Projeto reúne time de feras para interpretar músicas de Raul Seixas

Show acontece neste sábado e domingo, na Praça da Estação, com ingressos grátis

por Mariana Peixoto 12/12/2014 08:00

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Arte EM
(foto: Arte EM)
Você pode gostar mais ou menos de Raul Seixas. Mas ele fez parte de algum momento da vida de cada um – ou ainda fará. Mais importante roqueiro brasileiro, cuja relevância só vem aumentando desde sua morte, em 21 de agosto de 1989, é também prolífico em tributos. Sábado e domingo, o grito que mais se ouve em shows de rock – Toca Raul! – dá nome a projeto que reúne diferentes gerações de músicos brasileiros. Na Praça da Estação, a partir das 17h, um time que reúne Zélia Duncan, Marcelo Nova, BNegão e os Seletores de Frequência, Chico César, Kátia B, Letuce, O Terno e Lucas Santtana vai fazer seu tributo a ele.


Hits e lados B, alguns com versões muito próximas das originais, outros absolutamente distintas, serão interpretadas em homenagem aos 25 anos de sua morte. O show já foi realizado em São Paulo e Brasília, no ano passado. Neste ano, a edição de BH será a única. A equipe é a mesma das apresentações anteriores, a exceção de Chico César, que se apresenta aqui em substituição a Zeca Baleiro. Entre os shows, a DJ Vivi Seixas, filha de Raul, discoteca clássicos do pai.

Como são músicos de diferentes gerações, cada um tem sua própria história sobre Raul. Marcelo Nova, último parceiro do baiano, é obviamente o mais próximo a ele. Nova vai tocar na íntegra o álbum 'A panela do diabo' (1989), lançado dois dias antes da morte de Raul. Último álbum de Seixas e o segundo de Nova em sua carreira solo, pós-Camisa de Vênus, traz no repertório canções como 'Carpinteiro do universo', 'Quando eu morri' e 'Rock’n’roll'. “As pessoas presumem que nos encontramos numa esquina cheirando e bebendo. Pois foi muito o contrário. Um dia ele foi ao Circo Voador me ver e nossa primeira canção solo, 'Muita estrela, pouca constelação', foi feita em 1987”, conta Nova. Os dois saíam para se divertir e nas conversas, falavam muito de blues dos anos 1930 e 1940 – Louis Jordan e Lightnin' Hopkins, de quem eram fãs.

Carlos Vieira/CB/D. A Press
"Tocar Raul é uma honra para uma intérprete", afirma Zélia Duncan (foto: Carlos Vieira/CB/D. A Press)
“Naturalmente, um dia fizemos uma canção. Quando estava indo para Salvador fazer show do meu primeiro disco solo (Marcelo Nova e a envergadura moral, de 1988) o convidei para ver a apresentação. No meio do caminho, resolvemos que ele iria participar, meio que de surpresa. Assim que o chamei para o palco, e ele estava afastado há quase cinco anos dos shows, foi num estado de êxtase que ele tocou na Concha Acústica do Teatro Castro Alves”, acrescenta Nova. Depois desse, houve mais um, mais dois, até que juntos os dois fizeram 50 shows. Entre uma apresentação e outra, compuseram o material que será ouvido neste fim de semana.

De uma geração posterior, BNegão tem forte lembrança do encontro dos dois baianos no palco. Assistiu a um show no Canecão de Raul e Nova, “aquele mesmo em que o Paulo Coelho foi se encontrar com Raul”, conta. Sua introdução no universo raul-seixista, por outro lado, foi bem anterior. “Quando moleque, conheci Raul com 'Plunct, plact, zum' (especial infantil exibido pela Globo em 1983, cuja faixa-tema, 'O carimbador maluco', era de autoria do roqueiro). Identifiquei-me geral com a história, principalmente pela energia do Raul. A partir dali, fui procurar as coisas dele, que na época não estava criando muito”, continua BNegão. Mais tarde, já fã do Camisa de Vênus, acompanhou a aproximação de Nova e Raul. “Fiquei aí 100% dentro da história”, finaliza.

CARLOS VIEIRA/CB/D. A PRESS
Raul é meio como Beatles e Bob Marley. Uma hora você vai ser iniciado no universo dele%u201D, diz o músico Lucas Santtana (foto: CARLOS VIEIRA/CB/D. A PRESS)
Quem também toca Raul!

Zélia Duncan

Arnaldo Baptista, Itamar Assumpção e Raul Seixas. Zélia Duncan já se debruçou sobre a obra de alguns dos mais importantes compositores brasileiros, por muitos considerados malditos. “É uma honra para uma intérprete, pois além de a obra deles ser de extrema relevância, são atemporais”, afirma a cantora, que para o repertório selecionou apenas hits: 'Ouro de tolo', 'Maluco beleza', 'Metamorfose ambulante', 'A maçã', além de suas canções que não são de Raul, mas ficaram marcadas por sua interpretação: 'É proibido fumar' (Roberto e Erasmo) e 'Pode vir quente que eu estou fervendo' (Eduardo Araújo e Carlos Imperial). “Tentamos ser fiéis, já que mudo tanto tudo que faço. Além disso, quero a festa com essa turma tão fiel ao som do ídolo!”, finaliza.

Chico César
Estreante no grupo que se apresenta em BH, Chico César vai interpretar 16 canções de Raul, como 'Al Capone', 'Óculos escuros', 'Sessão das 10', 'Mosca na sopa'. “Não há como tentar ser fiel, já que a música do Raul é um convite à liberdade e à auto-expressão. Interpretar Raul é interpretar a nós mesmos. Ele nos dá essa chave e nos convida a abrir a porta. Noutras vezes, sugere que chutemos a porta.” Chico César lembra-se de ouvir Raul ainda criança com 'Let me sing' no rádio. “Depois disso, vendi o disco 'Kring Ha Bandolo' numa loja que trabalhei em Catolé do Rocha. Para o cantor e compositor, toda a obra de Raul cala fundo no coração de quem viveu o fim dos anos 1970, com “um misto de melancolia e anarquia muito contundentes”.

Letuce

Letícia Novaes, vocalista da banda Letuce, era uma garota quando ouviu Raul pela primeira vez. “Ouvir um homem gritando ‘Viva a sociedade alternativa’ foi muito diferente.” Houve uma identificação imediata, já que Letícia, desde bem nova, “sabia que minha vida não ia ser padrão”. Para o show, ela e músico Lucas Vasconcellos debruçaram-se sobre o lado B de Raul. “A gente fez uma pesquisa bem doida. Era entrar no Google e procurar Raul Seixas letras. Às vezes, a gente ia pelo nome, então o repertório traz fases bem diferentes.” Entre as canções estão 'Super-heróis', 'As aventuras de Raul Seixas na cidade de Thor', 'Love is magick' e 'Tapanacara'. Mesmo assim, Letícia se impressionou nos shows em Brasília e São Paulo, quando ouvir o público cantando os lados B. E mesmo com o repertório diferenciado, o Letuce se rende aos hits. Divide com BNegão 'Sociedade alternativa' e ' Tente outra vez'.

 

Lucas Santtana
Baiano como Raul, o cantor, compositor e multi-instrumentista Lucas Santtana demorou para conhecer a fundo a obra do conterrâneo. Tinha 20 e poucos anos quando isso ocorreu. “Raul é meio como Beatles e Bob Marley. Uma hora você vai ser iniciado no universo dele.” Para o show, Lucas resolveu fazer diferente. “Como eu não queria tocar igual ao Raul, resolvi fazer versões em reggae. Por isso, escolhi músicas que têm poucos acordes para que as versões fiquem próximas do universo jamaicano. São também conhecidas, pois não faria sentido fazer versões diferentes de canções que poucos conhecem.” Lucas escolheu, por exemplo, 'Cowboy fora da lei', 'Aluga-se', 'Caminhos', 'Metamorfose ambulante'. O show deu tão certo que foram gravadas seis canções em estúdio, que serão lançadas, em 2015, em formato digital.

Programação
Sábado


17h: Vivi Seixas
17h30: Letuce
18h30: Vivi Seixas
18h45: O Terno
19h45: Vivi Seixas
20h: BNegão e os Seletores de Frequência
21h: Vivi Seixas
21h15: Zélia Duncan
22h15: Vivi Seixas


Domingo

17h: Vivi Seixas
17h30: Lucas Santtana
18h30: Vivi Seixas
18h45: Katia B
19h45: Vivi Seixas
20h: Marcelo Nova
21h: Vivi Seixas
21h15: Chico César
22h15: Vivi Seixas

 


TOCA RAUL!
Sábado e domingo, a partir das 17h, na Praça da Estação, Centro. Entrada franca. Ingressos on-line já se esgotaram. No fim de semana, haverá distribuição de 1 mil ingressos para cada um dos dias, a partir das 15h30, no local do evento. Informações: (31) 3282-5420.

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