Filarmônica estreia sede de R$ 179,5 milhões no Barro Preto

Sala Minas Gerais começa a receber apresentações em abertura do ano de concertos

por Carolina Braga 27/02/2015 00:13

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Fotos: Leandro Couri/EM/D. A. Press
Secretário de Cultura Angelo Oswaldo faz questão de frisar: ''As coisas têm que ser bem precisas. Ninguém está inaugurando a sala. É a abertura do ano concertístico'' (foto: Fotos: Leandro Couri/EM/D. A. Press)
Quem passa pelas imediações da Avenida do Contorno, na região do Barro Preto, precisamente entre as ruas Tenente Brito Melo, Alvarenga Peixoto e Uberaba, dificilmente não se surpreenderá com o tamanho da edificação que se ergueu ali. É a nova sede da Orquestra Filarmônica. Mesmo com o exterior ainda cercado de tapumes, a Sala Minas Gerais, como foi batizada, será aberta nesta sexta-feira, 27.

É o primeiro prédio do que virá a ser o Centro de Cultura Presidente Itamar Franco a ter atividades. No entanto, o secretário de Cultura de Minas Gerais, Angelo Oswaldo, faz questão de frisar: “As coisas têm que ser bem precisas. Ninguém está inaugurando a sala. É a abertura do ano concertístico”. Independentemente do nome a dar, o fato é que esta noite convidados ocuparão as novas poltronas e, amanhã, o público poderá ouvir a Filarmônica executar o Hino Nacional Brasileiro, de Francisco Manuel da Silva, e a Sinfonia nº2 em dó menor, Ressurreição, de Gustav Mahler.

O primeiro concerto na nova sala terá a participação da soprano Edna D’Oliveira, da mezzo-soprano Edinéia de Oliveira, do Coral Lírico de Minas Gerais e do Coro da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp).

 

Conheça a nova sede da filarmônica em vídeo:

 

 

Mesmo que seja a estreia do espaço, Oswaldo tem suas razões para refutar a palavra “inauguração”. A primeira delas é que a obra, de fato, não está totalmente pronta. O interior da sala, sim, está em plenas condições, mas foyer e exterior ainda estão em construção. A segunda razão, ainda que disfarçada, tem peso político. A Sala Minas Gerais é uma iniciativa do governo anterior. Assim que foi anunciado para a pasta, Oswaldo disparou críticas ao projeto em entrevista ao Estado de Minas.

Na avaliação do novo secretário, trata-se de um projeto “megalomaníaco”, que concentrou recursos, enquanto outros equipamentos culturais do estado demandam reformas. O investimento total na construção da sala foi de R$ 179,5 milhões. Outra ponderação que o secretário faz agora é em relação ao nome escolhido pela administração anterior – Estação da Cultura Presidente Itamar Franco. “Ali não tem estação. Em São Paulo, é que uma sala de concertos foi construída em uma antiga estação ferroviária”, disse, referindo-se à Sala São Paulo, que fica na Estação da Luz.

Leandro Couri/EM/D.A Press
Interior da sala tem plenas condições de receber concertos, mas exterior ainda está em construção (foto: Leandro Couri/EM/D.A Press)
O diretor artístico e regente titular da Filarmônica, maestro Fabio Mechetti, nega crise com o governo. Na entrevista de janeiro passado, Oswaldo afirmou: “Aqui em Belo Horizonte, a Orquestra Filarmônica consumiu todos os recursos do estado e criou um impasse com a Orquestra Sinfônica”. Mechetti diz ainda não conhecer pessoalmente o secretário, nem o governador Fernando Pimentel. Sobre as declarações do secretário o maestro diz: “Atribuo isso mais à falta de informação, naquele momento, sobre os detalhes do portfólio que a Filarmônica desenvolveu ao longo dos anos e que basicamente justificam nosso pleito. (Ele) Não tinha dados em mãos para realmente avaliar o impacto que a Filarmônica tem tido no estado. A partir do momento em que tiver oportunidade de entender melhor o projeto, tenho certeza de que vai continuar apoiando-o”.

Sobre as obras, o maestro reconhece que ainda falta muito para a conclusão. “Como somos os mais interessados, logicamente ficamos em cima, tentando acelerar o processo, mas não temos controle sobre isso. Eles têm tentado corresponder ao máximo ao cronograma, mas obra é obra”, disse. Segundo Fabio Mechetti, mesmo que alguns elementos acústicos ainda não estejam totalmente em operação, como é o caso dos elevadores do palco, era preciso ocupar o espaço.

“Achei importante que entrássemos na sala. Primeiro, porque estava planejado. Espero que o público entenda que está inacabado.” A temporada de concertos da orquestra começa oficialmente na próxima quinta-feira, tendo como solista o pianista Nelson Freire. No programa, obras de Corigliano (Abertura Promenade), Shumann (Concerto para piano em lá menor, op. 54), Villa-Lobos (Uirapuru) e Respighi (Os pinheiros de Roma).

A previsão é de que, a partir de março, toda a administração da Orquestra Filarmônica já opere na nova sede. Como a obra foi licitada e encomendada, vai continuar. Aspectos da operação do novo espaço, como contratação de equipe de limpeza e manutenção, ainda estão sendo definidos. “Vamos nos mudar para lá. A gente não pode esperar muito para decidir isso”, afirmou Mechetti.

O secretário Angelo Oswaldo explicou que os detalhes sobre o cronograma da conclusão da Sala Minas Gerais, assim como as obras das novas sedes da Rede Minas e da Rádio Inconfidência, que também comporão o Centro de Cultura Presidente Itamar Franco, farão parte de um diagnóstico que o governo está preparando. O documento deve ser divulgado no próximo mês. “A inauguração do Centro de Cultura Presidente Itamar Franco vai ser no final do ano”, diz o gestor.

Há dois concertos semanais previstos para a Sala Minas Gerais, a partir de março, até o final do ano.

Concerto de Abertura da temporada 2015 na Sala Minas Gerais
Sábado, 20h30. Sala Minas Gerais. Rua Tenente Brito Melo, 1.090, Barro Preto, (31) 3219-9000. Ingressos: R$ 30 (balcão palco), R$ 40 (mezanino), R$ 50 (balcão lateral), R$ 70 (plateia central) e R$ 90 (balcão principal). A bilheteria funcionará de terça a sábado das 12h às 21h; em domingos de concerto, das 9h às 13h.

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