Compositor e violonista Guinga lança o CD Roendopinho na Mostra Cantautores

Álbum reúne sambas, choros e temas jazzísticos autorais em arranjos para violão solo

por Kiko Ferreira 08/12/2014 00:13

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

RECOMENDAR PARA:

INFORMAÇÕES PESSOAIS:

CORREÇÃO:

Preencha todos os campos.
Manfred Pollert/Divulgação
Aos 64 anos, Guinga reúne novos temas e clássicos de seu repertório em disco pessoal e sofisticado (foto: Manfred Pollert/Divulgação)
Certamente não é por acaso que na capa de seu mais recente CD, Roendopinho, Guinga esteja de olhos fechados, segurando o violão com um gesto que parece completar o ar de devoção ao instrumento. Gravado em apenas dois dias de abril deste ano, no Acoustic Music Studio, na cidade alemã de Osnabrück, e lançado em agosto último na Europa, é o primeiro trabalho em que o compositor e violonista está só com seu instrumento, sem amigos, parceiros e acompanhantes.

O disco Roendopinho será lançado hoje, às 20h30, em Belo Horizonte, dentro da programação da 4ª Mostra Cautautores, no Teatro Oi Futuro Klauss Vianna, com abertura de Pedro Carneiro. Um pouco antes, às 18h, no mesmo espaço, a atração é a aula-show de Zé Miguel Wisnik, com apresentação de abertura do pianista e compositor Rafael Martini.

Modesto sobre suas habilidades, ao se considerar um músico “nada especial”, Guinga construiu com Roendopinho um álbum de 15 músicas, entre novas e antigas, que deve se ouvir em silêncio, prestando atenção aos detalhes, às harmonias ao mesmo tempo sólidas e fluidas, às melodias bem-armadas, à interpretação livre e quase solene.

Aberto com Pucciana, em que evoca a obra do erudito italiano Giacomo Puccini e introduz um vocal de boemia carioca, Roendopinho apresenta ecos de Villa-Lobos no Choro breve nº 1, traz a inspiração do jazz de Funeral de Billie Holiday,com traços de blues e lamentos de New Orleans, e Ellingtoniana, em que introduz um assovio que remete às trilhas de Enio Morricone, com o caubói saindo lentamente pela estrada empoeirada.

Mas o melhor mesmo é quando remexe o próprio baú e dá sua versão de autor para temas hoje clássicos, como Cheio de dedos, Lendas urbanas, Igreja da Penha e Picotado, com claras lições para os artistas jovens que buscam intimidade com o universo do samba e do choro e não conseguem atingir níveis de originalidade que deixem marcas e angariem respeito.

Aos 64 anos, 23 de carreira fonográfica e 12 discos lançados, o ex-dentista Carlos Althier de Souza Lemos Escobar encontra a tranquilidade necessária para estar a sós com sua obra e seu violão. E compartilhar com ele estes momentos de solidão é sorte de seus contemporâneos e futuros amantes de sua música, cheia de dedos e notas cuidadosamente escolhidaos.

4ª MOSTRA CANTAUTORES BH

Teatro Oi Futuro Klauss Vianna. Av. Afonso Pena, 4.001, Mangabeiras, (31) 3229-3131. Hoje – 18h: Zé Miguel Wisnik, com abertura de Rafael Martini. 20h30: Guinga (lançamento do cd Roendopinho), com abertura de Pedro Carneiro. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia).

MAIS SOBRE MÚSICA