com muito orgulho", diz Angela (foto: Bob Wolfenson/Divulgação)
Por mais que tenha adotado o formato ao longo da carreira, seja ao vivo ou em estúdio, só em 2009 Angela Ro Ro lançou um disco integral de voz e piano. Trata-se de Escândalo, que forneceu ao selo Discobertas e ao Canal Brasil as vinhetas do programa de TV apresentado pela cantora-compositora. De volta a Belo Horizonte amanhã à noite, ela resgata o formato em companhia do tecladista Ricardo McCord. Além de apreciar a fórmula, artisticamente, essa é a forma mais viável de vender shows, explica Angela.

“A dificuldade financeira é mundial e vem a calhar. Mas gosto de voz e piano. É intimista”, justifica. Ela aprendeu a tocar sozinha e só posteriormente adotou banda, quarteto e outras formações com as quais se apresenta. “Comecei eu mesma ao piano, para o sofrimento de todos. Mas eles gostaram”, diverte-se. O mais mais recente trabalho dela é Feliz da vida (2013) – CD e DVD em que registrou inéditas e sucessos acompanhada de banda.

Angela Ro Ro, verdade seja dita, aquietou-se nos últimos tempos. Mas está longe de perder a veia crítica – e poética – que marcou sua ascensão na cena musical no fim da década de 1970. O batismo artístico, vale lembrar, vem da voz rouca e aveludada que conquistou uma legião de fãs com hits como Amor, meu grande amor, Só nos resta viver, Tola foi você e Fogueira. Ela promete esse repertório no show, oportunamente intitulado Grandes sucessos.

O público vai ouvir também pérolas de Chico Buarque (Bárbara, parceria com Ruy Guerra; Joana francesa e Gota d’água), Caetano Veloso (Escândalo, feita especialmente para ela) e de João Donato (Simples carinho, com Abel Silva). Todas estouraram na voz de Angela.

PRAZER O arranjador, maestro e tecladista Ricardo McCord diz que trabalhar com ela é muito fácil e prazeroso. “De fato, é uma das maiores cantoras do Brasil. Tem um timbre vocal diferenciado e é excelente compositora. No palco, Angela é uma grande entertainer. Os shows dela são entremeados de alegria, muita risada e momentos emocionantes”, conta. Sou ‘paiaça’, além de palhaça. Comediante, com muito orgulho”, afirma Ro Ro.

FÓSFOROS
Além de seu repertório autoral, a cantora se dedicou com sucesso a clássicos internacionais. Em Nosso amor ao Armagedon – Angela Ro Ro ao vivo (1993), por exemplo, ela se exercitou em variadas formações, interpretando Ne me quitte pas (Jacques Brel), Night and day (Cole Porter) e Senza fine (Gino Paoli).

Apesar dos elogios constantes à sua performance no formato voz e piano, ela descarta fazer um novo disco nesse estilo, embora diga que a formação que mais a atrai é voz, piano e caixa de fósforos. “Não me cobram nada disso, não. Mas voz e piano funciona bastante em show. Fica uma emoção bonita”, confessa. Na verdade, volta e meia ela retorna ao estilo, seja no palco ou no estúdio.

Boa de papo, Angela sabe divertir uma plateia. Para o show de BH não há roteiro programado em termos de diálogo com os fãs. “Espero não ficar muito de conversa para entrar direto nas músicas. Mas, às vezes, é inevitável, vem da plateia”, despista a sempre falante Ro Ro.

Estaria ela compondo atualmente? “Sim, comigo é assim: um temazinho e daí a seis meses vem a música”, desconversa mais uma vez, salientando que cria o tempo inteiro.

RAFAEL MOTTA/DIVULGAÇÃO
Flávio Venturini deu um blues para Angela letrar (foto: RAFAEL MOTTA/DIVULGAÇÃO)
Parceria mineira

A novidade do momento é o blues inédito que Angela recebeu de Flávio Venturini para letrar. “É um luxo”, derrete-se ela, salientando que ainda está no começo da nova canção. Os dois se encontraram no estúdio do Canal Brasil para gravar o programa Nas ondas da Ro Ro, apresentado por ela, e imediatamente surgiu a empatia. “Flávio tem uma voz linda, os olhos azuis”, elogia, dizendo-se admiradora do bom gosto musical do mineiro.

VOZ NEGRA “Angela Ro Ro tem uma voz singular, diferente. É quase uma voz negra”, afirma Flávio, fã de carteirinha da nova parceira. De olho na nova geração de intérpretes, Ro Ro defende o sempre inflacionado mercado brasileiro de cantoras. Argumenta que este é um país muito sonoro formado por gente talentosa. “O brasileiro capta a sonoridade de todo o mundo e mistura”, lembra ela, ressaltando ritmos e gêneros como o samba – oriundo do semba da África – e a bossa nova. “É bacana que tenha gente ainda acreditando na música”, defende Angela Ro Ro.

Para ela, Céu, Tulipa Ruiz e Felipe Catto estão entre os novatos mais talentosos da MPB. Angela revela que cantaria, “de montão”, Velha e louca, composta por Mallu Magalhães. “Eu tô ficando velha/ Eu tô ficando louca...”, cantarola, ao telefone. “Essa canção é sensacional. É de um otimismo, de uma esperança”, elogia. Entre as próprias composições, uma das que mais gosta é Fogueira. “Ela me emociona sempre”, diz, citando também músicas de Caetano Veloso (Escândalo) e Jacques Brel (Ne me quitte pas) entre as prediletas. “Se elas estão no meu repertório, é porque amo de paixão”, conclui.

A hitmaker


Cantora, compositora e pianista, Angela Ro Ro iniciou sua carreira em casas noturnas do Rio de Janeiro. O apelido veio por causa da voz grossa e rouca. Influenciada por Maysa e Ella Fitzgerald, foi para Londres na época do regime militar e cantou em pubs. De volta ao Brasil, ela gravou seu primeiro disco em 1979. Amor, meu grande amor (parceria com Ana Terra) foi o primeiro sucesso de sua carreira. O álbum romântico, com clima blueseiro, era incomum na época. Em 1980, ela lançou o LP Só nos resta viver – a faixa-título se tornou outro hit. Em 1982, Angela voltou a chamar a atenção com Simples carinho (João Donato e Abel Silva). No ano seguinte, Maria Bethânia arrasou ao interpretar Fogueira, outra composição de Angela.

ANGELA RO RO E RICARDO McCORD
Neste sábado, às 21h. Teatro Bradesco, Rua da Bahia, 2.244, Lourdes. Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), na bilheteria ou no site www:ingresso.com. Classificação: 12 anos. Informações: (31) 3516-1360.

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